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Perigos do emagrecimento extremo

Publicado em 21/10/2024
Revisado em 18/10/2024

Entenda os riscos à saúde e a influência da pressão estética na busca por corpos ideais.

 

A adoração à magreza, incentivada por padrões estéticos disseminados principalmente nas redes sociais, tem gerado uma verdadeira obsessão pela perda de peso rápida e drástica. Muitas pessoas se veem pressionadas a seguir tendências que romantizam o emagrecimento extremo, frequentemente promovido por influenciadores que compartilham rotinas insustentáveis e abordagens não embasadas cientificamente. No entanto, esse cenário, aparentemente inofensivo, esconde riscos graves para a saúde física e mental.

 

A romantização da magreza nas redes sociais

As redes sociais desempenham um papel central na construção de ideais de beleza inatingíveis. Influenciadores divulgam corpos que reforçam a crença de que a magreza extrema é sinônimo de sucesso e felicidade. A nutricionista Bárbara Palanca explica que “a mídia e as redes sociais impõem o corpo magro como sinônimo de perfeição, gerando insatisfação corporal e distorção da imagem, além de desencadear transtornos como ansiedade, depressão e baixa autoestima”. Essa busca incansável por aprovação social, manifestada em likes e comentários, leva muitos a recorrer a dietas radicais ou procedimentos estéticos, sem considerar os danos que essas práticas podem causar.

A educadora física e mestranda da USP, Luana Cândido, complementa, destacando que a cultura das redes sociais perpetua padrões de beleza inalcançáveis: “Esses corpos que vemos nas redes sociais muitas vezes passam por procedimentos cirúrgicos, criando uma ideia irreal de como atingir essas formas apenas por meio de dietas e exercícios. Isso gera frustração e problemas de autoimagem”. Para ela, desassociar o emagrecimento rápido de saúde é fundamental, visto que perder peso rapidamente não significa necessariamente estar mais saudável.

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Os riscos físicos do emagrecimento rápido

O emagrecimento extremo pode trazer sérias consequências à saúde física. Entre os riscos mais imediatos estão a perda de massa muscular e a desnutrição. Segundo Palanca, “com a perda repentina do peso corporal, ocorre a carência de vitaminas e sais minerais, comprometendo o sistema imunológico e funções importantes, como a oxigenação dos músculos e do cérebro”. A nutricionista também alerta para a sobrecarga no fígado e para a possibilidade de desenvolver hipoglicemia, que pode levar a tonturas e fraqueza.

Luana Cândido enfatiza que a perda rápida de peso afeta diretamente a capacidade física: “Quando emagrecemos muito rapidamente, perdemos massa magra, o que compromete atividades cotidianas, como caminhar e subir escadas, além de aumentar o risco de fraturas e lesões”. A educadora também destaca o impacto desse processo na saúde metabólica: “O corpo fica desequilibrado, dificultando a digestão e a realização de atividades físicas, o que pode, a longo prazo, comprometer a saúde cardíaca e aumentar o risco de doenças metabólicas”.

 

Impactos na saúde mental

Além dos perigos físicos, o emagrecimento extremo pode trazer danos profundos à saúde mental. A pressão para atingir um corpo ideal frequentemente leva ao desenvolvimento de transtornos alimentares, como a anorexia. “Na euforia de perder peso, muitas pessoas acabam deprimidas e ansiosas, pois não conseguem alcançar os resultados imediatos que tanto desejam”, afirma Palanca. A distorção da imagem corporal, alimentada pela comparação constante com outras pessoas nas redes sociais, contribui para a insatisfação pessoal e o sentimento de culpa.

Cândido reforça que a busca pela perda de peso rápida já é um indicativo de problemas psicológicos: “Existe uma relação direta entre esse desejo e questões de saúde mental. Quem busca emagrecimento rápido, sem acompanhamento, frequentemente apresenta sinais de transtornos alimentares e insatisfação crônica com o próprio corpo”. Ela também salienta que a cultura da comparação e o desejo pelo corpo perfeito são grandes vilões para o bem-estar emocional.

        Veja também: Transtornos alimentares: entenda como o padrão de beleza pode ser um fator de risco para anorexia e bulimia

 

Consequências a longo prazo

O impacto do emagrecimento rápido pode ser ainda mais devastador a longo prazo. Além da recuperação do peso perdido, fenômeno conhecido como efeito sanfona, essas dietas radicais alteram o metabolismo, dificultando futuras tentativas de emagrecimento. “Dietas restritivas causam perda de massa muscular e líquidos, não de gordura corporal”, explica Palanca. “Com o tempo, isso pode dificultar a manutenção do peso e comprometer o metabolismo, levando ao aumento da fome e à redução da saciedade”.

A frustração por não conseguir sustentar o emagrecimento é um dos principais danos psicológicos decorrentes dessas práticas. “As pessoas acabam se sentindo derrotadas por não conseguirem manter o resultado, perpetuando um ciclo de dietas e sofrimento”, conclui a nutricionista.

 

O caminho para uma saúde sustentável

A busca por um corpo saudável deve estar fundamentada em orientações profissionais e práticas seguras. Palanca destaca a importância de respeitar o processo natural de emagrecimento e de buscar um equilíbrio entre o físico e o mental: “O emagrecimento saudável não acontece do dia para a noite, e é indispensável o acompanhamento de profissionais que respeitem as individualidades de cada pessoa”. Cândido reforça que a adoção de hábitos saudáveis, incluindo alimentação equilibrada e atividade física consciente, é essencial para quem deseja resultados sustentáveis.

No contexto atual, em que as redes sociais podem ser uma armadilha perigosa, é crucial desmistificar a romantização da magreza e promover o autocuidado e o respeito ao próprio corpo. O emagrecimento deve ser tratado como uma jornada de saúde, não de aprovação social.

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