Enurese noturna (xixi na cama) - Portal Drauzio Varella
Página Inicial
Pediatria

Enurese noturna (xixi na cama)

Enurese noturna é uma condição que afeta 15% das crianças por volta dos cinco anos; 7%, aos dez anos e 3%, aos 12 anos. A incidência é maior nos meninos do que nas meninas.
Publicado em 11/07/2014
Revisado em 31/03/2021

Enurese noturna é uma condição que afeta 15% das crianças por volta dos cinco anos; 7%, aos dez anos e 3%, aos 12 anos. A incidência é maior nos meninos do que nas meninas.

 

Enurese noturna é um distúrbio que se caracteriza pela perda involuntária de urina durante o sono, pelo menos duas vezes por semana, em crianças a partir dos cinco anos idade, que não apresentam nenhum problema orgânico no sistema urinário.  Essa condição, conhecida popularmente como “xixi na cama”, acomete cerca de 15% das crianças por volta dos cinco anos; 7%, aos dez e 3% aos 12 anos. A incidência é maior nos meninos do que nas meninas.

Sob determinadas circunstâncias, numa minoria de casos, episódios de perda de urina podem ocorrer na adolescência e na vida adulta enquanto a pessoa dorme.

 

Classificação

 

A enurese noturna nas crianças pode ser classificada em:

  • Enurese noturna primária – quando a criança com cinco anos ou mais nunca  apresentou um período prolongado de controle da urina durante o sono;
  • Enurese noturna secundária – quando, sem causa aparente, a criança volta a fazer xixi na cama depois de ter passado seis meses, no mínimo, sem molhar a cama. Neste caso, parece estar associada a acontecimentos sociais e familiares estressantes.

 

Causas

 

Vários fatores podem influenciar a perda de urina durante o sono depois dos cinco anos de idade. Entre eles, podemos destacar:

  • Retardo na maturação neurológica, responsável pelo controle dos esfíncteres;
  • Baixa concentração do hormônio antidiurético vasopressina durante a noite, o que faz o volume de urina ser maior do que a capacidade de armazená-la na bexiga;
  • Sono tão pesado que impede a criança de responder ao sinal de bexiga cheia;
  • Hereditariedade: o risco de a criança desenvolver o distúrbio aumenta em 40% se um dos pais apresentou enurese na infância. Se ambos apresentaram, a probabilidade sobe para 80%.

 

Diagnóstico

 

Quando o xixi na cama é o único sintoma (enurese monossintomática primária e secundária), o diagnóstico da enurese noturna leva em conta o histórico do paciente, o exame clinico e os antecedentes familiares.

Havendo sintomas que possam sugerir comprometimento neurológico, do sistema urinário e do funcionamento dos intestinos ou, ainda, doenças, como diabetes, e apneia obstrutiva do sono, por exemplo, (enurese não monossintomática), exames laboratoriais e de imagem são úteis para estabelecer o diagnóstico diferencial e orientar o tratamento.

 

Tratamento

 

As opções de tratamento variam de acordo com as características e necessidades de cada paciente. Como a criança pode adquirir espontaneamente o controle da micção, alguns pais preferem dar tempo para que isso aconteça, desde que seja não exista uma causa orgânica para o problema.

A vantagem do tratamento é que ele acelera o processo de cura, uma vez que o fato de fazer xixi na cama depois dos 5 anos pode representar um golpe duro na autoestima da criança. Em muitos casos, ela se torna arredia, não aceita convites dos amigos para dormir fora de casa, não viaja com os colegas da escola.  A enurese noturna pode até interferir negativamente em seu desempenho escolar.

O primeiro recurso para o tratamento da enurese é instituir mudanças nos hábitos de vida, como evitar ingerir líquidos antes de dormir, assim como evitar alimentos ácidos que possam irritar a bexiga ou aqueles que retardam o funcionamento dos intestinos.

Adultos que interagem com a criança devem ter sempre em mente que ninguém faz xixi na cama porque quer. Portanto, críticas e castigos só agravam a situação. Em vez disso, essas crianças precisam de estímulo, reconhecimento e reforço positivo, quando a roupa de cama amanhece seca.

Outro recurso terapêutico é o uso de alarmes. Eles funcionam da seguinte maneira: à noite,  colocam-se um sensor próximo aos genitais e um alarme sonoro preso na roupa na altura do ombro. Ao primeiro sinal de perda de urina, o alarme dispara, a criança acorda e vai ao banheiro fazer xixi. Além dos bons resultados que oferece, a vantagem desse aparelho é que está isento de contraindicações e de efeitos colaterais.

Alguns medicamentos promovem bons resultados no controle a enurese noturna, porque ajudam a reduzir a produção de urina. No entanto, só devem ser prescritos pelo médico que acompanha o paciente por causa dos efeitos adversos que podem promover.

 

Recomendações

 

  • Faça seu filho beber bastante água durante o dia para que seu cérebro comece a reconhecer a sensação de bexiga cheia, mas evite que ingira líquidos à noite, nem mesmo aquele copinho de leite;
  • Insista para que fazer xixi seja o último compromisso da criança antes de ir para cama e o primeiro ao levantar-se;
  • Fique atento: merece cuidados especiais a criança que volta a fazer xixi na cama, depois de superada essa fase. Ela pode estar emocionalmente insegurança por causa do nascimento de um irmão, problemas na escola ou conflitos na família.

Observação importante: Existem centros de apoio gratuitos para o tratamento da enurese espalhados pelo Brasil. Em São Paulo, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de São Paulo (HCFMUSP) oferece tratamento gratuito para crianças e adolescentes de 6 a 17 anos com enurese através do Projeto Enurese  http://www.projetoenurese.com.br/index.php

Compartilhe