Expectativa de vida é menor em pessoas com mais gordura abdominal, concluem diversos trabalhos publicados nos últimos anos.
Acumular gordura no abdômen é perigoso. Essa é a conclusão de diversos trabalhos publicados nos últimos anos.
Tradicionalmente, o grau de obesidade tem sido avaliado por meio do Índice de Massa Corpórea (IMC), obtido dividindo-se o peso pelo quadrado da altura. O peso é considerado saudável, quando os valores do IMC ficam entre 18,5 e 24,9 kg/m2.
A principal limitação com o IMC é que não permite separar indivíduos com constituição mais robusta, mais musculosos e com ossos mais pesados, daqueles com mais tecido adiposo.
Veja também: Obesidade, uma doença?
Em 2012, pediatras do Sick Childrens Hospital, de Toronto, publicaram um inquérito realizado entre 4.884 estudantes de 14 a 15 anos de idade, no qual calcularam o IMC e a relação existente entre a circunferência abdominal e a altura do adolescente.
Relações entre circunferência abdominal e altura abaixo de 0,5 foram consideradas normais; elevadas, quando acima de 0,6.
Houve associação significante entre a relação circunferência abdominal/altura e a prevalência de hipertensão arterial, colesterol e triglicérides elevados. O IMC não guardou relação tão direta com esses parâmetros.
Em 2013, foi publicada no “Journal of the American College of Cardiology” uma pesquisa que partiu de um banco de dados com 15.547 portadores de doença coronariana, participantes de cinco estudos realizados em três continentes. A média de idade era de 66 anos.
Num período médio de 4,7 anos, ocorreram 4.699 mortes. A sobrevida mais baixa foi encontrada entre aqueles com mais gordura concentrada no abdômen, medida pela relação: circunferência do abdômen/circunferência da bacia (CAB).
Por exemplo, pessoas com IMC = 22, portanto na faixa de normalidade, mas com relação CAB igual ou maior a 0,98 apresentaram risco de morte mais elevado do que aquelas com o mesmo IMC, mas com CAB abaixo de 0,89.
A conclusão é clara: estar com o IMC na faixa acima do peso ou de obesidade não eleva a mortalidade na ausência de obesidade central.
Mesmo entre os obesos, a relação foi mantida. Naqueles com IMC = 30 e CAB igual ou maior a 0,98 a mortalidade também foi mais alta do que no grupo com o mesmo IMC, mas com CAB igual ou abaixo de 0,89.
Em 2014, pesquisadores da Mayo Clinic publicaram uma análise de 11 coortes que envolveram 650 mil participantes, acompanhados por um período médio de nove anos.
Houve uma relação linear entre mortalidade e circunferência abdominal (CA). Nos homens com CA maior ou igual a 110 cm, o risco de morte foi 50% mais alto do que naqueles com CA igual ou abaixo de 90 cm.
Nas mulheres com CA igual ou maior do que 95 cm o risco de morte foi 80% mais alto do que naquelas com CA abaixo de 70 cm.
Para cada incremento de cinco centímetros na CA a mortalidade aumentou 7% nos homens e 9% nas mulheres.
A diminuição da expectativa de vida entre aqueles com CA mais alta, comparados aos de CA mais baixa, foi de aproximadamente três anos para os homens e cinco anos para as mulheres.
A conclusão é clara: estar com o IMC na faixa acima do peso ou de obesidade não eleva a mortalidade na ausência de obesidade central.