Quanto tempo temos para chegar ao hospital em casos de infarto?

Paciente sendo levado na maca na emergência de hospital. SUS é o maior sistema público de saúde do mundo, mas tem gargalos

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Rapidez no atendimento a pacientes com infarto é muito importante para preservar a vida: quanto menor o tempo para chegar ao hospital, menores os danos ao coração.

 

Ao contrário do que se pode pensar, o infarto nem sempre é rapidamente identificado. Alguns dos seus sintomas mais comuns são dor no peito, falta de ar, tontura e sudorese, mas eles podem variar. Uma pequena porcentagem das pessoas que infartam nem chega a sentir dor no peito, o principal indício de ataque cardíaco.

Segundo o diretor-geral do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês, dr. Roberto Kalil Filho, quando um paciente tem sintomas sugestivos de infarto, ele deve ir imediatamente a um pronto-socorro, pois cada minuto de demora significa perda de miocárdio viável (porção de músculo do coração que assegura a circulação sanguínea).

“Quando o infarto decorre de uma oclusão total da artéria, o ideal é abrir a artéria por meio do cateterismo em até 90 minutos. Se o hospital não possuir hemodinâmica (setor ou equipe que estuda e trata problemas relacionados à circulação do sangue) e não conseguir transferir o paciente em tempo hábil, deverá submetê-lo a trombólise, procedimento que dissolve os coágulos que provocam a obstrução do vaso. Não há limite de tempo para um paciente ir ao hospital quando há um infarto, porém sabe-se que em até 12 horas há benefício em instituir um tratamento que desobstrua a artéria”, explica o médico.

Quando o paciente com suspeita de infarto chega a um pronto-socorro, ele deve informar com detalhes a dor que está sentindo, quantos episódios de dor do mesmo tipo teve anteriormente e outros sintomas, se houver

Dr. Alessandro Machado, cardiologista do Hospital Santa Catarina, reforça que, em caso de confirmação do infarto, a artéria responsável deve ser desobstruída o mais breve possível. “Quanto maior for a demora para isso, maior será a área de necrose do músculo cardíaco e, consequentemente, mais graves serão as sequelas”, afirma. Os danos podem ser irreversíveis. De acordo com o dr. Kalil, o paciente que demora muito para procurar atendimento pode ter doenças graves no futuro, como insuficiência cardíaca ou, mais agudamente, arritmias cardíacas fatais, ruptura do miocárdio, insuficiência das válvulas e insuficiência cardíaca aguda.

 

O que informar no hospital?

 

Quando o paciente com suspeita de infarto chega a um pronto-socorro, ele deve informar com detalhes a dor que está sentindo, quantos episódios de dor do mesmo tipo teve anteriormente e outros sintomas, se houver”, recomenda o dr. Kalil. Também é importante informar a idade, histórico familiar, se já infartou antes, medicamentos que usa regularmente ou que tenha usado eventualmente (como sildenafila, usada para disfunção erétil) e se fez uso de alguma droga ilícita. 

“A internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é necessária para todos que sofrem o infarto. Mas já na emergência o paciente deverá ser submetido aos primeiros atendimentos”, explica o dr. Alessandro Machado. Ele explica que o paciente também deve ser informado dos procedimentos médicos necessários nessa situação e receber orientação sobre os fatores de risco que aumentam a incidência do infarto, como hipertensão, diabetes, colesterol alto, obesidade, sedentarismo estresse e tabagismo. É importante seguir à risca as recomendações do cardiologista para evitar o risco de um segundo episódio, que é 30% maior durante os dez anos após o primeiro.

 

Veja também: O que é um infarto fulminante?

 

Atenção, mulheres

 

Os sintomas de infarto podem ser um pouco diferentes em homens e mulheres. No caso delas, às vezes os sinais não são tão claros. Além da famosa dor no peito, sintomas como queimação ou aperto no tórax, palidez e dor no estômago também podem indicar o problema, principalmente se a paciente possui fatores de risco cardiovascular prévios, como hipertensão, dislipidemia (níveis elevados de gordura no sangue), tabagismo, diabetes, história familiar e até mesmo AVC ou infarto prévios. Elas também podem sentir os sintomas clássicos de forma menos acentuada. Por isso, é fundamental dar atenção aos sinais, mesmo que sejam discretos.

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