Entenda a relação entre o cordão de girassol e as deficiências ocultas


Equipe do Portal Drauzio Varella postou em Psiquiatria

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Publicado em: 29/05/2024

Revisado em: 31/05/2024

Popularizado em 2016 no Reino Unido, o cordão também é usado no Brasil para sinalizar que um indivíduo tem uma deficiência invisível e pode precisar de suporte específico.

 

O cordão de girassol foi criado em 2016, no aeroporto de Gatwick, em Londres, com a motivação de agilizar o atendimento de pessoas com deficiências ocultas e para que os funcionários ficassem atentos caso houvesse necessidade de oferecer suporte ou ajudar na solução de algum problema.

O acessório começou a ganhar espaço no Brasil no começo de 2023. Em julho do mesmo ano foi sancionada a Lei nº 14.624 que instituiu o cordão de girassol como símbolo nacional para os indivíduos que possuam alguma condição oculta.

Ele funciona como um identificador silencioso que comunica ao público geral e funcionários de quaisquer setores comerciais ou de transporte, que o portador do cordão pode precisar de suporte, paciência ou simplesmente de mais tempo para realizar determinadas tarefas associadas aos serviços ou estabelecimentos em que estão no momento.

“O cordão de girassol dá um empoderamento para as pessoas na hora de ir para uma fila de banco ou de mercado, principalmente para autistas de nível 1 de suporte, em que os sinais do transtorno não são tão evidentes. Mas veja só, não é o cordão que garante a prioridade, o que garante a prioridade dele é o laudo”, complementa Paulo Messina, pai de gêmeos autistas e criador de conteúdo digital sobre o transtorno.

Apesar de facilitar a compreensão e o acesso prioritário a determinados atendimentos, o cordão não substitui a apresentação do documento de identificação da Pessoa com Deficiência (PcD) ou do laudo médico, se solicitado.

 

Afinal, o que é uma deficiência oculta?

São condições de saúde que não são imediatamente percebidas aos olhos. Elas podem incluir, mas não se limitam, ao transtorno do espectro autista (TEA), problemas auditivos, dislexia, fibromialgia, condições crônicas ou neurológicas como epilepsia e esclerose múltipla.

Essas deficiências podem ser desafiadoras de entender e reconhecer porque, diferentemente das deficiências físicas que são prontamente reconhecidas, não há sinais externos claros. “As pessoas com essas deficiências invisíveis, também enfrentam desafios únicos e podem necessitar de adaptações específicas ou de um nível extra de compreensão e empatia das pessoas ao redor”, explica o médico psiquiatra Rodrigo Silveira.

Além disso, existem diversos relatos de discriminação, preconceito e um constante sentimento de invalidação, pois muitas pessoas não acreditam ou não compreendem a gravidade de suas dificuldades.

 

Conscientização e respeito ao próximo

A conscientização sobre as deficiências ocultas é essencial para criar uma sociedade mais inclusiva e empática. Muitas vezes, a falta de conhecimento e compreensão leva a julgamentos equivocados e à falta de suporte adequado para aqueles que precisam de ajuda.

O uso crescente do cordão de girassol em diversos contextos reflete uma mudança positiva neste sentido, pois facilita o reconhecimento e a aceitação das necessidades dessas pessoas. Além disso, promove um ambiente onde se pode debater e educar o público sobre a diversidade das deficiências, combatendo estigmas ainda tão difundidos na nossa sociedade.

Campanhas de conscientização e a visibilidade proporcionada por iniciativas como a HD Sunflower são essenciais para que todos possam ter acesso igualitário a serviços, oportunidades e, sobretudo, à dignidade.

Com mais conhecimento e aceitação, é possível também diminuir as barreiras que as pessoas com deficiências ocultas enfrentam diariamente em locais públicos, escolas e em ambientes profissionais, promovendo uma sociedade onde todos têm a chance de participar plenamente, sem preconceitos ou discriminação.

        Veja também: Autismo em adultos: como lidar com o diagnóstico tardio

Sobre a autora: Gabriella Zavarizzi é jornalista especializada em conteúdos digitais. Tem interesse em assuntos relacionados a neurociências, saúde mental, autismo, TDAH e primeira infância.

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