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Neurologia

Falta de sono pode causar mau humor?

Publicado em 09/06/2023
Revisado em 07/06/2023

Um sono de qualidade é benéfico para a saúde, pois quando dormimos pouco podemos sofrer diversas consequências. Entenda melhor a relação entre sono e humor.

 

Não é novidade que o sono tem uma importância para a qualidade de vida, e o mau humor matinal pode ser um sinal de que não tivemos um sono reparador na noite anterior. 

Almir Tavares, psiquiatra e médico do sono e docente do Programa de Neurociências da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), destaca que “o sono é um estado neurofisiológico caracterizado pela redução, reversível, da resposta comportamental aos estímulos ambientais. Se presta ao descanso e ao restauro do organismo”. Por isso, a privação do sono pode causar distúrbios do sono, envelhecimento e ainda deteriorar muitos aspectos da saúde.

 

Relação do sono com o mau humor

Mas qual a explicação para a relação entre sono e humor? O dr. Tavares explica que dormir mal uma noite leva a uma pequena redução da capacidade de regular as próprias emoções: “Quando isso se repete por muitas noites, esse efeito se soma. Um período longo dormindo mal pode resultar numa piora do humor”, diz.

O médico do sono dá um exemplo muito claro de como isso acontece. Se o indivíduo tem um pensamento desagradável, é possível avaliá-lo, julgá-lo e descartá-lo, caso não tenha importância para ele. Porém, quando deixamos de dormir, a capacidade de nos livrarmos desse tipo de influência se reduz: “Podemos nos tornar presas de pensamentos negativos repetitivos e, a longo prazo, o humor pode ser afetado, passando a haver uma tristeza mais constante”, ensina.

É o que também explica Geiseane Arruda, educadora integrativa em saúde do sono pediátrico: “Dormir é uma daquelas coisas que na vida são inegociáveis, tanto que pessoas com insônia são mais propensas a desenvolverem problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão”, pontua. Arruda também ressalta que dormir pouco pode afetar a paciência.

O dr. Tavares concorda. Segundo ele, a privação de sono tem potencial de levar a vários tipos de sofrimentos emocionais. “Pode causar sofrimentos à saúde física, conduzindo, a longo prazo, à hipertensão arterial e a fenômenos cardiovasculares. Idosos podem vir a sofrer importantes alterações cognitivas ou ter um declínio mais rápido em problemas demenciais até então pouco exuberantes”, sinaliza.

Outra observação do especialista é que a privação de sono está associada a acidentes, como os de trânsito e trabalho e quedas de altura.

        Veja também: Meu sono piorou na pandemia. E agora?

 

A importância da higiene do sono

De acordo com estudos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 72% dos brasileiros sofrem de doenças relacionadas ao sono, entre elas, a insônia. Para ajudar na qualidade do sono, muitos especialistas têm indicado a higiene do sono. 

A higiene do sono são hábitos saudáveis que ajudam a dormir mais e ter um sono de melhor qualidade, afirma Geiseane Arruda. Entre eles estão:

  • No início da noite, diminua o ritmo de trabalho;
  • Diminua as luzes, principalmente as de LED;
  • Evite o uso de telas de uma a duas horas antes de dormir;
  • Adote técnicas de relaxamento;
  • Evite o consumo de bebidas estimulantes e alcoólicas e alimente-se de forma saudável.

O que pode contribuir para uma boa noite de sono é criar um ambiente que ajude a induzir o sono com o uso de luz baixa, de preferência incandescente de cor quente. Além disso, recomenda-se a exposição à luz natural toda manhã ao acordar.

Outra dúvida é sobre o número de horas que cada pessoa deve dormir. Embora existam indicações de acordo com cada faixa etária, Geiseane Arruda salienta: “Cada pessoa deve observar a si mesmo. Eu aconselho a ter um diário do sono para fazer anotações por um tempo sobre horários, humor e como passou o dia”, conclui.

Porém, uma estimativa geral é:

  • Crianças: até 12h;
  • Adolescentes: até 10h;
  • Adultos: de 7 a 9h;
  • Idosos: até 8h. 

Por fim, dicas que sempre são válidas, segundo o dr. Tavares:

  • Procure iniciar e terminar o sono sempre no mesmo horário, evitando a variação;
  • Evite cafeína, álcool e tabaco no final do dia (são estimulantes que prejudicam o sono);
  • Limite a ingestão de líquidos no fim do dia, para evitar ter que se levantar para micções à noite;
  • Controle os cochilos diurnos. Diversas pessoas apresentam piora do sono noturno quando dormem durante o dia;
  • O ambiente do sono precisa ser seguro e confortável. O ideal é um quarto simples e agradável. Procure eliminar ruídos e iluminação excessiva. Evite poeira e alérgenos;
  • Controle o uso de aparelhos eletrônicos à noite, particularmente crianças e adolescentes;
  • Pratique atividade física e alimente-se de forma saudável.

        Veja também: Todo mundo sonha? Entenda o que acontece no cérebro durante o sono

 

Sobre a autora: Angélica Weise é jornalista e colabora com o Portal Drauzio Varella. Tem interesse por assuntos relacionados à saúde mental, atividade física e saúde da mulher e criança.

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