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Aftas: como aliviar a dor e quando buscar atendimento

Saiba quais fatores podem ter relação com a ocorrência de aftas e o que fazer quando elas aparecem. 
Publicado em 02/12/2022
Revisado em 14/12/2022

Saiba quais fatores podem ter relação com a ocorrência de aftas e o que fazer quando elas aparecem. 

 

As aftas são pequenas lesões que surgem na mucosa bucal, nas gengivas ou na parte de baixo da língua. Sua origem ainda é desconhecida, mas sabe-se que existem fatores desencadeantes que podem variar de pessoa para pessoa. Os mais comuns são estresse, trauma mecânico local, consumo de alimentos cítricos ou condimentados e histórico familiar. 

O principal sintoma é a dor local, que pode ser bem incômoda. Além da dor, a pessoa pode ter dificuldade de fala, mastigação e deglutição. Em alguns casos, também pode ocorrer uma linfoadenopatia regional – o aparecimento de ínguas (gânglios) -, que são inchaços dos linfonodos, órgãos de defesa do organismo.

“A afta caracteriza-se clinicamente como uma úlcera, causando a perda da proteção da mucosa da boca naquela região, onde as bactérias locais tentam invadir o organismo que, para se defender, estimula vários mediadores inflamatórios de defesa e reparação, causando essas ínguas na região do assoalho da boca e, às vezes, do pescoço”, explica o Celso Lemos, cirurgião-dentista e membro da Câmara Técnica de Estomatologia do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (Crosp). 

 

Relação com outras doenças

A afta pode estar relacionada à presença de algumas doenças sistêmicas, como deficiências nutricionais, infecção pelo HIV e doenças raras, como síndrome de Behçet, neutropenia cíclica, síndrome PFAPA, síndrome de Reiter, síndrome Sweet e síndrome MAGIC. 

“Na maioria dos pacientes, as aftas se apresentam como um problema da boca sem relação com outras doenças. Porém, mais raramente, podem estar relacionadas a outros problemas gerais, por isso a importância da investigação do estado sistêmico, ulcerações genitais, problemas de pele, distúrbios gástricos e medicamentos que o paciente faz uso no momento”, afirma o especialista.

Segundo ele, pacientes com episódios frequentes de aftas devem buscar atendimento médico e ser investigados com exames laboratoriais. “Ter aftas em determinados períodos da vida é absolutamente normal, não é normal ter múltiplas aftas novas toda semana e nem aftas que durem mais de 15 dias. Como recomendação geral, qualquer ferida da boca, seja afta ou não, que permaneça na boca por mais de 15 dias deve ser examinada pelo profissional de saúde, que pode ser um médico ou um cirurgião-dentista, que se necessário poderá encaminhar o paciente a um profissional especializado”, esclarece. 

Em relação à baixa imunidade, o especialista explica que alguns pacientes afirmam ter essa característica principalmente por conta do estresse, que é um dos fatores desencadeadores das aftas. Porém, não é possível relacionar baixa imunidade e estresse sem exames mais específicos. 

“As aftas do tipo menor, mais comuns, raramente têm essa característica [de estarem relacionadas à baixa imunidade]. Outras manifestações que se confundem com aftas podem ocorrer em pacientes imunossuprimidos por doenças como a aids, ou em pacientes em tratamento de cânceres com radioterapia, quimioterapia ou imunoterapia.” 

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Tratamentos e cuidados nos casos de afta

A maioria das aftas, que tem até 1 centímetro de diâmetro, desaparece entre sete e 14 dias. As maiores podem demorar cerca de 30 dias para sarar, mas esse tipo é bem mais raro. O diagnóstico é feito com base no exame clínico detalhado, e o tratamento em geral é focado no controle da dor. O tratamento medicamentoso será orientado conforme a intensidade das crises de aftas e os resultados de possíveis exames complementares.

“Existem medicações que podem ser prescritas no ambulatório, sem maiores efeitos colaterais, e outras que necessitam de acompanhamento e exames frequentes, devido aos efeitos colaterais. Mas, felizmente, essa posologia medicamentosa está reservada apenas para pacientes com manifestações graves da doença”, afirma o cirurgião-dentista. “Não recomendamos o uso de medicamentos tópicos quelantes, ou seja, aqueles que destroem a superfície da afta transformando-a em um úlcera química, que apesar de apresentar menos dor pode demorar mais tempo para cicatrizar.”

Segundo o especialista, não existe um tratamento melhor para as aftas porque a causa continua desconhecida. Mas a maioria dos pacientes sente uma melhora dos sintomas com o uso de corticoides tópicos e de bochechos antisépticos. “Outras alternativas de tratamento podem trazer algum conforto, como o uso da laserterapia de baixa intensidade, que é realizada pelo cirurgião-dentista, devido ao seu efeito analgésico e antiinflamatório”, explica. 

Em casa, a orientação é evitar o consumo de alimentos condimentados e que exigem muito tempo de mastigação. Também é importante manter uma boa higiene bucal, com escovação e uso de antissépticos. Existem muitas receitas caseiras populares, mas elas não têm evidência clínica de eficácia. Algumas podem funcionar para uma pessoa, mas em geral não funcionam para outra. 

 

Como prevenir?

Para prevenir a ocorrência de aftas, a recomendação é evitar ou pelo menos reduzir os fatores desencadeantes, se possível, como trauma mecânico, estresse, hipersensibilidade e uso de medicamentos que desencadeiam o problema. Pessoas que geralmente têm aftas após o consumo de frutas cítricas como abacaxi e laranja também devem evitar o consumo desses alimentos. 

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