É possível ter câncer em qualquer órgão do corpo?

O câncer pode atingir qualquer órgão ou tecido do nosso corpo, mas alguns órgãos são mais frequentes devido a sua maior renovação celular.

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Publicado em: 8 de junho de 2023

Revisado em: 7 de junho de 2023

O câncer pode atingir qualquer órgão ou tecido do nosso corpo, mas alguns órgãos são mais frequentes devido a sua maior renovação celular.

 

O nosso corpo possui quase 80 órgãos e mais milhares de células. A todo instante essas células se replicam para produzir mais e mais células e garantir nossa existência. O processo de divisão celular segue um altíssimo padrão de qualidade, mas erros podem acontecer. 

As células sadias sabem exatamente como agir no organismo, ou seja, sabem como crescer, se multiplicar e se dividir, até a sua morte. Algumas células podem viver apenas algumas horas (como é o caso dos glóbulos brancos), alguns dias (como as da pele e mucosas) ou décadas (caso dos neurônios e das células musculares). De maneira sucinta, todas carregam uma espécie de “memória química” que está inscrita em seu DNA.  

O problema começa quando há alguma alteração nesse DNA, as chamadas mutações. Mas isso não ocorre da noite para o dia: é um processo lento, que demora anos para se instalar.

Nesse meio tempo, por mais que os mecanismos de defesa do organismo lutem para impedir que essas células invasoras se espalhem, e eles fazem isso a todo momento, já que, em geral, ou a mutação é reparada ou a célula morre por apoptose (morte celular programada), é importante destacar que nem sempre esse exército vai dar conta do trabalho. 

Assim, o acúmulo dessas células mutadas pode dar origem a tumores malignos. 

 

Tumores mais frequentes

O câncer pode ocorrer em todo e qualquer órgão e tecido do corpo humano. Entretanto, você deve ter reparado que a pele, a mama, a próstata e o intestino costumam ser os mais afetados. O câncer de pele não melanoma, por exemplo, é responsável por 30% de todos casos de tumores malignos registrados no país. Já o câncer de mama atinge cerca de 70 mil mulheres por ano.

Por outro lado, dificilmente ouvimos falar de tumores que atingem o músculo cardíaco: esse tipo de câncer tem uma incidência menor que 0,1%, e os diagnósticos não são sequer contabilizados pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca). 

Isso acontece por alguns motivos. A dra. Veridiana Camargo, coordenadora do Comitê de Sarcomas da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (Sboc), explica que como as células da mama, do intestino, da próstata e da boca, por exemplo, se renovam com uma frequência maior, o risco de “erros” acaba sendo maior quando comparado ao das células do músculo cardíaco. 

“Eu trato sarcomas, que são tumores que se originam nas células do tecido conjuntivo, que correspondem aos ossos, músculos e tendões e que não se renovam diariamente. Mas apesar de raro, no momento, estou tratando dois casos. Como é um centro especializado, a gente vê [casos semelhantes] com uma frequência maior”, explica. 

Por si só, o câncer no coração não causa sintomas e pode passar despercebido. O que atinge o paciente é o comprometimento de funções cardíacas pela localização do tumor.

“É um tumor que pode ser bastante agressivo, porque o paciente entra num quadro de insuficiência cardíaca, já que há um bloqueio do átrio e do ventrículo, o que dificulta a circulação sanguínea. Nem sempre dá para fazer cirurgia. Quimio e rádio nem sempre são indicadas por conta dos efeitos [adversos]. É um tumor que tem um prognóstico reservado “, complementa a médica. 

 

Fatores externos

É sempre importante lembrar que 80% dos casos de câncer estão relacionados a causas externas. E quando falamos de causas externas, estamos falando do cigarro, do álcool, do sedentarismo, etc. Somente de 5% a 10% dos casos de câncer estão relacionados a fatores hereditários. 

 A dra. Mariana Laloni, oncologista do grupo Oncoclínicas, explica como isso acaba influenciando a incidência de alguns tumores que são mais frequentes na população. 

“A radiação solar afeta mais a pele do que órgãos internos, dietas não equilibradas e obesidade aumentam a produção de hormônios que estimulam o crescimento celular, o que aumenta o risco de duplicação celular com erro (início do desenvolvimento do câncer). Não podemos esquecer também da questão hormonal. Órgãos que mais são estimulados pelos hormônios, como as mamas, têm maior risco de desenvolver a doença”, finaliza.

Por mais que não haja fórmula que garanta a prevenção de um tumor, um estilo de vida mais próximo possível do saudável ajuda a diminuir o risco de câncer. 

Veja também: Por que é tão difícil uma vacina contra câncer?

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