Especialista dá recomendações para o pré e pós-procedimento. Saiba mais.
O tratamento de canal dentário, também conhecido como canal ou tratamento endodôntico, é um procedimento no qual é feita a remoção do tecido pulpar (polpa dentária), em decorrência de um processo inflamatório e/ou infeccioso.
A cirurgiã-dentista Grazielle Aparecida de Sousa, especialista em endodontia e mestre em clínica odontológica integrada pela Universidade de Uberaba (Uniube), explica que para a realização do tratamento de canal dentário é necessário um diagnóstico diferencial baseado em alguns sinais. Confira quais são:
- Avaliação clínica ou sintomas (queixa do paciente);
- Exames de imagem, como radiografia periapical e/ou tomografia computadorizada;
- Testes sensitivos (térmicos e/ou mecânicos).
Grazielle relata que, em casos de processos inflamatórios, inicialmente o paciente começa a ter episódios dolorosos agudos provocados por estímulos térmicos, como quente e frio, e que demoram a cessar mesmo após o fim desses estímulos. “Em evolução, esses pacientes passam a ter dor espontânea, latejante, excruciante que não cessa com medicamentos (analgésicos/anti-inflamatórios). A dor pode aumentar ao fazer atividade física ou ao deitar, devido ao aumento da circulação sanguínea no local”, pondera a dentista.
Quando há infecção, o quadro pode ser assintomático. Nesse sentido, um exame radiográfico de rotina pode apresentar uma área radiolúcida, região onde a radiação não sofre obstáculo para atravessar, localizada no final da raiz do dente.
De acordo com Grazielle, o procedimento pode identificar também uma modificação da cor do dente. “No futuro, o paciente pode apresentar uma parúlide, que é um ponto de pus na gengiva. Em casos mais graves, apresenta também dor com presença de abcessos intra ou extraorais. Estes também conhecidos como uma infecção bacteriana que causa acúmulo de pus no dente”, completa.
Como é feito o canal dentário?
A partir do diagnóstico, é definido em qual dente será realizado o canal. Logo após, a câmara pulpar (região viva do dente) é acessada. Com isso, o profissional desgasta as regiões do esmalte, uma camada que envolve o dente, e a dentina, uma outra camada que envolve o próprio esmalte.
Em seguida, com o acesso aos canais radiculares, conhecidos como os tecidos que sustentam a passagem dos vasos sanguíneos, fibras e nervos na boca, é feito o procedimento de odontometria. Grazielle explica que o procedimento é realizado com instrumentos destinados para analisar e retificar esse tipo de canal, as limas endodônticas. O objetivo é medir o comprimento do dente.
A partir disso, é feita uma limpeza do sistema dos canais radiculares. “Em alguns casos é necessária a utilização de medicação local (intracanal) por média de 15 dias, para em seguida ser realizada a obturação (preenchido com material) do canal”, orienta a dentista.
Recomendações para o pré e pós-procedimento do canal dentário
Em pacientes que não apresentam nenhuma alteração sistêmica, não há recomendação pré-operatória.
Para casos de pacientes cardíacos ou com evolução aguda de uma infecção na polpa do dente, Grazielle lembra da necessidade de uso de antibiótico. “É preciso realizar um protocolo de profilaxia antibiótica, sendo o medicamento de eleição a amoxicilina de 500 mg, um comprimido antes do procedimento”, completa.
No pós-operatório, em condições normais, o paciente é instruído a fazer uso de analgésico e/ou anti-inflamatório, por média de 2 a 3 dias, se houver dor causada pelo ato cirúrgico de remoção da polpa. Em condições específicas, como as já citadas em pacientes cardíacos e também em casos de infecção aguda, deve-se continuar com o uso do antibiótico por média de 7 dias, além dos medicamentos para dor.
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