Com o foco voltado totalmente para o controle da pandemia, os cuidados com relação à dengue caíram drasticamente nas comunidades, prejudicando o combate à doença.
O isolamento é uma das principais medidas para prevenir a covid-19. Mas mesmo dentro de casa, outra ameaça continua rondando a população brasileira: a dengue.
A transmissão da dengue se dá pela picada da fêmea infectada do Aedes aegypti, mosquito que costuma circular em regiões quentes e chuvosas. A água parada, como a que se acumula em pratos de vasos de plantas, calhas e garrafas no quintal, é o criadouro perfeito para a reprodução do inseto.
Em 2020, o Brasil chegou a quase 1 milhão de casos prováveis da doença. A região Centro-Oeste, uma das mais quentes do país, registrou taxas de incidência de 1.164,4 casos a cada 100 mil habitantes. Para se ter uma ideia, a média nacional naquele mesmo ano foi de 441,7.
Já em 2021, o perigo se intensificou em algumas regiões como São Paulo. Em junho, a capital paulista alcançava o triplo de ocorrências de dengue registradas durante todo 2020.
Ainda que os dados sejam alarmantes, eles não ultrapassam o último ano antes da pandemia. Em 2019, foram mais de 1,5 milhão de casos. Mas essa não é uma boa notícia: acredita-se que a diminuição tenha a ver com o receio da população em procurar atendimento médico por causa da covid-19, e com o fato de que o foco das equipes de vigilância voltou-se para o combate à pandemia, levando a uma subnotificação da dengue e de outras arboviroses, como o zika e a chikungunya.
O mosquito ultrapassa os muros, os agentes não
A conscientização da população quanto às principais formas de se prevenir contra o mosquito da dengue acontecia, principalmente, por meio dos agentes de saúde. Treinados, eles verificavam as casas e davam dicas de como evitar o surgimento de criadouros do Aedes aegypti, mas, com a pandemia, as pessoas começaram a recusar essa intervenção mais frequentemente.
A Cruz Vermelha Brasileira (CVB), associação filantrópica de ajuda humanitária, também viu o alcance de seus voluntários limitado nesse período. Desde 2017, a instituição atua em parceria com a marca de inseticidas e repelentes SBP no movimento “Juntos Contra o Mosquito”, que já impactou 18 mil famílias – ou 72 mil pessoas, por meio de ações educativas e mutirões de limpeza, além de ter alcançado mais de 100 mil cidadãos por meio de doações de produtos durante a pandemia da covid-19.
“Antes, nós fazíamos um trabalho corpo a corpo. Íamos nas casas, conversávamos com a população. Com a pandemia, tivemos que nos adaptar rapidamente, porque, além da covid-19, as arboviroses continuaram circulando”, explica Julio Cals, presidente nacional da CVB.
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O impacto para o sistema de saúde
Um exemplo que ilustra a gravidade de ter duas doenças se disseminando ao mesmo tempo no mesmo local é o Acre. O estado sofreu, simultaneamente, com o avanço da pandemia de covid-19, a chegada de grandes enchentes e novos surtos de dengue. Em fevereiro de 2021, durante o auge da segunda onda do coronavírus no país, 80% dos atendimentos realizados nas Unidades de Pronto Atendimento da capital acreana estavam relacionados à dengue.
“O Brasil não estava preparado para uma pandemia como essa. Os nossos hospitais já estavam em colapso há muito tempo. Infelizmente, a saúde é uma das pastas mais difíceis de se trabalhar. Muitas vezes, fica em segundo plano”, critica o ativista.
No início deste ano, o Acre declarou estado de emergência, já que, mesmo com a abertura de dois hospitais de campanha, não havia leitos e profissionais suficientes para atender os pacientes com coronavírus e aqueles infectados pela arbovirose. Enquanto a covid se espalhava com alta taxa de letalidade, em 1,88% dos infectados, a dengue registrava uma média de 500 casos por dia. “Foi desolador. As pessoas não tinham para onde correr”, comenta o presidente.
Para tentar amenizar o sofrimento da população, a Cruz Vermelha levou mais de 54 toneladas de donativos, entre eles máscaras de proteção, produtos de higiene, medicamentos, repelentes, roupas e outros itens.
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Os caminhos para a prevenção completa contra a dengue
Sem a possibilidade da conversa olho no olho, as estratégias utilizadas por SBP e pela Cruz Vermelha Brasileira, para continuar levando mensagem educativas sobre a prevenção contra os mosquitos transmissores de doenças foram outdoors informativos, guias educativos, carros de som, programas em rádios comunitárias, parcerias com influenciadores locais, além do amplo portfólio de produtos que ajudam a evitar a picada. O objetivo é conscientizar todas as pessoas, das crianças aos idosos, quanto à importância de manter as casas limpas e protegidas.
Como? Algumas atitudes simples já ajudam no combate ao mosquito da dengue. São elas:
- Tampar as caixas d’água;
- Não deixar água acumulada na laje;
- Manter os lixos fechados;
- Utilizar areia nos vasos de plantas;
- Deixar garrafas e outros recipientes de cabeça para baixo;
- Deixar as lonas esticadas;
- Retirar a água dos pneus;
Além desses cuidados, por meio do uso constante de repelentes, larvicidas, inseticidas, as famílias ficam mais protegidas contra os mosquitos transmissores de doenças. No entanto, esses cuidados precisam ser de todos: ter a consciência de que é necessária uma ação coletiva é garantir uma segurança eficaz.
Esse conteúdo foi desenvolvido em parceria com SBP, marca de inseticidas e repelentes.
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