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Psiquiatria

Busca pela magreza excessiva: como as redes sociais contribuem com transtornos de imagem?

Publicado em 11/12/2024
Revisado em 11/12/2024

Um padrão de corpo excessivamente magro aumenta o risco de dismorfia corporal.

 

A busca pela magreza tem se tornado uma tendência cada vez mais evidente, frequentemente reforçada pelas redes sociais. Em diferentes plataformas de vídeos, é possível encontrar pessoas associando beleza, sucesso e felicidade ao corpo excessivamente magro. No entanto, por trás desse fenômeno, que tomou um novo fôlego desde a década de 1990, é possível observar um impacto negativo considerável na saúde mental e física de mulheres e jovens, principalmente.

“A romantização da magreza extrema pode levar os indivíduos a internalizar esses padrões como verdades absolutas, gerando uma pressão para alcançar esse ideal de beleza. Isso pode aumentar o risco de desenvolvimento de transtornos alimentares, como anorexia e bulimia, e distúrbios corporais”, explica o dr. Elton Kanomata, psiquiatra do Hospital Israelita Albert Einstein (SP).

        Veja também: Transtornos alimentares: entenda como o padrão de beleza pode ser um fator de risco para anorexia e bulimia

 

O risco da dismorfia corporal

O desejo por um corpo magro e perfeito pode desencadear um transtorno de imagem ainda pouco conhecido pela população: a dismorfia corporal (ou transtorno dismórfico corporal). A condição, que também é conhecida popularmente como “feiura imaginária”, provoca uma insatisfação extrema com defeitos sutis, ou até mesmo, inexistentes na aparência. 

Geralmente, a dismorfia corporal provoca a percepção distorcida da própria imagem gerando sentimentos negativos, como ansiedade e baixa autoestima, principalmente quando a pessoa acredita que a “imperfeição” não pode ser corrigida.

Outros sinais de alerta:

  • Constrangimento e isolamento social: indivíduos podem se sentir envergonhados por suas características físicas, o que frequentemente aumenta o isolamento social. Eles evitam festas, eventos e até mesmo interações cotidianas para não serem julgados pela aparência.
  • Obsessão com a imagem corporal: a dismorfia corporal gera uma obsessão pela própria imagem, levando a comportamentos compulsivos, como o uso excessivo de espelhos, comparações constantes com os outros e busca constante por validação externa.
  • Procedimentos estéticos excessivos: muitas pessoas recorrem a cirurgias e procedimentos estéticos em excesso na tentativa de corrigir o que percebem como defeitos corporais.
  • Desenvolvimento de transtornos alimentares: a preocupação com o corpo e o peso pode levar ao desenvolvimento de transtornos alimentares, como anorexia e bulimia.
  • Consequências físicas a longo prazo: comportamentos de restrição alimentar extrema ou purgação podem causar desnutrição, desequilíbrios hormonais, problemas cardíacos e outros problemas ao corpo a longo prazo. 

 

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico da dismorfia corporal pode ser desafiador, pois muitas pessoas sentem vergonha e evitam compartilhar seus sentimentos e sintomas com amigos e familiares. No entanto, geralmente são realizados testes psicológicos detalhados, e o especialista investiga a presença de comportamentos compulsivos, como a checagem excessiva do corpo.

A dismorfia corporal tende a se tornar mais evidente após múltiplas cirurgias plásticas ou procedimentos invasivos para alterar a aparência.

O tratamento geralmente envolve psicoterapia, como a terapia cognitivo-comportamental, e, em alguns casos, o uso de medicamentos antidepressivos ou ansiolíticos para tratar os sintomas.

“Familiares e amigos desempenham um papel fundamental ao compor uma rede de apoio para ajudar no enfrentamento das dificuldades com a autoaceitação e os problemas relacionados à busca pela magreza ou corpo perfeito. É fundamental que essa rede ofereça suporte emocional, crie um ambiente acolhedor e estimule a busca por ajuda profissional”, destaca o dr. Kanomata.

 

Assista: O culto à magreza e os perigos do emagrecimento extremo

 

Como prevenir a idealização da magreza excessiva?

A idealização da magreza extrema desconsidera a diversidade corporal e representa um risco para o bem-estar das pessoas, principalmente entre os jovens, que estão em uma fase importante de desenvolvimento físico e emocional. 

Para prevenir essa romantização, é essencial promover uma mudança na percepção social sobre o corpo humano, enfatizando que a saúde vai muito além da estética.

O dr. Kanomata reforça a importância de educar crianças e adolescentes desde cedo sobre o consumo crítico de conteúdo nas redes sociais, ajudando-os a identificar imagens editadas e a compreender que nem tudo o que é postado reflete a realidade. 

“É necessário também que os pais estabeleçam limites para o tempo de tela e monitorem os conteúdos acessados. Durante a adolescência, quando as preocupações com a imagem corporal se intensificam, é um momento propício para educar sobre a relação entre imagem corporal e saúde mental nas escolas”, sugere.

Para aqueles que enfrentam dificuldades psicológicas, o especialista reforça a importância da conscientização sobre os impactos negativos da idealização da magreza, para que possam reconhecer problemas relacionados à saúde mental e buscar apoio psicológico quando necessário.

        Veja também: O preço da magreza

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