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Hepatologia

Hepatite por medicamentos: saiba quais são as causas e sintomas

Publicado em 25/07/2024
Revisado em 19/09/2024

Chás naturais, suplementos e até mesmo medicamentos prescritos por profissionais da saúde podem causar hepatite; saiba como prevenir

 

Condição que envolve a inflamação das células do fígado devido ao uso de remédios, a hepatite também pode ser deflagrada pelo uso de uma variedade de substâncias, incluindo medicamentos prescritos, ervas e suplementos. A dra. Liliana Mendes, hepatologista do Hospital Sírio-Libanês em Brasília, explica que “existem medicamentos que são mais correlacionados com hepatotoxicidade, mas também podem estar relacionados a maiores doses ou à maior susceptibilidade da pessoa a determinada substância”. Ela destaca que “as reações, na sua maioria, são idiossincráticas, o que significa que, mesmo em baixas doses ou até mesmo com um uso único, pode acontecer a lesão”.

 

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Quais medicamentos podem levar a esse quadro? 

 

Há uma gama de possibilidades. A dra. Liliana cita que “algumas substâncias são tão correlacionadas que esse efeito estará descrito em bula como potencialmente hepatotóxicos, como anti-inflamatórios, hormônios anabolizantes como testosterona, oxandrolona, manipulações contendo ervas ou hormônios, alguns antibióticos, quimioterápicos e analgésicos”.

A dra. Ligia Pierrotti, infectologista do Lavoisier, marca pertencente à Dasa, rede de saúde integrada, acrescenta que mais de 1.000 substâncias são relatadas como causadoras de lesões hepáticas. Além disso, a presença de alguns fatores aumenta o risco de hepatite medicamentosa, como idade avançada, comorbidades, doença hepática prévia, uso concomitante de mais de uma substância hepatotóxica e consumo de bebidas alcoólicas. “Fatores genéticos e raça podem determinar um risco aumentado de hepatite medicamentosa para medicamentos específicos”, explica.

 

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Sintomas e diagnóstico

 

Os sintomas da hepatite causada por medicamentos podem variar de leves a graves. A dra. Liliana observa que “alguns pacientes não têm nenhum sintoma e a situação só é descoberta por alteração em enzimas do fígado [exames de sangue alterados]”. 

A dra. Janaína Schiavon, hepatologista e gastroenterologista, professora da Universidade Federal de Santa Catarina e membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Hepatologia, complementa citando que “nos casos agudos, pode ocorrer fraqueza, enjoo, vômitos, coceira e até mesmo amarelamento dos olhos e da pele com escurecimento da urina [icterícia]. Alguns casos podem ser graves e necessitar de internação ou, até mesmo, um transplante de fígado. E casos críticos podem resultar em morte”. 

Por isso, é importante o acompanhamento médico e laboratorial, já que o diagnóstico é dado pelo conjunto de sintomas e exames laboratoriais com bioquímica hepática alterada.

 

Tratamento 

 

O reconhecimento precoce da inflamação hepática induzida por drogas é essencial para minimizar o dano ao órgão.  A dra. Ligia explica que “a primeira medida para tratar a hepatite medicamentosa é suspender o uso da substância suspeita de estar causando inflamação no fígado. Em aproximadamente 90% dos casos, os pacientes apresentam resolução do quadro de hepatite medicamentosa após suspensão do medicamento, sem outras medidas adicionais.”

Para os casos de inflamação aguda com sintomas, como citado anteriormente, o uso de medicamentos para controlar queixas como náuseas, vômitos ou coceiras pode ser necessário. Em casos mais raros, que podem evoluir para a falência da função do fígado, o paciente deve ser encaminhado para um especialista e o transplante hepático deve ser considerado.

 

Prevenção

 

O acompanhamento médico, com realização de eventuais exames, é essencial para evitar a hepatite medicamentosa. “Não se deve fazer uso de medicamentos e fórmulas disponíveis para diferentes fins sem o devido acompanhamento médico. A primeira medida para evitar a hepatite medicamentosa é usar medicamentos e suplementos prescritos pelo médico. A monitorização das enzimas hepáticas é indicada durante o uso dos medicamentos de maior risco de causar hepatite medicamentosa, e deve ser realizada conforme orientação médica”, alerta a dra. Ligia. 

“Outra medida de prevenção importante é evitar o uso concomitante de bebidas alcoólicas durante o período de uso de qualquer medicamento, sobretudo dos medicamentos mais comumente associados à hepatite medicamentosa”, acrescenta.

A dra. Janaína também alerta para o uso indevido de chás, ervas, esteroides anabolizantes e suplementos desnecessários e de produtos indicados por propaganda, parentes e amigos, uso. “É importante salientar que nem toda lesão por medicamento é causada por dose excessiva, mas consumir somente medicamentos prescritos por um médico na dosagem adequada reduz a chance de exposição à hepatotoxicidade.”

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