A identidade e orientação sexual de outra pessoa não diz respeito a mais ninguém

Drauzio Varella

Drauzio Varella é médico cancerologista e escritor. Foi um dos pioneiros no tratamento da aids no Brasil. Entre seus livros de maior sucesso estão Estação Carandiru, Por um Fio e O Médico Doente.

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Por causa do preconceito, membros da comunidade LGBTQIA+ sofrem com mais transtornos de ansiedade, quadros depressivos e pensamentos suicidas.

 

A última edição da Parada do Orgulho LGBT reuniu 4 milhões de pessoas nas ruas de São Paulo, incluindo pais e mães em apoio aos seus filhos. Há 20 atrás, isso era impensável.

Ainda assim, a comunidade LGBTQIA+ ainda sofre muito com o preconceito e a exclusão. Não à toa, os índices de transtornos de ansiedade, quadros depressivos e suicídios entre essas populações são muito mais altos do que entre a população geral. Por isso, neste vídeo, o dr. Drauzio recomenda: se for preciso, procure ajuda profissional. Cada um tem a própria sexualidade e não cabe a ninguém aceitar como vão vivê-la.

Olá, vocês devem ter visto a Parada do Orgulho LGBT, em São Paulo, com quatro milhões de pessoas. É impressionante, né? Imagina, 20 anos atrás, a gente supor que isso um dia aconteceria, né. “Não, isso vai levar cem anos pra acontecer.” E, não. Pela primeira vez, eu vi um grande número de pais e mães defendendo o interesse dos filhos.

O que acontece com quem não tem aquele comportamento normativo: homem, mulher? Toda a variação, os que não se enquadram nesses grupos extremos são violentados desde pequenos. Já na escola primária, sofrem bullying. Na adolescência é pior, são maltratados. E os que vivem em cidades menores, cidades pequenas, esses comem o pão que o diabo amassou.

E, aí, fazem o quê? Aí, migram pra cidade maior. Na cidade maior, estão sozinhos ou sozinhas, vão ter que encontrar um caminho pra levar a própria vida. E é por isso que nós temos uma quantidade muito grande, uma prevalência enorme de transtornos de ansiedade e quadros depressivos, quadros depressivos graves. O índice de suicídios nessas populações é muito maior do que aquele na população geral.

Eu acho uma manifestação importantíssima. Nós temos que entender que há pessoas com várias orientações sexuais e não se trata da gente aceitar. Nós não temos que aceitar nada, não temos que nos meter na vida dos outros. Cada um tem a sua sexualidade e vai exprimi-la da forma que ele achar que é melhor, que o satisfaz ou que a satisfaz melhor, mais. Nós, felizmente, o Brasil evoluiu nessa área. Nós, hoje, convivemos com essa diversidade sexual, ainda de uma forma muito atrasada, mas muito melhor do que vivíamos antes.

Então, se você tem uma orientação sexual que não é a da maioria e sente o peso do preconceito, tenta procurar ajuda, não fica sozinho nesse mundo ou não fica sozinha no mundo agressivo como o que nós temos. Eu acho o máximo fazer uma parada desse jeito, aí, um sucesso, sem violência, sem nada, cada um se manifestando e procurando defender o interesse de todos e, especialmente, o respeito que toda população merece.

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