Saiba quais são os tipos de mastite, os principais sintomas e como funciona o tratamento.
A mastite é a inflamação dos tecidos da mama, normalmente acompanhada de infecção. É mais comum nas mulheres que amamentam, principalmente no início da aleitação, entre a segunda e a quinta semana pós-parto. Isso acontece porque é mais comum a pega inadequada do mamilo pelo recém-nascido, o que pode causar fissuras e ferimentos, além da ingurgitação mamária – popularmente conhecida como empedramento –, que é causada pela produção excessiva de leite, que acaba ficando retido nas mamas.
Segundo a dra. Daniele Duarte, ginecologista e mastologista pela Universidade de São Paulo (USP), o desmame é outra fase que apresenta maior risco de mastite, porque a ingurgitação também é mais comum nesse período. Isso não significa que a mastite não possa aparecer em outros momentos, inclusive após anos de amamentação, mas o risco é maior no início e no fim.
Os principais sintomas de mastite são inchaço da mama acometida, vermelhidão, dor e calor local. “Frequentemente as mastites acometem apenas uma das mamas. A mulher pode perceber um abaulamento amolecido e doloroso (no caso da formação de abscessos). Casos mais avançados podem levar a drenagem espontânea de pus para a pele (processo que chamamos de fistulização). Quadros graves incluem também sintomas de infecções graves, como febre, perda de apetite, náuseas e vômitos”, afirma a médica.
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Tipos de mastite
Existem dois tipos de mastite, a aguda e a crônica, e cada uma tem causas diferentes.
As mastites agudas são de curta duração – menos de 30 dias –, sendo que o subtipo mais comum é a chamada mastite puerperal ou lactacional, que ocorre nas mulheres que estão amamentando. É causada pela estase do leite (acúmulo de leite nas mamas, quando ocorre o ingurgitamento mamário) associada às fissuras mamárias.
“As fissuras representam portas de entrada para os germes da pele adentrarem a mama e encontrarem espaço para proliferar, levando ao quadro infeccioso. Mais raramente, as mastites agudas podem ser causadas por ferimentos da pele, como coçaduras e cortes que afetem a integridade da pele, deixando os tecidos profundos expostos à infecção”, explica a especialista.
Já as mastites crônicas são de longa duração, com sintomas que duram mais de 30 dias, algumas vezes com surgimento de abscessos e fístulas na pele. “Podem ser causadas pela mesma bactéria da tuberculose, pelo vírus do herpes zoster e até mesmo pelo agente da sífilis. Além dessas infecções, existem condições outras que favorecem a inflamação da glândula mamária sem um agente infeccioso específico, como acontece na mastite periareolar recidivante, causada por tabagismo e diabetes.”
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Como funciona o tratamento
O tratamento da mastite na amamentação é feito com o uso de medicamentos para dor e antibióticos para combater as bactérias responsáveis pelo quadro, por um período que geralmente dura de 7 a 14 dias. “É importante manter a amamentação e realizar massagens delicadas em direção ao mamilo, como forma de tratar o ingurgitamento mamário. No caso de surgimento de abscessos mamários, a drenagem cirúrgica é obrigatória, e frequentemente a mulher precisa ficar internada para receber antibióticos endovenosos”, esclarece a dra. Daniele.
No caso das mastites crônicas, os cuidados são quase os mesmos, com a diferença de que, nesses casos, não há o ingurgitamento. O uso de antibióticos e outros medicamentos específicos – como os usados para tratar tuberculose no caso de mastite causada por esse agente, por exemplo – pode ser necessário.
“Um detalhe importante é que não poucas vezes o câncer de mama avançado – chamado inflamatório – pode ser erroneamente diagnosticado como mastite. Por isso, na mínima suspeita de se tratar de câncer e não de infecção, uma biópsia mamária será necessária”, alerta a médica.
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É possível continuar amamentando?
Segundo a especialista, não apenas é possível, como recomendado manter a amamentação durante o tratamento da mastite, pois isso ajuda a tratar o ingurgitamento. A única situação em que a amamentação deixa de ser indicada é quando ocorre a saída de pus pelo mamilo da mama afetada. Mesmo assim, a mulher pode continuar amamentando na mama saudável.
“Os antibióticos escolhidos para o tratamento são totalmente compatíveis com a amamentação e não oferecem riscos para o recém-nascido.”
Prevenção das mastites
No caso da mastite aguda, a recomendação é evitar o ingurgitamento mamário, diminuindo os intervalos entre as mamadas sempre que observar que a mama está mais cheia, fazendo massagens e ingerindo muitos líquidos.
Além disso, é preciso observar como está a pega do bebê, para evitar ferimentos nos mamilos, e cuidar das fissuras para que tenham a cicatrização completa (pode-se buscar medidas cicatrizantes para ajudar, como o laser).
“Vale lembrar ainda de cuidados gerais para evitar as mastites crônicas, como não espremer ou coçar a pele das mamas, interromper completamente o tabagismo e controlar bem o diabetes, se o tiver”, finaliza a médica.
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