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Lúpus eritematoso sistêmico (LES)

Mulher segurando o próprio punho, destacado em vermelho indicando dor, um dos sintomas do lúpus eritematoso sistêmico.
Publicado em 27/04/2011
Revisado em 11/08/2020

Lúpus eritematoso sistêmico é uma doença autoimune que pode se manifestar sob a forma cutânea (atinge apenas a pele) ou ser generalizado. O tratamento inclui recursos terapêuticos que ajudam a controlar as crises.

 

Lúpus é uma doença inflamatória autoimune, desencadeada por um desequilíbrio no sistema imunológico, exatamente aquele que deveria proteger a pessoa contra o ataque de agentes como vírus e bactérias. O lúpus pode se manifestar sob a forma cutânea (atinge apenas a pele) ou ser generalizado. Nesse caso, atinge qualquer tecido do corpo e recebe o nome de lúpus eritematoso sistêmico (LES).

 

Veja também: Leia entrevista completa com especialista sobre lúpus

 

Estudos recentes mostram que fatores genéticos e ambientais estão envolvidos no aparecimento das crises lúpicas. Entre as causas externas, destacam-se a exposição ao sol, o uso de certos medicamentos, alguns vírus e bactérias e o hormônio estrógeno, o que pode justificar o fato de a doença acometer mais as mulheres em idade fértil do que os homens.

 

Sintomas do lúpus

 

Os sintomas dependem basicamente do órgão afetado. Os mais frequentes são:

  • Febre;
  • Manchas na pele;
  • Vermelhidão no nariz e nas faces em forma de asa de borboleta;
  • Fotossensibilidade;
  • Feridinhas recorrentes na boca e no nariz;
  • Dores articulares;
  • Fadiga;
  • Falta de ar;
  • Taquicardia;
  • Tosse seca;
  • Dor de cabeça;
  • Convulsões;
  • Anemia;
  • Problemas hematológicos, renais, cardíacos e pulmonares.

Portadoras de lúpus eritematoso sistêmico também podem ter dificuldade para engravidar e levar a gestação adiante. As pacientes necessitam programar as gestações para momentos em que haja bom controle da doença e em que estejam utilizando apenas medicações seguras para o feto. Um bom planejamento do melhor momento para engravidar é fundamental para uma gestação segura e de sucesso.

 

Diagnóstico de lúpus

 

O American College of Rheumatology estabeleceu onze critérios para o diagnóstico de lúpus eritematoso sistêmico. A manifestação simultânea de pelo menos quatro deles caracteriza a doença:

  • Pequenas feridas recorrentes na boca e no nariz;
  • Manchas na pele, especialmente quando exposta ao sol;
  • Lesão avermelhada e descamativa com o formato de asa de borboleta, que surge nas laterais do nariz e prolonga-se horizontalmente pelas faces;
  • Fotossensibilidade;
  • Artrite: Dor articular assimétrica e itinerante, especialmente nos membros superiores e inferiores;
  • Lesão renal, que evolui rapidamente para insuficiência renal progressiva;
  • Lesão cerebral: Convulsão (muitas vezes atribuída a outra doença neurológica), ansiedade, psicose e depressão;
  • Serosite: Inflamação da membrana que recobre externamente os pulmões (pleura) e o coração (pericárdio);
  • Anormalidades hematológicas ou penias;
  • Anormalidades imunológicas;
  • Fator antinúcleo (FAN) positivo.

O FAN (fator antinúcleo) é um exame realizado numa amostra de sangue que apresenta resultado positivo em quase todos os pacientes com lúpus; resultado negativo praticamente exclui essa doença. É importante observar que esse exame pode dar positivo em diversas situações – por exemplo, nas infecções – e até mesmo em pessoas saudáveis. Portanto, não podemos dizer que uma pessoa tem lúpus apenas porque seu FAN deu positivo. É necessário considerar a presença de sintomas e a resposta alterada de outros exames característicos para fechar o diagnóstico.

Além do FAN, existem outros exames de sangue que detectam a presença de autoanticorpos (exemplo: anti-DNA) mais específicos do lúpus e que também ajudam no diagnóstico. Entretanto, eles não estão presentes em todos pacientes com lúpus.

 

Tratamento do lúpus

 

Existem recursos terapêuticos que ajudam a controlar as crises e a evolução da doença, pois regulam o sistema imunológico. Como o lúpus apresenta variação de gravidade e de órgãos acometidos, o tratamento deve ser individualizado, focado em cada paciente.

Os antimaláricos (cloroquina ou hidroxicloroquina) são bastante importantes no tratamento, pois evitam que a doença entre em atividade. Os corticoides devem ser utilizados em períodos de maior atividade da doença e a dose varia de acordo com a gravidade. Além disso, quando necessário, o tratamento pode ser feito com imunossupressores (medicações que diminuem a resposta imunológica), tais como a azatioprina, a ciclofosfamida e o micofenolato de mofetila.

 

Veja também: Entenda por que o paciente com lúpus precisa tomar corticoides

 

Os avanços no entendimento dos mecanismos de doença do lúpus estão favorecendo o estudo e desenvolvimento de novos medicamentos. Os imunobiológicos são medicações que agem em pontos específicos do sistema imunológico e alguns deles já se mostraram eficazes no tratamento da doença, segundo indicação médica.

Outra conquista importante é a plasmaferese, utilizada para eliminar os complexos imunes circulantes e regredir as lesões renais e cerebrais.

 

Recomendações ao paciente com lúpus

 

  • Pacientes com lúpus devem evitar a exposição ao sol e usar protetores solares o dia todo;
  • Sua alimentação deve ser saudável e balanceada;
  • Os anticoncepcionais são contraindicados, porque o aumento dos níveis de estrógeno pode desencadear surtos da doença;
  • Portadoras da doença que desejam engravidar devem seguir rigorosamente a orientação medica e dar preferência aos períodos de remissão das crises;
  • O consumo de álcool, cigarro e outras drogas é absolutamente contraindicado;
  • Respeitadas as limitações que possam ocorrer durante as crises, a atividade física deve ser mantida com regularidade.

 

Perguntas frequentes

 

Existem diferentes tipos de lúpus?

Sim. Quando o lúpus afeta apenas a pele, ele é chamado de lúpus discoide. Quando atinge vários órgãos e tecidos ao mesmo tempo, como vasos sanguíneos, pulmões, coração, cérebro e rins, o que tende a torná-lo mais grave, trata-se do lúpus sistêmico.

 

Lúpus é câncer?

Não. É uma doença autoimune, ou seja, o sistema imunológico ataca e destrói tecidos saudáveis do próprio corpo por engano.

 

Quem tem lúpus pode sofrer com queda de cabelo?

Sim. Tanto a doença quanto os medicamentos utilizados no tratamento podem desencadear a queda acentuada de cabelos, provocando até mesmo a calvície, principalmente no início do tratamento. Contudo, quando a doença é controlada, os fios voltam a crescer naturalmente.

Outro ponto que explica a relação entre a queda de cabelo e lúpus são as erupções que se formam no couro cabelo. Elas fazem com que os folículos capilares sejam danificados de maneira irreversível, provocando a queda definitiva dos fios.

 

Vídeo: A reumatologista dra. Ana Luisa Calich dá orientações para evitar crises de lúpus

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