Os sintomas envolvem sudorese, tremores, taquicardia, tensão muscular e pensamentos negativos. Saiba mais sobre esse tipo de fobia.
É bastante comum encontrar pessoas que não se sentem confortáveis ao buscar um atendimento odontológico e até evitam as consultas por medo. No entanto, em alguns casos, o pavor dos dentistas atrapalha o tratamento e compromete a saúde bucal dos pacientes. Essa condição tem nome: odontofobia.
“As pessoas com odontofobia tendem a evitar as consultas odontológicas por períodos prolongados, ainda que percebam a necessidade de algum tipo de tratamento. Frequentemente, elas buscam atendimento apenas quando os casos se agravam, geralmente quando há dor intensa ou outras emergências. Há um medo extremo de procedimentos odontológicos, que provoca reações irracionais nos pacientes”, explica Claudio Miyake, presidente do Conselho Federal de Odontologia (CFO).
Sintomas da odontofobia
Os sintomas podem variar, dependendo das particularidades de cada indivíduo. Mas, geralmente, eles são equivalentes aos de um quadro de ansiedade: sudorese excessiva, tremores, náusea, taquicardia, elevação da pressão arterial, tensão muscular, respiração ofegante e sensação de desmaio.
Também é comum surgirem pensamentos negativos e preocupação excessiva pré-consulta, comumente associados à possibilidade de dor durante o tratamento.
Muitos acreditam que vão engasgar, vomitar ou não conseguir respirar na cadeira do dentista. E, em casos mais graves, surgem ataques de pânico e choros, o que impede que o tratamento continue.
Causas da odontofobia
O medo excessivo de ir ao dentista pode ser causado por experiências prévias traumáticas, como dor intensa ou atendimento inadequado, além do medo de dor durante os procedimentos. A sensação de falta de controle durante a consulta, com a boca aberta e rodeado de equipamentos, também contribui para o incômodo.
O ambiente do consultório, com sons altos e cheiros fortes, pode agravar o medo, principalmente para quem já tem ansiedade. A fobia também pode aumentar devido a preocupação com problemas graves, como doenças gengivais.
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O que pode ser feito?
O primeiro passo é compreender os motivos que levam o paciente à odontofobia. “A partir da avaliação de cada caso, o cirurgião-dentista poderá buscar os melhores recursos para ajudar o indivíduo a enfrentá-la de forma humana e individualizada. Atualmente, é possível utilizar recursos da odontologia digital que tornam o atendimento mais rápido e confortável para o paciente”, complementa Miyake.
Entre os recursos que podem ser utilizados, estão:
Sedação: para lidar com a odontofobia, uma opção dos profissionais é a sedação consciente. Essa abordagem utiliza uma anestesia leve que reduz o nível de consciência do paciente, aliviando o medo e a ansiedade, sem prejudicar sua capacidade de respirar ou reagir a estímulos. Dessa forma, ele permanece relaxado e apto a colaborar com o tratamento, tornando a experiência mais tranquila.
“Um de seus maiores benefícios é que o paciente pode começar a ter uma nova relação com as consultas odontológicas, reduzindo as evasões e os intervalos nos agendamentos. Muitos estudos apontam para a segurança da sedação consciente, sendo importante a capacitação contínua dos profissionais para garantir a aplicação adequada”, afirma Miyake.
Anestesia computadorizada: é uma técnica eficaz, pois administra a anestesia de forma precisa e suave, reduzindo a dor durante a aplicação. Isso alivia a ansiedade associada ao tratamento odontológico, proporcionando uma experiência mais confortável e controlada. Dessa forma, o processo se torna menos traumático para quem tem medo do dentista.
Técnicas de relaxamento: a prática de respiração profunda, meditação ou visualização guiada diminui a ansiedade tanto antes quanto durante o tratamento.
Comunicação e acolhimento: muitas vezes, o sucesso do tratamento se baseia na construção de uma relação de confiança entre paciente e cirurgião-dentista. Por isso, a comunicação aberta e a humanização são essenciais para lidar com o medo excessivo.
O especialista deve explicar detalhadamente o que será feito no tratamento e como serão realizados os procedimentos para aumentar a confiança e reduzir o medo.
Quando há necessidade de anestesia geral?
Em casos graves, com comprometimento da saúde bucal, há a indicação de atendimento em ambiente hospitalar com sedação profunda ou anestesia geral.
Dessa forma, coloca-se o indivíduo em um sono controlado, de modo que ele não tenha consciência do que ocorre ao seu redor. O atendimento em ambiente hospitalar é necessário para garantir o monitoramento constante das funções vitais do paciente, proporcionando maior segurança, especialmente em procedimentos mais complexos ou prolongados.
“Nesta situação, a anestesia é feita por médicos e o tratamento odontológico é realizado pelo cirurgião-dentista, que planeja a intervenção em sessão única, em centro cirúrgico. Depois disso, o paciente retorna para sessões de condicionamento em consultório”, explica o presidente do CFO.
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Atendimento psicológico pode contribuir com o tratamento
O acompanhamento psicológico é fundamental no tratamento da odontofobia. Os psicólogos utilizam técnicas, como a terapia cognitivo-comportamental, para ajudar os pacientes a identificar e modificar crenças irracionais e medos relacionados ao consultório odontológico.
Além disso, podem ensinar métodos de controle da ansiedade, como exercícios de relaxamento e respiração, que tornam o processo de ir ao dentista menos traumático.
A importância da consulta odontológica
Visitar o dentista regularmente previne problemas dentários como cáries e a perda de dentes, mas a importância da consulta odontológica também vai além da estética. Manter a saúde bucal é fundamental para evitar problemas graves, como infecções e até doenças cardiovasculares.
“Após estabelecer uma relação de confiança, cirurgião-dentista e paciente poderão definir quais recursos serão utilizados para reduzir o desconforto dos tratamentos, tornando o atendimento mais tranquilo. Independentemente da estratégia terapêutica a ser escolhida, o paciente deve estar de acordo e sentir-se seguro e confiante para iniciar o tratamento”, finaliza Miyake.
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