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Pediatria

Doença mão-pé-boca não é motivo de alarme

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Publicado em 02/05/2018
Revisado em 22/10/2021

Surtos de doença mão-pé-boca provocam preocupação, mas enfermidade costuma desaparecer espontaneamente após cerca de dez dias.

 

Os pediatras já estão até acostumados. É só mudar a estação que casos de doenças típicas da época mais fria começam a surgir. Nesses períodos, é comum ler na internet ou ouvir nos grupos de pais que uma “nova doença está vindo com tudo por aí”. No outono, uma das viroses comuns que atingem as crianças é a doença mão-pé-boca (HFMD), que embora esteja causando alarde, é velha conhecida dos pediatras.

Algumas escolas, inclusive, estão comunicando os responsáveis sobre possíveis surtos da doença, principalmente em algumas regiões de São Paulo, Minas Gerais e do Nordeste. Mas, afinal, há motivo para preocupação? Conversamos com dois pediatras que nos explicaram um pouco sobre essa enfermidade, que atinge principalmente as crianças de até cinco anos. O vírus causador da doença mão-pé-boca chama-se Coxsackie  e pertence à família dos enterovírus que normalmente habitam o intestino.

A doença tem alguns sinais bem característicos: inicia-se com febre alta que é sucedida (cerca de dois ou três dias depois) por pequenas vesículas com líquido que surgem na região das mãos, pés e boca — daí o nome. As bolhas vão se rompendo à medida que a doença evolui.

A dra. Rafaella Calmon, pediatra do Hospital Sabará e responsável pelo portal Saúde4Kids, alerta: “Nem sempre as lesões ocorrem todas de uma vez, por isso uma avaliação médica é fundamental. Em casos isolados, pode ser solicitado o exame de sangue que detecta o vírus, mas o resultado demora para sair, e como não há tratamento específico (só controlamos os sintomas) para a doença, ele só é pedido em casos de diagnóstico diferencial ou quando acontecem raras complicações, como encefalites ou miocardites”.

 

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Dr. Robério Dias Leite, do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), comenta que tem circulado no Brasil uma cepa de enterovírus que causa lesões em outros locais além das mãos, pés e boca, o que pode fazer com que muitos pais confundam a doença com catapora (varicela)

A boa notícia é que a doença é autolimitada, ou seja, em cerca de dez a 15 dias os sintomas desaparecem. “Mas as lesões causam bastante desconforto, principalmente as da boca, que muitas vezes impedem a criança de se alimentar”, destaca o dr. Leite. 

Pegar a doença não garante imunidade, ou seja, a criança pode ser infectada mais de uma vez (o que, entretanto, não é comum) pelo Coxsackie. Também não há vacinas contra o vírus, já que há mais de uma cepa capaz de causar a doença e o material genético dos vírus está sempre em mutação. 

A transmissão ocorre por via oral/fecal, através do contato direto com secreções (por tosse ou espirro) e com objetos como chupetas, brinquedos ou fezes de crianças infectadas. Por conta da via de contágio oral, tempos frios são mais propícios para a ocorrência de surtos da doença, já que as crianças costumam ficar mais tempo aglomeradas em um mesmo ambiente.

Quanto à transmissão fecal, uma informação importante que pode contribuir para a contenção da doença: Mesmo após a recuperação, o paciente pode transmitir o vírus pelas fezes durante aproximadamente quatro semanas. “Portanto, muita atenção na limpeza e cuidado com seu filho quando for utilizar os fraldários de locais públicos”, reforça o dr. Calmon.

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