Situações estressantes podem desencadear o início da doença, que por suas características pode trazer ainda mais impactos emocionais aos pacientes.
O vitiligo é uma doença cuja principal característica é o surgimento de manchas brancas na pele causadas porque os melanócitos, células responsáveis pela produção da melanina (substância que dá pigmentação à pele), começam a ser atacados pelo próprio sistema de defesa do paciente, o que enquadra a enfermidade entre as doenças autoimunes. Os pelos nas regiões afetadas também costumam ser brancos e, às vezes, há pequenas pintas pigmentadas no centro da lesão. Cerca de 1% população mundial tem o problema, e na maioria dos casos, as primeiras manchas surgem na infância ou no início da vida adulta.
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Como outros distúrbios da pele, a doença causa grande impacto social, já que, por falta de informação, as pessoas acreditam erroneamente que ela é contagiosa. Com o intuito de conscientizar a população sobre a questão, no dia 25 de junho, Dia Mundial do Vitiligo, a Sociedade Brasiliera de Dermatologia (SBD) lança uma campanha especial com a modelo Eliane Medeiros, que conta como é conviver com a doença. “Foi um processo bem doloroso, mas hoje eu consigo me aceitar da forma como sou. Eu me acho bonita, eu me acho interessante. Comecei a enxergar o meu trabalho como uma forma de transformação social. Você também pode ser feliz e bonita do jeito que você é, tendo vitiligo ou qualquer outra característica. Vitiligo não pega”, afirma.
Emoções impactam no vitiligo
O fator emocional, junto com a genética, é de fato importante quando se trata de vitiligo. “Sempre que realizamos uma anamnese acabamos encontrando algum problema de fundo emocional em quem tem vitiligo. Situações estressantes, como a perda de um ente querido, brigas familiares, demissão, entre outros traumas do dia a dia podem desencadear o início da doença”, explica a dra. Ivonise Follador, médica dermatologista da SBD.
As lesões provocadas pela doença, não raro, impactam significativamente a qualidade de vida e a autoestima. Por isso, na maioria dos casos recomenda-se o acompanhamento psicológico para prevenir o surgimento de novas lesões e obter efeitos positivos com o tratamento.
Muitas vezes, quando há agentes estressores envolvidos, a pele é um dos primeiros órgãos a sinalizar que algo não vai bem em nosso organismo. Isso porque a pele e o sistema nervoso têm a mesma origem embriológica: os dois se originam na ectoderme. Devido ao fato de compartilharem a mesma formação, exercem influência mútua, o que esclarece o surgimento de doenças que podem se agravar devido a fatores psicossomáticos, como vitiligo, herpes, psoríase, eczemas etc.
“As lesões provocadas pela doença, não raro, impactam significativamente a qualidade de vida e a autoestima. Por isso, na maioria dos casos recomenda-se o acompanhamento psicológico para prevenir o surgimento de novas lesões e obter efeitos positivos com o tratamento”, explica a dermatologista.
Tratamento do vitiligo
O diagnóstico, na maioria das vezes, é clínico, sem que o dermatologista precise de exames mais complexos, como uma biópsia. Um instrumento chamado lâmpada de Wood (luz fluorescente) ajuda, pois permite o diagnóstico de lesões pouco visíveis a olho nu. Exames laboratoriais são solicitados a fim de investigar se existem outras doenças autoimunes associadas, como as tireoidites (cerca de 30% dos pacientes também apresentam esse problema).
O vitiligo pode ser classificado de três maneiras:
- Focal: forma mais comum. As manchas aparecem em mais de um local do corpo, como rosto e mãos;
- Segmentar: manchas surgem somente em um lado do corpo;
- Generalizado: mais raro, é o tipo em que as manchas atingem quase o corpo inteiro.
Apesar de a doença não ter cura, o tratamento costuma apresentar resultados satisfatórios. “Há várias formas de tratar atualmente, como a fototerapia com radiação ultravioleta B, tratamento tópico com corticoides, tecnologias com laser”, enumera a dra. Ivonise.
Inicialmente, o dermatologista utiliza exames específicos para analisar se a doença ainda está em atividade, para então estabilizar o quadro e repigmentar a pele. É preciso paciência, pois o tratamento é demorado e as manchas costumam diminuir em um periodo que varia de seis meses a dois anos. Pode ocorrer, inclusive, regressão total dos sintomas, o que é mais comum quando as manchas se encontram no rosto e no tronco.
A especialista também alerta os pacientes para o risco de terapias milagrosas com ervas e chás naturais. “Atualmente, há muitos grupos em redes sociais que divulgam chás e plantas. Não recomendamos que o paciente inicie qualquer tipo de tratamento do gênero, pois pode haver efeitos colaterais graves. Na dúvida, primeiro sempre pergunte a um dermatologista.”
Quanto aos cuidados pessoais, os únicos que os pacientes precisam ter é se proteger do sol, com chapéus, óculos de sol e filtros solares, controlar o estresse e evitar roupas apertadas ou que provoquem atrito ou pressão sobre a pele.
Vídeo: Especialista responde 6 perguntas frequentes sobre vitiligo