O implante odontológico devolve o sorriso e a saúde da mente e do corpo, além de promover a inclusão social
A perda de um ou mais dentes pode acontecer por várias razões: acidentes, higiene precária, doenças, infecções, excesso de açúcar e falta de acesso à saúde. Por esses motivos, as tecnologias de implantes dentários têm evoluído ao longo dos anos e promovem a saúde bucal, digestiva e mental dos indivíduos. Leia o texto até o final para entender como é o processo e os cuidados necessários para uma adaptação sem complicações.
O que você precisa saber sobre implantes dentários
Os implantes dentários são dispositivos que substituem a raiz do dente. Eles são feitos de titânio: um material nobre e biocompatível. Por isso, o nosso organismo consegue reconhecer e se acostumar ao novo elemento sem gerar rejeição. A estrutura consiste em três partes: o parafuso, ou pino, inserido por meio de cirurgia; o pilar com a finalidade de conexão entre as partes; e a coroa dentária, confeccionada em laboratório de prótese.
O cirurgião-dentista Paulo Moreira explica que o processo de inclusão dos implantes dentários tem 5 etapas principais:
1. Primeira consulta
Esse é o momento em que o dentista irá entender como os dentes (ou a falta deles) influenciam vários aspectos da sua saúde. Você irá responder perguntas sobre a sua rotina, se fuma, quais medicações utiliza etc., pois essas informações servem para compor o histórico clínico. Aproveite a primeira consulta para tirar todas as dúvidas sobre os implantes, portanto, não tenha receio de conversar com o profissional.
2. Avaliação clínica e planejamento
Após o primeiro contato, o dentista irá solicitar alguns exames – como a radiografia panorâmica – que vão ajudar no diagnóstico preciso. “Vamos avaliar em quais locais foram as perdas (dos dentes) e a espessura do osso a fim de verificar se o paciente possui tecido suficiente, se precisa de enxerto ósseo”, relata Moreira. Os exames e as avaliações vão determinar quais tipos de próteses são indicados para cada situação.
3. Cirurgia
A cirurgia é realizada no consultório do dentista. O paciente recebe anestesia local e a cirurgia consiste em uma incisão da gengiva até alcançar o osso a fim de incluir o pino de titânio. Em média, a cirurgia pode durar de 30 a 50 minutos e o cirurgião irá definir o tempo de repouso mais adequado.
4. Cicatrização
A osseointegração, união entre o osso e o implante, demora de 3 a 6 meses. Esse período é necessário para assegurar que o pino fique bem alocado e firme.
5. Reabertura
A fase final consiste na instalação das coroas protéticas confeccionadas por laboratórios especializados. Depois que os novos dentes forem instalados, será necessário acompanhar a adaptação do paciente de forma detalhada. É possível instalar os implantes e encaixar as coroas de forma simultânea em alguns casos indicados pelo dentista. A técnica é chamada de “implante de carga imediata”.
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Cuidados e riscos à saúde
“A estatística mostra que, em média, a cada 100 implantes instalados, 3 são perdidos”, informa Moreira. Para garantir o sucesso do tratamento, o dentista alerta que há 3 fatores que precisam de atenção: tabagismo, higienização e qualificação do profissional.
Os fumantes têm um risco maior de perda de implantes dentários. Isso acontece porque os componentes do cigarro interferem na qualidade da integração óssea. O paciente também precisa manter a higienização de qualidade, especialmente durante o pós-operatório em que o cirurgião irá prescrever antibióticos, anti-inflamatórios, analgésicos e outras medicações necessárias para a recuperação.
O profissional irá recomendar as manobras necessárias nos primeiros dias e o tempo de repouso, explicar como é feita a higienização para evitar o acúmulo de resíduos, indicar posições para dormir. Devido à evolução das técnicas utilizadas, os relatos de dor são raros durante o tratamento.
Por fim, Moreira comenta a importância de escolher um profissional qualificado: “A própria técnica em si pode ocasionar a perda dos implantes; às vezes o material não é de ponta, o profissional pode realizar manobras errôneas”. Você pode conferir o registro profissional e a especialidade dos cirurgiões-dentistas no site do Conselho Federal de Odontologia.
Implantodontia e inclusão social
“O resgaste do sorriso devolve para a pessoa muitas coisas que ela nem imaginava que poderia alcançar: um novo relacionamento, uma vida mais plena e feliz”, declara o cirurgião-dentista Hilton Stocker. Ao longo de sua formação, o profissional percebeu que o público idoso e de origem humilde sofria bastante com a falta de acesso aos implantes dentários.
Há dois anos, Stocker conduz o Projeto Social de Implantes na Melhor Idade, na cidade de Itapevi, em São Paulo. O objetivo é traçar uma ponte entre os idosos sem condições de pagar por um tratamento e pessoas que conseguem financiar os implantes. Indivíduos em situação de rua também podem ser beneficiados. O projeto conta principalmente com o apoio de comunidades religiosas, empresários e outras organizações.
Stocker mostra que a dentadura ou a falta dos dentes pode prejudicar a qualidade de vida: “É mutilador para um pai de família comparecer à formatura da filha e não conseguir jantar, ou ir ao churrasco de família e precisar chupar a carne em vez de mastigá-la”.
Para além dos prejuízos estéticos e situações constrangedoras, o edentulismo (perda dos dentes) leva a quadros de desnutrição: “A saúde começa pela boca. Sem os dentes, o paciente não tritura o alimento. Isso prejudica a absorção das vitaminas e dos nutrientes necessários. Sem a mastigação adequada, a quantidade de suco gástrico para detonar o alimento no estômago aumenta”, finaliza Stocker.
Sobre o autor: Jhonatan Dias é jornalista independente e colabora com o Portal Drauzio Varella. Escreve principalmente sobre pesquisas em saúde, tecnologias e bem-estar.
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