Calvície: primeiros sinais surgem na adolescência

Como diria o dr. Drauzio Varella, “nem todo careca é igual”. A calvície costuma aparecer logo após a puberdade, mas pode se manifestar de formas diferentes. Entenda.

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Publicado em: 12 de agosto de 2022

Revisado em: 15 de agosto de 2022

A calvície costuma aparecer logo após a puberdade, mas pode se manifestar de formas diferentes. Entenda.

 

Uma coisa é fato: todo mundo vai ter queda de cabelo ao longo da vida. O fio cresce por aproximadamente seis anos, entra em repouso, cai e é substituído por um novo. Esse é o ciclo natural do cabelo. Acontece de forma contínua e, muitas vezes, imperceptível.

O problema está quando a queda vem acompanhada de alterações na quantidade ou na qualidade dos fios. “Está caindo mais do que vindo ou o cabelo volta de uma forma diferente”, explica a dra. Fabiane Brenner, coordenadora do Departamento de Cabelos e Unhas da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

Diferentemente do que se imagina, essa condição não é restrita a pessoas mais velhas e pode aparecer ainda na adolescência. Alguns dos fatores relacionados à perda dos fios são:

Até mesmo tratamentos com quimioterapia e gravidez podem intensificar a queda. A notícia boa é que essas são situações passageiras nas quais, uma vez resolvida a raiz do problema, os fios param de cair.

Já a alopecia androgenética é diferente. Popularmente conhecida como calvície, ela dá sinais discretos ainda na adolescência e avança progressivamente na vida adulta.

 

O que é a calvície?

“Na verdade, a calvície não é a queda de cabelo. É o fio de cabelo voltar mais fino do que era antes”, pontua a dra. Fabianna. A queda, portanto, é apenas um fator associado.

A transformação em si é causada pelo hormônio di-hidrotestosterona, o DHT. Apesar de ser um hormônio masculino, ele é encontrado tanto em homens quanto em mulheres. O DHT é responsável por definir as características masculinas, como a distribuição dos pelos, o aumento da massa muscular e a voz mais grave.

No caso da alopecia androgenética, esse hormônio provoca mudanças nos folículos capilares, deixando-os mais finos, curtos e sem pigmentação. Daí a impressão de que o cabelo está caindo, ficando mais “rarefeito”.

Esse processo começa logo após a puberdade, quando se inicia o estímulo hormonal. Só que, como a mudança é microscópica, os efeitos tendem a ser percebidos mais para a frente – em torno dos 30 ou 40 anos.

Veja também: DrauzioCast #40 – Calvície

 

É igual para todo mundo?

Homens são os mais afetados pela alopecia: cerca de 50% da população masculina com mais de 50 anos tem a condição. Entre eles, a forma mais comum é a perda de cabelo nas entradas e na coroa da cabeça. “Como se fosse aquela coroinha de padre, sabe?”, exemplifica a dra. Fabiana.

Por outro lado, 20% dos homens com calvície apresentam uma rarefação mais difusa: a distribuição é central e homogênea, afinando os fios em todo o couro cabeludo.

Tal manifestação se assemelha à das mulheres. Ainda que a doença seja menos comum e mais branda entre elas, quando afetadas, a região central no topo da cabeça é a mais atingida. “Se você lembrar do penteado da vovó, ele é ‘despenteadinho’ ali em cima, porque o meio é mais aberto”, ilustra a dermatologista.

 

Preciso buscar tratamento?

Muitos homens simplesmente aceitam as manifestações da calvície. Afinal, essa é uma herança genética e, para alguns, não é um incômodo. 

No entanto, ainda que as causas comuns da alopecia sejam genéticas, hormonais ou ambientais, a rarefação do cabelo pode ser um sintoma de problemas mais graves.

“A gente se preocupa que a queda de cabelo possa ter alguma manifestação sistêmica por trás. Em mulheres, está muito ligada a ovário policístico, acne, aumento de pelos, irregularidade menstrual e até infertilidade. Nos homens, vemos a associação com hipercolesterolemia, dificuldades no metabolismo dos lipídios e eventos vasculares, como infarto agudo do miocárdio”, elenca a especialista.

Por isso, é bom investigar. Hoje, existem diversas alternativas de tratamentos que impedem o avanço da alopecia, como medicamentos, bloqueadores hormonais e até implante capilar.

 

“Calvo de cria”: que tendência é essa?

Enquanto os mais velhos tentam disfarçar a perda dos fios, os mais jovens inventam maneiras de imitá-los. Recentemente, a moda do “calvo de cria” viralizou nas redes sociais: adolescentes cortando os cabelos de forma a imitar o visual calvo.

A dra. Fabiana vê com bom humor:

“O cabelo, historicamente, tem uma correlação com manifestações sociais e grupos de identificação. Então, eu acho que essa coisa de imitar a calvície é uma maneira de querer parecer mais maduro. É mais uma tendência, não acredito que vá perdurar por muito tempo. É uma boa moda para quem tem calvície”. 

Veja também: Letra de médica, calvície e bloco “Vraunelas”

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