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Psiquiatria

Por que temos pensamentos intrusivos?

mulher olha pela sacada da janela. veja como lidar com pensamentos intrusivos
Publicado em 11/08/2023
Revisado em 15/08/2023

Sabe aqueles pensamentos intrusivos e terríveis que você não sabe de onde vêm e logo tenta afastar da mente? Eles costumam ser mais inofensivos do que você imagina.

 

Já aconteceu de você estar na sacada de um prédio e se imaginar jogando o celular lá de cima? Ou ver um animal fofinho na rua e, segundos depois, se pegar pensando nele sofrendo coisas horríveis? Ou ainda criar imagens sexuais na mente nos momentos mais inapropriados? Calma, não tem nada de errado com você. Esse é o fenômeno dos pensamentos intrusivos.

 

O que são pensamentos intrusivos?

“O pensamento intrusivo é toda ideia, palavra ou imagem mental que aparece de modo espontâneo e indesejado. São coisas que causam uma enorme estranheza, geralmente não correspondem aos valores da pessoa e exigem um enorme esforço para afastar da mente”, explica o dr. Luiz Scocca, psiquiatra pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP).

Eles geralmente apresentam uma natureza bizarra — sexual, agressiva, mórbida, escatológica, ilegal, etc. — e que nada tem a ver com a personalidade daquela pessoa. É por isso que muitos acham que os pensamentos intrusivos podem significar uma falha de caráter, um mau pressentimento ou a possibilidade de que a pessoa seja controlada pela mente. Mas, na prática, não é bem assim.

 

Os pensamentos intrusivos podem comandar as ações?

“Esse tipo de pensamento é normal. Pode acontecer com qualquer pessoa em qualquer momento. Você lembra e daqui a pouco passa”, tranquiliza o dr. Scocca. 

Basicamente, é apenas o cérebro provocando pensamentos inúteis ou de alerta. Por exemplo, ao passar por uma ponte e se ver caindo lá embaixo, você ativa um sistema de proteção que o deixa mais atento. Basta tomar cuidado e ignorar, que o pensamento logo se dissipa.

No entanto, em algumas pessoas, os pensamentos intrusivos se instalam. Com medo de que eles tomem conta de suas ações, as vítimas se isolam ou direcionam a agressão imaginada para si mesma. Nesses casos, é preciso procurar ajuda médica.

“Quando eles são muito intensos, repetitivos e surgem acompanhados de outros sintomas, podem estar associados a um quadro psiquiátrico que exija tratamento, como os transtornos de ansiedade, depressão e TOC”, destaca o psiquiatra.

Veja também: 7 coisas que talvez você não saiba sobre TOC

 

Pensamentos intrusivos e ansiedade

“O pensamento intrusivo em si não define um transtorno. Mas, de maneira geral, eles estão relacionados a um aumento da ansiedade”, explica o dr. Scocca.

Naturalmente, o ser humano é capaz de imaginar situações através da criatividade e da racionalidade a fim de prever o perigo e fugir dele. Em níveis normais, portanto, a ansiedade é uma ferramenta de proteção.

Mas no caso da ansiedade patológica, que pode vir a gerar esses pensamentos intrusivos, o medo é constante e inespecífico. Você já entendeu que deve ter cuidado ao atravessar a ponte, mas a imagem de uma possível tragédia continua no seu imaginário.

“E por que isso acontece? Existem teorias que relacionam o pensamento intrusivo a uma experiência ruim do passado, outras que dizem o contrário. Mas a hipótese mais aceita até o momento é a da tendência genética. Existem genes que determinam que algumas pessoas estão mais sujeitas ao aumento da ansiedade, de forma que os pensamentos intrusivos também se desenvolvam”, detalha o dr. Scocca.

É por isso que esse fenômeno aparece nos mais diversos transtornos que envolvem a ansiedade, como o transtorno da ansiedade generalizada, do estresse pós-traumático, obsessivo compulsivo, depressão, entre outros.

 

Como se livrar desses pensamentos?

Como os pensamentos intrusivos são sintomas de outros quadros psiquiátricos, o tratamento varia de acordo com o diagnóstico.

“Cada um deles tem suas características. Mas, de maneira geral, temos que intervir na tentativa de diminuir a ansiedade através de grupos de medicamentos específicos e terapia, principalmente a cognitivo comportamental e as analíticas”, afirma o especialista.

Durante as sessões, o paciente trabalha a psicoeducação com o objetivo de compreender que o cérebro pode produzir esse tipo de pensamento de forma muito real, mas isso não significa que ele irá levar a uma ação prática ou que represente uma falha de caráter.

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