Fumantes passivos podem ter até 30% mais risco de desenvolver câncer de pulmão em comparação a pessoas não expostas à fumaça de cigarro e ao fumo passivo.
Que o cigarro faz mal para a saúde e aumenta o risco de câncer de pulmão, não é novidade. Mas e o fumo passivo, aquele em que você inala fumaça de derivados do tabaco (vape, charuto, narguilé) por simplesmente frequentar os mesmos ambientes que pessoas que fumam, também apresenta riscos à saúde?
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Na verdade, sim. Isso porque, segundo o dr. Carlos Gil Ferreira, oncologista torácico e presidente do Instituto Oncoclínicas, a fumaça do cigarro a que os fumantes passivos estão expostos contém as mesmas substâncias cancerígenas encontradas na fumaça inalada pelos fumantes. Assim é possível afirmar que o fumo passivo aumenta significativamente o risco de doenças, entre elas o câncer de pulmão.
“As estimativas são de que os fumantes passivos tenham um risco de 20% a 30% maior de desenvolver câncer de pulmão em comparação com não fumantes que não são expostos ao fumo passivo”, diz ele.
Quando um cigarro é aceso, somente uma parte da fumaça é tragada pelo fumante, e cerca de ⅔ da fumaça gerada pela queima são lançadas no ambiente, através da ponta acesa do produto.
“Essa fumaça que fica no ambiente contém substâncias tóxicas, como benzeno, formaldeído e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, que são inalados pelos não fumantes. A longo prazo, estas substâncias danificam o DNA das células pulmonares e podem levar ao desenvolvimento de câncer”, explica o dr. Ferreira.
Evidências científicas dos malefícios do fumo passivo
Um estudo publicado em fevereiro deste ano no “Jornal de Oncologia Torácica” e realizado pelo Centro Nacional de Câncer do Japão, revelou uma relação entre a exposição ao fumo passivo e o aumento do risco de câncer de pulmão em não fumantes.
A pesquisa analisou amostras de DNA de 291 mulheres não fumantes, das quais 213 foram expostas ao fumo passivo e 122 mulheres eram fumantes.
Os resultados do estudo mostraram que pessoas que não fumam, mas se expõem à fumaça do cigarro, têm mutações genéticas diferentes daquelas encontradas em fumantes. Essas mutações estão relacionadas a uma proteína chamada APOBEC3B, que pode promover a sobrevivência das células cancerígenas e reduzir a eficácia dos medicamentos contra o câncer. “Isso sugere que o fumo passivo poderia aumentar o risco de câncer de pulmão de maneira semelhante ao tabagismo ativo”, explica o dr. Ferreira.
Reduzindo danos do fumo passivo
No Brasil, apesar dos avanços nas políticas de controle do tabaco, a estimativa é de que 7,9% da população adulta seja exposta ao fumo passivo em casa, e 8,4% em locais de trabalho, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde.
Por isso, se você mora ou trabalha com pessoas que fumam, peça para fumarem fora, em ambientes abertos, e não permita que fumem dentro do carro. Essa é uma medida simples, mas que pode fazer diferença, já que a fumaça do cigarro pode permanecer em um ambiente fechado por até cinco horas.
Além disso, incentive-as a parar de fumar e, se for o caso, procure o apoio de um especialista para ajudar. Nessas horas, toda ajuda é essencial e trará benefícios para todos os envolvidos.
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