Saiba quais as causas, as complicações e os tratamentos indicados nos casos de bruxismo.
O bruxismo é uma disfunção caracterizada pelo ranger ou apertar dos dentes. A condição afeta cerca de 40% da população brasileira, segundo informações da Associação Brasileira de Odontologia (ABO). O problema atinge adultos e crianças. Porém, algumas pessoas não sabem que têm bruxismo, muitas vezes porque sequer percebem o ato de ranger ou apertar os dentes, e/ou porque só o fazem enquanto estão dormindo.
Mas o bruxismo pode causar sintomas muito incômodos, como dor de cabeça, dor e zumbido no ouvido, dor na mandíbula e nos músculos da face. Em alguns casos, também pode acarretar problemas dentários. Por isso, é importante buscar ajuda para amenizar o problema. Abaixo, separamos algumas dúvidas comuns sobre o tema. Leia:
1. O que causa o bruxismo?
Segundo a dra. Paula Machado, cirurgiã-dentista e secretária da Câmara Técnica de Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), existe uma série de fatores que podem estar associados ao desenvolvimento do bruxismo. Esses fatores podem ser genéticos, físicos ou psicológicos.
Entre os mais comuns estão condições como estresse e ansiedade, mas existem outros fatores associados como uso de medicamentos, uso de drogas recreativas, uso de protetores bucais ou aparelhos ortodônticos e má oclusão (alinhamento irregular dos dentes).
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2. O bruxismo também ocorre durante o dia?
É muito comum vermos casos de pessoas que rangem os dentes apenas enquanto dormem. Mas o problema também pode acontecer durante o dia. Nesse caso, é chamado de bruxismo de vigília (vigília é o nome dado ao período em que estamos acordados). O bruxismo durante o sono é chamado de bruxismo do sono ou noturno.
Em geral, o ranger dos dentes acontece mais durante à noite, enquanto o apertar ocorre mais durante o dia. “O simples ato de manter os dentes encostados já caracteriza bruxismo, uma vez que [em situação normal] apenas encostamos os dentes no final da mastigação e deglutição”, explica a especialista.
3. Pessoas com ansiedade têm maior risco de desenvolver o problema?
Segundo a dra. Paula, nos últimos 20 anos, vários artigos científicos têm demonstrado a relação entre bruxismo e condições psíquicas como ansiedade, depressão e estresse.
Além disso, os resultados indicam que também existe uma associação entre quadros de depressão e ansiedade mais graves com uma maior prevalência do bruxismo de vigília.
Em resumo, pessoas que têm ansiedade, depressão ou estresse têm maior tendência para desenvolver a condição.
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4. Quais complicações o bruxismo pode causar?
Ele pode causar complicações principalmente relacionados aos dentes – como fraturas, fissuras, desgastes, dores de dente e movimentação dentária – e estruturas adjacentes, como inflamações na gengiva.
O problema pode, inclusive, levar à necessidade de canal. “O bruxismo é uma força excessiva que é realizada sobre os dentes e estruturas de suporte. A força pode ser tamanha que causa uma reação inflamatória irreversível no nervo do dente ou canal, necessitando que o mesmo seja tratado”, afirma a especialista.
Algumas das complicações podem até causar perda total do dente.
Ainda segundo a cirurgiã-dentista, o ranger ou apertar dos dentes e outros hábitos parafuncionais (sem função) – como roer as unhas e mascar chicletes, por exemplo – podem causar dor muscular, dor ao mastigar, ao abrir e ao fechar a boca, na região das têmporas (músculos de mastigação), e dor na região da articulação temporomandibular (ATM) e, em alguns casos, a uma disfunção da ATM.
5. O problema tem cura?
Infelizmente, o bruxismo não tem cura, mas sim controle. E para controlar essa condição, existem diversas opções, como tratamento cognitivo comportamental (que inclui medidas para ter consciência do hábito e ajudar a parar com ele, como colocar um lembrete no celular para observar se está apertando os dentes, por exemplo); placas estabilizadoras para o sono; dispositivos de para bruxismo de vigília; estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS); ultrassom; fisioterapia; e toxina botulínica A.
“É importante buscar um cirurgião-dentista especialista em DTM/DOF (Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial) para indicar o tratamento mais adequado”, finaliza a dra. Paula.
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