Crianças com diabetes tipo 1 podem ter uma vida normal, desde que sigam algumas regras.
Nicole Lagonegro é mãe da Maria Vittoria, que tem diabetes tipo 1 desde os 5 anos. Em 2009, Nicole criou o blog “Minha Filha Diabética”, um dos primeiros a compartilhar experiências e conhecimentos de uma mãe que muda hábitos, aceita e cuida da doença. No mês em que se celebrou o Dia Mundial do Diabetes, Nicole dá 10 “dicas de ouro” para os pais que precisam cuidar de filhos com a doença. Confira:
1) ALIMENTAÇÃO
Cuide para que a criança tenha uma alimentação saudável e rica em fibras. Para as que têm diabetes tipo 1, nenhum alimento é proibido e elas não devem deixar de participar de atividades sociais que envolvam comida, como festas na escola, por exemplo. Mas são necessários bom senso e a orientação de um nutricionista. Além disso, elas não devem ficar mais de 3 horas sem se alimentar, lembrando de medir a glicemia antes de todas as refeições. Não é necessário consumir alimentos diet (no entanto, são indicadas as bebidas nessa versão). O ideal é mudar os hábitos alimentares de toda a família – todos serão beneficiados.
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2) ATIVIDADE FÍSICA
Mantenha uma rotina com atividades adequadas para a idade da criança. Os exercícios físicos têm papel fundamental no controle do diabetes e sua prática deve ser incentivada desde sempre. Se possível, mude também os hábitos familiares com relação ao exercício físico, para que todos tenham uma vida mais ativa, longe do sedentarismo.
3) HORÁRIOS
Respeite os horários das refeições e das atividades físicas. Isso ajuda a manter o controle do nível da glicemia e a evitar episódios de hipoglicemia (pouco açúcar no sangue) e hiperglicemia (muito açúcar no sangue). Preste atenção à ação da insulina e da atividade física na glicemia, especialmente durante a madrugada. Em dias de atividades mais intensas, a medição às 3h da manhã se faz necessária.
4) MEDIÇÃO DA GLICEMIA
Lembre-se de rodiziar os dedos, realizando o exame cada vez em um dedo diferente. Evite furar a parte do meio do dedo e dê preferência à lateral, que é menos dolorida. Não use álcool gel antes do procedimento. Caso não possa lavar as mãos da criança, realize o exame assim mesmo e não use nem lenço umedecido para limpá-la, pois as substâncias contidas nele podem interferir no resultado do exame.
5) HIPOGLICEMIA
Sempre saia de casa com o kit de medir a glicemia e tenha à mão alimentos para realizar possíveis correções nos índices da glicemia, como por exemplo sachês de mel, açúcar, glicose ou balas mastigáveis. Na impossibilidade de medir a glicemia, em caso de mal-estar, sempre ofereça um doce à criança. Se você não tem certeza se a criança está com hipoglicemia ou hiperglicemia, é melhor supor que ela está com hipoglicemia e corrigi-la. Ajude a criança a perceber as reações do próprio corpo e a identificar com mais clareza os sintomas de hipoglicemia. Normalmente a criança diz que está com fome ou triste, com sono ou cansada… esses podem muitas vezes ser sintoma de hipoglicemia e não devem ser ignorados. Saiba que a correção da hipoglicemia deve ser imediata. Muitas vezes não se pode aguardar a chegada do resgate , portanto é muito importante saber reconhecer a hipoglicemia e agir imediatamente.
6) HIPERGLICEMIA
Faça as correções necessárias conforme combinado com o médico e insista para a criança beber muita água.
7) PESSOAS PRÓXIMAS
Oriente o maior número possível de pessoas que convivem com a criança sobre os cuidados com o diabetes tipo 1. Forneça o máximo de informação para a escola, colegas, pais de amigos e qualquer envolvido nas atividades diárias da criança. A informação sobre a doença evita muitos problemas, especialmente com relação a sintomas de hipoglicemia e seus cuidados, pois nesse caso a pessoa precisa agir com rapidez.
8) ACOMPANHAMENTO MÉDICO
Faça consultas ao médico com regularidade e informe qualquer alteração mais significativa para que ele ajuste a dose dos medicamentos. Não espere os intervalos de consulta para fazer alterações caso a glicemia esteja sempre alta. Faça os exames de rotina com frequência e passe uma vez ao ano em outros especialistas, como oftalmologista e cardiologista.
9) TRANQUILIDADE
Trate o diabetes e seus cuidados diários da forma mais natural possível. Existem sempre adaptações a serem feitas e que normalmente afetam toda a família. É importante não crucificar nem a criança e nem seu cuidador direto. Todos devem participar e dividir os cuidados com a criança e deixá-la ser criança. Nada é proibido para a criança que tem diabetes. Não existe nenhuma atividade proibida. Elas podem fazer tudo, basta ter cuidado e atenção.
10) ATUALIZE-SE
Cuide do lado psicológico da criança e da família, instruindo cada um sobre quais suas obrigações diárias. Participe de atividades com outras crianças em grupos e associações. Esteja atento às novas tecnologias e busque saber quais são as insulinas mais modernas e as novas formas de aplicação que facilitam o dia a dia. Tome cuidado com os “mitos” e as opiniões de pessoas que não são especialistas. Tenha como fonte de orientação apenas os médicos e as pessoas que estão na mesma situação que você.