A vacina da gripe é atualizada todos os anos para proteger contra as cepas mais prevalentes, como a H3N2.
No final de 2021, várias cidades brasileiras, como Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador, viram o número de casos de gripe saltar em pleno verão. O surto inesperado do vírus influenza H3N2 se deu pela flexibilização das medidas de prevenção contra a covid-19 e, principalmente, pela baixa adesão da população à vacina da gripe.
O Ministério da Saúde tenta reverter esse cenário dando início à 24ª Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza no Brasil. A imunização começou na segunda-feira (4) e se estenderá até 3 de junho. O objetivo é vacinar 76,5 milhões de pessoas dos grupos prioritários com as 80 milhões de doses produzidas pelo Instituto Butantan e distribuídas por todo o país.
Qual é a diferença dessa vacina para a que foi aplicada no final do ano passado?
A vacina trivalente da gripe é atualizada a cada ano para combater a cepa mais circulante do ano anterior. Por isso, em 2022, a imunização protegerá contra os subtipos da influenza A (H1N1 e H3N2) e um subtipo da influenza B (Victoria). Esta última é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a que tem mais chances de provocar síndromes gripais neste ano.
Vale lembrar que, em caso de infecção, a vacinação atualizada diminui a carga do vírus, reduz consideravelmente a gravidade dos sintomas e também ajuda a diferenciar o diagnóstico da covid-19.
Quem pode se vacinar?
A campanha de imunização contra a gripe é dividida em duas etapas, cada uma voltada para parcelas determinadas da população:
Primeira etapa (de 04/04 a 02/05):
- Idosos com 60 anos ou mais;
- Trabalhadores da saúde.
Segunda etapa (03/05 a 03/06):
- Crianças de 6 meses a menores de 5 anos de idade (4 anos, 11 meses e 29 dias);
- Gestantes e puérperas;
- Povos indígenas;
- Professores;
- Pessoas com comorbidades;
- Pessoas com deficiência permanente;
- Caminhoneiros e trabalhadores de transporte coletivo rodoviário de passageiros urbano e de longo curso;
- Trabalhadores portuários;
- Membros das Forças de Segurança e Salvamento e Forças Armadas;
- Funcionários do sistema prisional;
- População privada de liberdade;
- Jovens de 12 a 21 anos de idade sob medidas socioeducativas.
O Dia D de mobilização social, quando pessoas de todas as idades poderão se vacinar, acontecerá em 30 de abril.
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E quem não faz parte desses grupos?
Para quem não está na lista de grupos prioritários, é possível se vacinar em farmácias e clínicas privadas. Algumas delas oferecem a versão tetravalente, que protege também contra a influenza B Yamagata. Os valores variam entre R$ 80 e R$ 150.
Muitas pessoas, porém, conseguem o imunizante gratuitamente por conta de campanhas empresariais ou até pelas doses excedentes do SUS disponíveis ao final da campanha.
É importante lembrar que a vacina da gripe não é indicada para bebês com menos de 180 dias e pessoas com histórico de alergia grave às doses dos anos anteriores.
Quem já se vacinou no fim de 2021 deve se vacinar novamente?
Sim. Como a vacina deste ano foi atualizada para combater as cepas mais prevalentes, mesmo as pessoas que receberam o imunizante em 2021 devem se vacinar. Assim, elas têm assegurada maior proteção, em especial com a chegada do outono – período que costuma ser marcado pelo aumento dos casos da doença.
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Tomei a vacina da covid-19. Preciso esperar 15 dias para tomar a da gripe?
Não. A vacina contra a gripe pode ser aplicada no mesmo dia que as outras vacinas do Calendário Nacional de Imunização, inclusive a da covid-19. A exceção são as crianças de 5 a 11 anos, que devem tomar, preferencialmente, a da covid primeiro e a da influenza depois de 15 dias.
Atenção especial às crianças
Crianças de seis meses a menores de 5 anos que já tomaram uma dose da vacina da gripe em anos anteriores devem considerar o esquema vacinal com apenas uma dose em 2022. Por outro lado, aquelas que forem se vacinar pela primeira vez devem tomar duas doses com um intervalo de 30 dias.
Além disso, o Ministério da Saúde ressalta a importância de levar os pequenos para a imunização contra o sarampo, doença cuja cobertura vacinal vem caindo nos últimos anos. A campanha de vacinação em 2022 está voltada para crianças de seis meses a 5 anos de idade e trabalhadores da saúde.
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