Há mais de um teste para covid-19 disponível. Veja quando você deve se testar e qual o mais indicado.
*Colunista convidado: Isaac Schrarstzhaupt/Revisão: Mellisa Markosky e Mellanie Fontes-Dutra
Entramos no mês de dezembro com mais um aumento de casos de covid-19 no Brasil. Cada vez mais recebemos aquela ligação ou mensagem de nossos amigos e parentes, contando que estão com a doença. Nesse momento, começam a surgir muitas dúvidas na nossa cabeça: será que estou com o vírus também? Devo me testar? Qual teste eu faço? Se der negativo, estou mesmo sem a doença?
A primeira coisa que temos que saber é que temos dois tipos principais de teste: um que serve para diagnosticar se estou com vírus ativo, multiplicando-se no período do teste; e outro para saber se já entrei em contato com o vírus num curto ou maior espaço de tempo.
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O teste que detecta se estamos com o vírus ativo no momento do teste é o chamado RT-PCR, que algumas pessoas também chamam só de “PCR”. Esse é o teste em que inserem uma espécie de cotonete bem comprido no nosso nariz e na garganta para coletar um pouco de secreção, imagem que já vimos muito desde março.
Quando entramos em contato com alguém infectado e “pegamos a doença”, o vírus começa a se reproduzir em nosso corpo, e leva alguns dias até que ele exista em quantidade suficiente para ser detectado no teste. Esse tempo, em média, é de quatro a seis dias depois do contato com alguém que tenha o Sars-CoV-2. Sabendo disso, sempre temos de calcular esse período para, aí sim, fazer o teste PCR.
Esse período normalmente coincide com o de início dos sintomas e é por isso que muitas vezes os sintomas acabam sendo um requisito para que a pessoa possa ser testada. Sem essa informação dos quatro a seis dias, podem ocorrer muitos enganos, como por exemplo a pessoa fazer o teste PCR logo no dia seguinte que entrou em contato com alguém com covid-19 e gerar um resultado “falso-negativo”. Pois, nesse caso, o teste será, de fato, negativo, já que ainda não terá dado tempo de o vírus se reproduzir o suficiente para ser detectado na secreção coletada.
Outro tipo de teste é o teste sorológico, que indica se já entramos em contato com o vírus, Nesse teste, coleta-se um pouquinho do nosso sangue e se procura anticorpos, substâncias que só são produzidas quando já estamos em uma fase mais avançada da doença (mais de 14 dias da infecção) ou mesmo se já passamos por ela tempos atrás.
Este teste também causa algumas confusões, pois pode ser feito no laboratório, através de uma amostra de sangue, colhida da mesma forma que nos exames de sangue tradicionais com que já estamos acostumados, ou através do famoso “teste rápido”, que pode ser comprado em farmácias. Nesse teste, furamos a pontinha do dedo e colhemos uma gotinha de sangue em um cassete de plástico que, depois de alguns minutos, nos diz se temos ou não os tais anticorpos. É muito parecido com o teste de gravidez, que é feito com gotinhas da urina.
Como mencionado antes, esse teste apenas diz se, em algum momento, entramos em contato com a doença e geramos anticorpos, nada mais do que isso. Ele não garante que estamos de fato protegidos contra novas infecções com o vírus. Assim, mesmo em caso de termos um resultado positivo em um teste sorológico, temos que continuar nos protegendo e protegendo os outros da mesma maneira.
Então, agora que sabemos quais são os tipos de teste, vamos criar uma situação hipotética para fixar bem a informação sobre que atitude tomar:
- Fui trabalhar, entrei em contato com meus colegas, e descobri que um deles testou positivo para covid-19. O que preciso saber para poder fazer o teste correto?
- O dia que ele testou positivo;
- O tipo do teste que ele fez;
- O dia em que tive contato com ele.
Entrei em contato com o meu colega dia 01/11, e ele avisou que estava positivo dia 04/11. O teste dele foi um PCR, que foi feito no dia 01/11 e ficou pronto dia 04/11. Nesta situação, ele estava transmitindo bem no dia que entrei em contato com ele. Assim, eu devo aguardar de quatro a seis dias e aí fazer o teste PCR, ou seja, entre os dias 05/11 e 07/11.
Porém, também existe um problema com a política de testagem do Brasil: só podemos ser testados pelo SUS ou pelos planos de saúde quando tivermos sintomas. Se alguém confirmado com covid-19 tossir, espirrar ou falar alto e bastante próximo a mim e eu não desenvolver sintomas, eu não poderei ser testado, a não ser que eu vá até um laboratório particular e pague pelo teste, valor que não é barato (em torno de R$ 250,00 ou mais).
Isso acaba gerando uma situação na qual eu terei que continuar indo trabalhar, mesmo podendo dispersar o vírus, o que contribui para o aumento de casos que estamos vendo agora.
Por isso é importante entendermos como funcionam os testes, mas mais importante ainda é prevenirmos o contágio, evitando ao máximo que situações difíceis como essa ocorram. Para isso, nunca deixe de utilizar adequadamente a máscara, fazer distanciamento mínimo de 2 metros das demais pessoas e manter as mãos e superfícies constantemente higienizadas. São ações simples que ajudam a diminuir a transmissão ou, no caso da pessoa contrair o vírus, pode contrair uma quantidade menor, que podem ser neutralizados mais rapidamente pelo nosso organismo antes de transmitirmos a doença para outra pessoa.