Sexo na menstruação: saiba o que pode e o que não pode

Período pode provocar aumento de libído e tornar o sexo mais prazeroso. Veja mais.

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Publicado em: 28 de outubro de 2022

Revisado em: 28 de outubro de 2022

Período pode provocar aumento de libído e tornar o sexo mais prazeroso, mas exige cuidados. Saiba quais.

 

Apesar de ainda ser considerado polêmico, o sexo durante a menstruação não é contraindicado. Pelo contrário, a prática é benéfica quando realizada com segurança, uma vez que a líbido pode aumentar nesse período, assim como a sensibilidade da região íntima e de outras zonas erógenas. 

Já falamos por aqui como funciona o ciclo menstrual. E o que a libído e o sexo têm a ver com isso? Bom, tudo. Os hormônios liberados durante o ciclo impactam diretamente na vontade de transar, na lubrificação, etc. Claro, é importante lembrar que, não importa o quão “preparado” o corpo esteja para o ato sexual, o sexo deve ser sempre encarado como uma escolha. Nesse caso, se há um desejo de se relacionar sexualmente durante a menstruação, a experiência pode ser ainda mais prazerosa do que em outros períodos. 

Dra. Carla Iaconelli, ginecologista especialista em reprodução humana, complementa. 

“O ciclo menstrual existe por um motivo: liberar o óvulo e preparar o útero para receber um embrião. O estrogênio, que é o hormônio sexual produzido pelo folículo, tem o seu crescimento progressivo até a ovulação. Por isso, quando se está quase ovulando, quando há bastante muco, é quando a vontade de ter relações sexuais aumenta. Depois da ovulação, a tendência é que a libido diminua.”

 

Cuidados necessários

Em geral, o sexo durante a menstruação é uma relação como qualquer outra. O único ponto de atenção é o risco aumentado de transmissão de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), facilitado pela presença do sangue e a troca de fluídos, mas é possível contorná-lo com o uso da camisinha ou do disco menstrual, tipo de coletor desenvolvido justamente para a prática sexual.

“O sangue pode transmitir doenças infectocontagiosas como HIV, hepatite B e C, HTLV, entre outras. Então, deve-se tomar cuidado para não ter contato com lesões do outro parceiro, já que caso haja uma lesão aberta, esse risco de infecção aumenta. A gente orienta o uso de métodos de barreira como a camisinha interna ou externa. Se usar uma, não use outra, para evitar fissuras pelo atrito do látex”, orienta a ginecologista. 

Veja também: Camisinha de posto: ela é realmente pior do que as de marca?

 

Sexo oral: pode ou não pode?

Pode! Mas, como o contato com o sangue é quase certo, o ideal é higienizar a região íntima antes da prática. Dependendo do fluxo, é possível que a área externa e os grandes lábios não contenham sangue, que fica restrito ao interior da vagina. 

A psicóloga e especialista em terapia sexual Gabriela Vitor dá dicas de como se proteger nesse momento. 

“Não há tantas opções para sexo oral em vaginas, então é preciso trabalhar a criatividade, mas com segurança. Uma opção é pegar uma camisinha (interna ou externa), cortar ao meio e colocar sobre a vagina e o ânus, com o lado lubrificado voltado para quem vai fazer o sexo oral.”

Caso você não tenha uma camisinha disponível, ou por motivos específicos não queira usar, é possível optar pelo dental dam, um acessório originalmente utilizado por dentistas, mas recomendado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) para a prática de sexo oral vaginal. A ideia é utilizá-lo da mesma forma que a camisinha cortada, colocando-o sobre a vagina para que ele exerça a função de barreira. 

 

Benefícios 

Transar na menstruação pode trazer vários benefícios, já que o corpo experimenta uma verdadeira avalanche de hormônios. Entre esses benefícios estão a facilidade de lubrificação por conta do próprio sangue e o alívio das cólicas. Gabriela Vitor destaca outros pontos que podem ser aproveitados. 

“Durante o sexo, os hormônios da felicidade (dopamina, serotonina, ocitocina e endorfina) são liberados e proporcionam o bem-estar, relaxamento, diminuição das dores, melhoram o humor também. Há ainda o plus de que, durante o orgasmo, o útero se contrai e relaxa em seguida. Esse movimento ajuda a expulsar o sangue menstrual, encurtando o período menstrual.”

Além disso, se você tem vontade de experimentar algo novo no sexo, esse pode ser o momento ideal, destaca a psicóloga. “Essa é uma fase excelente para explorar o prazer, porque algumas partes do seu corpo ficam mais sensíveis, como os seios, por exemplo. Explore com carinho, para compreender o prazer além das genitálias.”

Veja também: Coisas que acontecem no corpo durante a menstruação: o que é normal?

 

Transei menstruada e tive cólicas depois. E agora?

Não há motivo para preocupação. Como o sexo estimula as contrações no útero, a cólica pode ser comum. “A cólica pode acontecer por causa da contração do útero durante o ato sexual, ou após o orgasmo, devido a liberação da ocitocina, responsável justamente por essas contrações musculares uterinas. De qualquer forma, é sempre bom averiguar como está a saúde do seu útero. Pessoas com endometriose, por exemplo, podem sentir cólicas após o ato sexual, durante a menstruação, antes do período ou depois”, salienta a especialista em terapia sexual.

É preciso lembrar também que a cólica nem sempre é desencadeada pelo sexo em si, uma vez que é um sintoma comum do período menstrual, como relembra a dra. Carla. 

“Pode-se sentir cólica ao transar durante a menstruação porque é comum apresentar cólica nesse período. O útero apresenta contrações aumentadas a fim de eliminar o endométrio que está no interior, então pode ser que [o ato sexual] aumente a cólica.”

 

Dá para engravidar durante a menstruação?

Respondendo de forma prática, não. De acordo com as especialistas consultadas, isso é quase impossível, embora exista uma possibilidade baixíssima. O que pode acontecer com mais frequência é a confusão entre o sangramento da ovulação e a menstruação em si.

“Temos relatos de pacientes que engravidaram quando estavam sangrando. Só que sem identificar o motivo desse sangramento. A paciente pode ter identificado como menstruação, porém, muitas vezes não era. Isso é muito raro, praticamente impossível. Mas, claro, na medicina a gente nunca pode falar cem por cento”, esclarece a ginecologista. 

De qualquer forma, vale reforçar que o uso de preservativos previne não apenas a gestação, mas também a transmissão de infecções sexualmente transmissíveis, como mencionamos aqui. Explore sua sexualidade e desfrute do prazer que o sexo na menstruação pode proporcionar, mas não esqueça de fazer isso de maneira segura.

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