Hospital, UPA ou UBS: onde buscar atendimento?

O sistema de saúde é planejado para que todos tenham o atendimento necessário, no momento necessário. Entenda como ele funciona.

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Publicado em: 1 de fevereiro de 2023

Revisado em: 1 de fevereiro de 2023

O sistema de saúde é planejado para que todos tenham o atendimento necessário, no momento necessário. Entenda como ele funciona.

 

Ao sentir um mal-estar mais intenso, é natural pensar em procurar um médico. Mas, com tantas opções de serviços de saúde, como saber onde procurar ajuda? 

Se você sempre tem essa dúvida, o guia abaixo pode ajudá-lo. 

Primeiro, é preciso entender como o sistema de saúde é organizado. Fazem parte dele as Unidades Básicas de Saúde (UBS), as Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e os prontos-socorros dos hospitais. Cada um desses serviços é organizado de forma a otimizar o atendimento médico e a priorizar as urgências, para que todos recebam os cuidados necessários naquele momento. 

Estar ciente disso é importante para saber exatamente buscar auxílio e evitar filas e superlotação nos serviços de saúde.

 

UBS

As Unidades Básicas de Saúde (UBS) são os tradicionais postinhos de bairro. O objetivo desses postos é atender até 80% dos problemas de saúde da população, sem que haja a necessidade de encaminhamento para outros serviços, como emergências e hospitais. Lá, a maior parte da equipe é composta por médicos especialistas em medicina de família e comunidade.

Leonardo Lemos Gottgtroy, médico da família e comunidade há cinco anos no Rio de Janeiro, ressalta a importância das UBS dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). 

“A UBS é a base organizacional de sistemas de saúde. No caso de um sistema tão grande, complexo e inclusivo como o SUS, é vital que haja uma rede de atenção básica bem articulada e resolutiva, para que uma parcela significativa de problemas em saúde sejam lidados localmente e com soluções de baixo custo para o sistema, reservando os recursos mais importantes para os casos que de fato necessitem deste grau de empenho da coisa pública e recursos humanos.”

Na UBS são realizadas ações de promoção, prevenção e tratamento relacionadas à saúde da mulher, da criança, planejamento familiar, pré-natal, cuidado de doenças crônicas como diabetes e hipertensão, prevenção ao câncer e tratamento e acompanhamento de infecções sexualmente transmissíveis (IST).

 

Serviços disponíveis

  • Curativos;
  • Inalações;
  • Vacinas;
  • Coleta de exames laboratoriais;
  • Tratamento odontológico;
  • Psicólogo;
  • Administração de medicação básica;
  • Encaminhamento para especialistas.

 

Procurar em caso de:

“O principal objetivo dessas unidades é oferecer atendimento para os problemas de saúde da população, quando não houver a necessidade de encaminhamento para outros serviços, como emergências e hospitais”, explica Rômulo de Almeida Torres, cardiologista dos hospitais Universitário Cajuru e Marcelino Champagnat, em Curitiba (PR).

Além disso, cada UBS é responsável por atender um determinado território. Isso quer dizer que uma pessoa que mora na Zona Leste de São Paulo, por exemplo, não vai conseguir agendar consultas em uma UBS na Zona Sul. O dr. Leonardo explica o motivo dessa divisão.

“As UBS são sempre relacionadas à localidade onde se inserem, ou seja, os pacientes cadastrados moram na localidade atendida pela unidade. Isso é uma forma de tornar os profissionais mais próximos destas famílias-pacientes, e vincular estas pessoas à unidade que é (ou deveria ser) sua primeira referência em saúde, algo fundamental para o objetivo de acompanhar todo o desenvolvimento dessas pessoas e promover saúde, prevenir e tratar doenças.”

O horário de funcionamento das UBS pode variar, mas costuma ser entre 8h e 17h, o que dificulta o atendimento da população que trabalha nesse período. Para contornar esse transtorno, já há um projeto em andamento para oferecer mais recursos às UBS que estenderem o horário de atendimento. 

O dr. Paulo Eduardo Mazzei Lerri, cirurgião-geral do Hospital Albert Sabin de SP (HAS), que atende em dois pronto-socorros, comenta o impacto do horário limitado de atendimento das UBS na rotina no PS.  

“Em geral, temos dois períodos de fluxo intenso. Por volta das 12h, no horário de almoço das pessoas (algumas UBS fecham das 12h às 13h), e outro lá para as 18h, quando as pessoas estão saindo do serviço e só então conseguem buscar atendimento. É uma rotina cansativa. Atendemos um paciente atrás do outro, sem parar, temos cerca de 15, 20 minutos para almoçar e nunca no horário convencional”, salienta.

Veja também: Como funciona o SUS?

 

UPA

Já as Unidades de Pronto Atendimento (UPA), priorizam situações que exigem atendimento médico, mas que são de complexidade intermediária. Por isso, funcionam 24 horas por dia, todos os dias da semana. 

 

Serviços disponíveis 

  • Raios-X;
  • Eletrocardiografia;
  • Pediatria;
  • Laboratório de exames;
  • Leitos de observação.

 

Procure a UPA em caso de:

  • Febre alta, acima de 39ºC;
  • Fraturas e cortes com pouco sangramento;
  • Infarto e derrame;
  • Queda com torção e,dor intensa ou suspeita de fratura;
  • Cólicas renais;
  • Falta de ar intensa;
  • Crises convulsivas;
  • Dores fortes no peito;
  • Vômito constante.

Na unidade, o paciente passa por exames e é observado para que seja realizado o diagnóstico ou a hipótese de diagnóstico. Caso seja identificada a necessidade de um procedimento de alta complexidade, o paciente é encaminhado para um hospital com Pronto Socorro. 

Veja também: Mitos e verdades sobre a febre

 

Pronto-Socorro (PS)

Embora ainda haja muita confusão, o pronto-socorro é destinado a situações de saúde graves, de alta complexidade, que exigem atendimento imediato e oferecem risco à vida. Geralmente, os pacientes são encaminhados para os hospitais pelos serviços de urgência e emergência, como Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e o Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência (Siate).

Mas, por falta de esforços para informar a população sobre o papel de cada unidade do sistema de saúde, muitas vezes os PS acabam lotados, o que obstrui o atendimento, como compartilha o doutor Mazzei Lerri. 

“Falta informação. Às vezes, a pessoa tem uma dor de cabeça leve, que pode ser resolvida com um remédio simples, que não exige receita. Ou então, tem uma diarreia e em vez de se hidratar e esperar para ver se vai passar em um ou dois dias, [vai ao PS]. Não é assim. Troca de receita, pedido de exame, teste de gravidez, nada disso é feito no pronto-socorro”, explica.

 

Quando procurar o PS:

  • Dor no peito;
  • Palpitações;
  • Dificuldade em respirar;
  • Sintomas de AVC;
  • Traumas e lesões;
  • Fraturas expostas;
  • Picadas de animais peçonhentos;
  • Febre acima de 39ºC ;
  • Reações alérgicas intensas.

Os prontos-socorros contam com equipes multidisciplinares, incluindo cirurgiões, e com todo o aparato de equipamentos necessário para lidar com os casos mais delicados. 

Ao chegar no PS, o paciente passa por uma triagem para identificar o nível de gravidade do seu caso, recebe a devida identificação e aguarda o atendimento conforme a sua necessidade. 

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