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Como é a cirurgia do assoalho pélvico?

O assoalho pélvico é a região na qual estão localizados o final do trato gastrointestinal e urinário e do aparelho reprodutor. Saiba quando a cirurgia é recomendada e quais são os cuidados no pós. 
Publicado em 25/11/2022
Revisado em 14/12/2022

O assoalho pélvico é a região na qual estão localizados o final do trato gastrointestinal e urinário e do aparelho reprodutor. Saiba quando a cirurgia do assoalho pélvico é recomendada e quais são os cuidados no pós. 

 

O assoalho pélvico é uma estrutura formada por ligamentos, músculos e fáscias (tecido conjuntivo fibroso resistente e elástico) ligados à bacia, e é responsável pela sustentação de órgãos como bexiga, uretra, intestino, reto e útero. As disfunções no assoalho pélvico costumam estar associadas a lesões na musculatura ou são ocasionadas por procedimento cirúrgico (como histerectomia, a cirurgia de remoção do útero); sobrecarga provocada por obesidade ou atividade física de impacto mal conduzida; gestação (ocorrendo principalmente no pós-parto); e pelo envelhecimento muscular natural, quando há perda de massa muscular e colágeno. 

Como resultado dessas disfunções, é comum o desenvolvimento de condições como:

  • Incontinência urinária;
  • Incontinência de flatos e/ou fezes;
  • Disfunções sexuais;
  • Dificuldade de urinar ou de evacuar.

Enquanto a incontinência é provocada pela perda de força na musculatura relacionada ao trato urinário e intestinal, a dificuldade de fazer xixi e evacuar se dá pelo prolapso dos órgãos responsáveis por essas funções. A dra. Aline Ambrósio, ginecologista obstetra e terapeuta sexual, explica: 

“Essa dificuldade pode surgir exatamente pela angulação acentuada dos órgãos. Pode ocorrer, por exemplo, uma queda do intestino para o interior da vagina ou da uretra (canal do xixi); ou da uretra para a vagina, e assim por diante”.

O prolapso genital, conhecido popularmente como “bexiga caída”, ocorre quando os órgãos do trato urinário ou do aparelho reprodutor se deslocam, graças à falta de sustentação da musculatura pélvica. É definido de acordo com a estrutura afetada:

  • Prolapso de reto (retocele) ou do intestino delgado (enterocele;;
  • Prolapso da bexiga (cistocele) ou da uretra (ureterocele);
  • Prolapso vaginal (apical);
  • Prolapso de útero (prolapso uterino)..

Em geral, pessoas do sexo feminino são mais afetadas, porque possuem dois hiatos centrais entre os orifícios da uretra, da vagina e do ânus que promovem uma falha na musculatura elevadora do ânus e na musculatura coccigea, o que facilita a descida dos órgãos naturalmente suspensos na cavidade pélvica. Por esse mesmo motivo, é comum que um indivíduo apresente mais de um tipo de prolapso. 

 

Sintomas

Independentemente da configuração do prolapso, o sintoma predominante é a sensação de peso ou pressão na região da vagina, ou de que órgãos como o reto, a bexiga ou o útero estão sendo projetados para fora da vagina. 

Outros sintomas são:

  • Dificuldade para urinar ou evacuar;
  • Constipação;
  • Retenção urinária;
  • Incontinência urinária;
  • Dor na lombar ou no cóccix;
  • Dor durante a relação sexual (dispareunia);
  • Dor ao sentar ou caminhar;
  • Sangramento e corrimento.

Veja também: DrauzioCast #63 | Prolapso genital

 

Diagnóstico

O diagnóstico é feito após o relato ao profissional de saúde, que costuma realizar um exame pélvico para confirmar o quadro. Também podem ser solicitados exames que demonstrem o fluxo de urina, a quantidade de urina retida na bexiga após a micção, entre outros. 

 

Tratamento

O tratamento das disfunções do assoalho pélvico é multidisciplinar, e a presença de um fisioterapeuta na equipe costuma ser indispensável. 

“Esse profissional vai auxiliar no treinamento da contração e do relaxamento da musculatura, aumentando a propriocepção, aumentando o autoconhecimento que é extremamente importante para a função sexual. Além disso, a fisioterapia também auxilia a melhorar as taxas de cura das incontinências urinárias e das disfunções intestinais, inclusive da constipação intestinal”, explica a dra. Aline Ambrosio.

Outras alternativas envolvem a aplicação de energia, como a laserterapia, a radiofrequência e mais atualmente, o ultrassom microfocado, que melhora o conteúdo de colágeno e fibras elásticas na região perto da uretra, perto do reto e intravaginal.

 

Quando a cirurgia do assoalho pélvico é recomendada?

Quando as intervenções acima não surtem o resultado esperado para melhora na qualidade de vida, a cirurgia pode ser recomendada. O procedimento, entretanto, é contraindicado em caso de comorbidade agravada ou idade avançada. 

Veja também: Como lidar com a incontinência urinária pós-parto

 

Como funciona o pré-operatório da cirurgia do assoalho pélvico?

Como em qualquer outra cirurgia, o médico solicita alguns exames clínicos, cardiológicos e mais relacionados ao quadro em si, como explica a dra. Mariana Rosario, membro do corpo clínico do hospital Albert Einstein.

“Os exames pré-operatórios para a cirurgia são importantes para termos uma visão mais ampla do quadro da paciente. Então, se é uma cirurgia motivada por uma incontinência urinária, a gente tem que ter perfeita noção de como está a bexiga e qual a pressão de perda urinária dessa paciente, por exemplo, para a gente trabalhar em cima disso.”

 

A cirurgia do assoalho pélvico

Atualmente, existem diversas técnicas que podem ser utilizadas. As cirurgias minimamente invasivas, como as vaginais ou via laparoscopia, costumam ter preferência. Mas, quando não é possível, pode-se optar por outras, como explica a ginecologista a dra. Mariana do Rosario.

“Há diversas técnicas, como a perineoplastia com sling ou sem sling. O sling é uma técnica que se utiliza de uma tela para segurar a bexiga e para levantar os órgãos em prolapso. Isso pode ser feito também com o retalho local, então vai depender muito do que vai ser feito durante o procedimento cirúrgico”, pontua. 

 

Pós-operatório

As recomendações para o pós-operatório vão depender também de qual técnica foi utilizada. A dra. Mariana do Rosario salienta que o repouso e a fisioterapia são indicados em praticamente todos os casos, mas a quantidade de sessões ou o período desse repouso vão depender do que foi feito no procedimento cirúrgico. A cicatriz costuma fechar em até 30 dias, aproximadamente. Depois desse período, é raro ocorrer uma deiscência (abertura da cicatriz).

 

Mudança de hábitos

A cirurgia tende a ser definitiva. Ou seja, não é um procedimento pensado para ser refeito. Mas, para que não seja necessária uma nova cirurgia, é preciso tomar alguns cuidados.

“Ganho excessivo de peso e certos tipos de exercícios que forçam a região não são recomendados no pós-cirúrgico, para que essa paciente não tenha que refazer essa cirurgia. Além disso, uma alimentação balanceada, exercícios feitos com a liberação do profissional de saúde e manter uma fisioterapia pélvica adequada também podem ajudar nesse pós”, explica a dra. Rosario.

Veja também: 3 maneiras de tratar escapes de urina

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