Não é novidade que o consumo exagerado do sal faz mal para a saúde e não é recomendado pelos médicos. Porém, excluir completamente o ingrediente da dieta também traz riscos para o organismo.
Um estudo internacional que acompanhou mais de 100 mil pessoas de diferentes países mostrou que tanto a alta quanto a baixa ingestão de sódio (componente principal do sal de cozinha) está associada a um maior risco de eventos cardiovasculares e mortalidade em comparação a níveis moderados.
“Reduções modestas de sódio são eficazes para baixar a pressão arterial. Porém, não há recomendação para uma restrição severa padrão, justamente porque os riscos e benefícios devem ser balanceados individualmente. De forma geral, o foco deve ser manter um consumo equilibrado”, explica Nathália Felix, nutróloga e membro da Comissão Científica da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran).
Riscos da ingestão insuficiente de sal
Consumir sal em quantidade muito baixa pode afetar o coração, o sistema nervoso e até a respiração. Quando o corpo percebe essa escassez, ativa o sistema que retém água e sódio para tentar manter a estabilidade. Essa compensação, porém, pode sobrecarregar a pressão arterial e, com o tempo, comprometer o funcionamento dos rins.
“É importante lembrar que, ao contrário de macronutrientes como gordura, proteína e carboidratos, o corpo não armazena o sódio, tornando sua presença diária essencial”, destaca Weruska Davi Barrios, nutricionista pesquisadora do Núcleo de Pesquisa e Estudos em Ciência, Cultura e Comida da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP).
Entre os principais riscos de excluir totalmente o sal da alimentação, estão:
- Pressão arterial baixa (hipotensão);
- Desequilíbrio de eletrólitos, ou seja, alterações nos níveis de minerais essenciais;
- Problemas nos músculos e nervos;
- Alterações no coração, como de ritmo cardíaco;
- Piora da função renal e da absorção de minerais importantes para a saúde óssea;
- Dificuldade de concentração;
- Hiponatremia (nível baixo de sódio no sangue).
“Outro ponto importante é que o sal de cozinha é a principal fonte de iodo da população brasileira. Esse mineral é essencial para o funcionamento da tireoide, responsável por regular o metabolismo e a energia. No Brasil, o sal é iodado por lei justamente para prevenir doenças como bócio e hipotireoidismo, que eram comuns antes dessa fortificação”, complementa Nathália.
De acordo com a especialista, cortar totalmente o sal sem orientação médica pode levar, com o tempo, à deficiência de iodo, principalmente em pessoas que não consomem outras fontes ricas nesse mineral.
Veja também: Proteínas em excesso fazem mal? Veja mitos, riscos e benefícios
Principais sintomas da falta de sódio
Uma ingestão muito baixa de sal pode causar sintomas como vômitos, diarreia, fraqueza, tontura, náusea e cãibras. Em situações específicas, como durante o uso de diuréticos, sudorese intensa ou exercícios longos em clima quente, a perda de sódio pode ser maior, levando, em casos raros, a confusão mental, convulsões ou até coma.
A deficiência de sal também impacta o coração, provocando queda na pressão arterial, e afeta o cérebro, prejudicando atenção, raciocínio e aumentando o risco de quedas.
A importância do sódio para o organismo
O sal de cozinha, principal fonte de sódio na dieta, é essencial para o funcionamento do corpo. Ele auxilia no equilíbrio de líquidos e no controle do volume sanguíneo, garantindo que os sistemas do organismo funcionem corretamente.
O sódio presente no sal também é fundamental para a transmissão de impulsos nervosos e para a contração muscular. Além disso, ajuda a manter a pressão arterial dentro de níveis saudáveis, quando consumido de forma moderada.
Qual a quantidade de sal recomendada por dia?
Para manter uma ingestão saudável, recomenda-se consumir cerca de 2 g de sódio por dia, o que equivale a aproximadamente 5 g de sal de cozinha. Esse total considera tanto o sal adicionado no preparo dos alimentos quanto o presente naturalmente nos alimentos ou nos produtos industrializados.
Essa recomendação é considerada segura e suficiente para a maioria das pessoas, inclusive aquelas com hipertensão.
“O equilíbrio deve sempre prevalecer. O sal é um condimento milenar, essencial nas técnicas culinárias e no sabor das preparações, desempenhando um papel protagonista na cozinha. Portanto, deve ser utilizado com moderação para cumprir sua função tanto na saúde quanto na gastronomia”, finaliza Weruska.
Veja também: Perigos do excesso de sal na alimentação | Coluna #102
 
                                            




 
                                         
                                         
                                         
                                         
                                        