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Gravidez psicológica: o que é, por que acontece e como tratar

Mulher com mão na cabeça em frente a parquinho infantil. A pseudiciese, chamada de gravidez psicológica. provoca sintomas físicos de uma gestação e necessita de tratamento multidisciplinar
Publicado em 30/11/2022
Revisado em 01/11/2024

A gravidez psicológica (pseudociese) provoca sintomas físicos de uma gestação e necessita de tratamento multidisciplinar

 

A gravidez psicológica acontece quando a mulher acredita que está grávida, apresenta alguns sintomas que indicam uma gestação, mas os exames de sangue e ultrassom mostram que ela não está. 

A condição, que também é chamada pelos médicos de pseudociese, é considerada rara e sem razões biológicas, na maioria das vezes. 

“É um distúrbio psicológico em que as mulheres não grávidas têm uma convicção ou crença de que estão gestantes. Elas passam a desenvolver sintomas físicos clássicos de uma gestação. Geralmente, está associado com um forte desejo de se tornar mãe”, explica Joel Rennó, psiquiatra e coordenador do Programa de Saúde Mental da Mulher do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (IPq – USP). 

 

Principais causas e fatores de risco

Apesar de as causas exatas ainda não serem conhecidas, os especialistas acreditam que os estímulos psicológicos produzem os sinais de gravidez

Nessas situações, o cérebro desencadeia a liberação de hormônios, tais como estrogênio e prolactina, responsáveis por alguns sintomas comuns na gestação. 

A gravidez psicológica é mais frequente em mulheres que tiveram histórico de experiências traumáticas, entre elas: 

  • Perda de algum filho ou filha; 
  • Abortos espontâneos frequentes;
  • Abusos sexuais. 

Também é mais comum em mulheres com histórico de infertilidade e que sofrem cobranças do parceiro e familiares. E há ainda casos de pacientes que têm pavor de engravidar, mas que desenvolvem os sintomas. 

Pode acometer pessoas em qualquer faixa etária, porém é mais comum após os 40 anos e durante a menopausa. Também atinge mais quem teve depressão e crises de ansiedade. Sabe-se que, de uma forma geral, mulheres emocionalmente vulneráveis estão mais propensas a desenvolver o quadro. 

Veja também: Psicose pós-parto: sintomas, tratamento e fatores de risco

 

Sintomas frequentes

Os sintomas da pseudociese são semelhantes aos de uma gravidez real. Há até mesmo casos de mulheres que sentem movimentos no abdômen, como se o bebê estivesse se mexendo. 

Outros sintomas comuns da gravidez psicológica são: 

  • Enjoos ou náuseas matinais; 
  • Abdômen dilatado; 
  • Atrasos menstruais;
  • Ganho de peso ou inchaços corporais; 
  • Mamas inchadas; 
  • Fadiga e sonolência;
  • Produção de leite nas mamas;
  • Aumento do apetite;
  • Aversões alimentares; 
  • Falsas contrações de parto. 

“Em alguns casos, mesmo com a presença da menstruação, a mulher acredita que o sangramento significa o começo de um aborto. Isso porque ainda ocorrem alterações hormonais e psicológicas que provocam mudanças reais em seu corpo”, destaca Antônio Geraldo da Silva, psiquiatra e presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).  

É importante destacar que esses sintomas podem durar semanas, meses e até anos, se a mulher não buscar ajuda profissional. 

 

Como é feito o diagnóstico?

Após os sintomas de gravidez, é comum que a mulher procure um médico para realizar exames que confirmem a gestação. 

Em casos de gravidez psicológica, os exames de sangue ou de imagem, como ultrassom de abdômen e transvaginal, mostram que a mulher não está grávida, apesar dos sintomas físicos. Além disso, os testes de urina também dão negativo.

“Os exames de imagens são importantes para verificar que não há a presença de saco gestacional, feto ou placenta. Em algumas situações, recomenda-se realizar a tomografia do crânio para checar como está o funcionamento da glândula hipófise, se há desequilíbrio hormonal e descartar outras condições de saúde, como câncer, que provocam alterações hormonais”, complementa o dr. Rennó. 

 

Formas de tratamento

A pseudociese é tratada como uma condição psicológica. O primeiro passo é ajudar a mulher a entender que ela não está grávida. Mas, geralmente, ela não acredita. Por isso, é importante realizar exames para que ela visualize que se trata de uma gravidez psicológica. 

Pode ser mais difícil para algumas mulheres receber o diagnóstico, principalmente quando há o desejo de ser mãe. Vale destacar que ela não finge que está grávida, ela realmente acredita que terá um bebê. Portanto, o apoio emocional de profissionais, familiares e amigos é fundamental, já que ela enfrentará sentimentos de luto. 

O tratamento será com uma equipe multidisciplinar, em que a mulher terá o acompanhamento de um ginecologista, psiquiatra e psicólogo.

“Além de cuidar da parte física, regulando os sintomas, o psiquiatra deve investigar as causas do problema. E a psicoterapia ajuda a lidar com as questões emocionais. Até o momento, não há como prevenir a gravidez psicológica”, finaliza o presidente da ABP. 

Veja também: Os cuidados com a saúde mental das mães precisam acontecer desde a gestação

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