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Brasil ultrapassa meio milhão de casos prováveis de dengue

menino pequeno com dengue, tomando soro na veia, dorme em cama de hospital
Publicado em 15/02/2024
Revisado em 15/02/2024

Brasil tem mais de 500 mil casos prováveis de dengue. Veja quais os sintomas e tratamento na coluna de Mariana Varella.

 

O Brasil ultrapassou meio milhão de casos prováveis de dengue desde janeiro até agora. Até o dia 13 de fevereiro, foram registradas 75 mortes pela doença e 340 estão sendo investigadas.

Os dados foram divulgados pelo Ministério da Saúde na última segunda-feira (12/2). Minas Gerais é o estado com mais casos prováveis, seguido de São Paulo, Distrito Federal e Paraná.

Veja também: 15 dúvidas sobre a vacina contra a dengue

Comparado ao mesmo período do ano passado, o número de casos suspeitos da doença quadruplicou no país.

Neste mês, o Ministério da Saúde iniciou a distribuição da vacina Qdenga à parte dos 521 municípios que atendem aos critérios definidos pela pasta juntamente com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).

A vacinação deve começar com as crianças de 10 e 11 e estendida até adolescentes de 14 anos assim que houver doses disponíveis. Essa é a faixa etária com mais casos de hospitalização da doença, com exceção dos idosos, que ainda não receberam autorização da Anvisa para tomar a vacina.

No entanto, até o momento, apenas o Distrito Federal iniciou a campanha de vacinação de crianças.

Em coletiva de imprensa concedida no último dia 09, a secretária de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde Ethel Maciel afirmou que o Brasil vive uma situação atípica, já que os casos de dengue costumam ocorrer no país entre março e abril. 

No momento, há a circulação dos quatro sorotipos da dengue ao mesmo tempo, o que ajuda a explicar a explosão de casos da doença.

O sorotipo 3 não circulava no país de forma epidêmica havia cerca de 15 anos, o que justificaria o alto número de casos da doença entre crianças e adolescentes, que não haviam entrado em contato prévio com esse sorotipo.

Outro fator que contribuiria para a alta de casos, segundo Maciel, seria uma mudança no comportamento do mosquito que transmite a doença, o Aedes aegypti. Mais fácil de ser encontrado no fim do dia, o mosquito agora tem circulado durante o dia todo.

Além disso, as altas temperaturas ajudam na reprodução do mosquito, por isso o Ministério tem insistido no controle do vetor.

Maciel disse, também, que o Ministério espera que o Brasil tenha 4,2 milhões de casos de dengue em 2024. O país nunca chegou a essa cifra. Em 2022, o Brasil registrou mais de 1,3 milhão de casos; em 2023, foram mais de 1,6 milhão. 

Uma das preocupações do Ministério é a pressão que uma enorme quantidade de casos pode fazer nos sistemas de saúde, levando à superlotação, falta de leitos e adiamento de cirurgias eletivas.

Para evitar essa situação, Maciel diz que o MS tem agido em duas frentes: controle do vetor, que deve ter a participação de toda a sociedade para combater os focos dos mosquitos, e redução dos óbitos.

 

Sintomas e tratamento da dengue

A nosso favor, se podemos dizer assim, temos o fato de que a dengue é uma doença conhecida, cujos cuidados médicos não são novidade. 

A dengue pode ser assintomática, mas quando ocorrem, os sintomas mais comuns costumam ser febre alta (acima de 38°) repentina, que dura de dois a sete dias; dor de cabeça e atrás dos olhos; fraqueza e dor muscular; e dor nas articulações.

Perda de apetite, diarreia com fezes pastosas, náuseas e vômitos podem estar presentes.

Manchas e pápulas avermelhadas na pele (exantema), com ou sem coceira, surgem na face, tronco, mãos e pés em cerca de 50% dos afetados pela doença.

Veja também: Quadro clínico da dengue

Após a fase febril, a maioria dos indivíduos se recupera progressivamente; no entanto, alguns pacientes começam a piorar exatamente na fase em que a febre regride, cerca de três a sete dias após o início dos sintomas.

Os sinais de alarme da dengue são dor abdominal intensa e contínua; vômitos persistentes; acúmulo de líquidos no abdômen, pleura e na membrana que envolve o coração (pericárdio); queda da pressão, principalmente ao se levantar; sangramento de mucosa; letargia (estado de fraqueza intensa) e/ou irritabilidade.

Quando ocorre extravasamento de líquido ou sangramento intenso, o choque pode ocorrer rapidamente, e o paciente pode morrer em 12 a 24 horas.

Não há tratamento específico para a doença, mas é muito importante garantir a hidratação, o que pode salvar vidas.

É essencial que pacientes com dengue tomem bastante líquido; adultos devem beber cerca de 60 ml por quilo por dia. Isso significa que uma pessoa com 60 quilos deve ingerir cerca de 3,5 litros por dia.

Para crianças, a regra é: até 10 kg: 130 ml/kg/dia; acima de 10 kg a 20 kg: 100 ml/kg/dia; acima de 20 kg: 80 ml/kg/dia.

Em caso de suspeita de dengue, não tome anti-inflamatórios não esteroides (ibuprofeno, nimesulida, diclofenaco etc.) ou corticoides nem medicamentos à base de acetil salicílico, como AAS e aspirina. Se tiver febre alta, tome analgésicos como paracetamol e dipirona.

Pessoas que morrem de dengue vão a óbito porque entram em choque. Se houver piora dos sintomas, a pessoa não conseguir ingerir líquidos ou tiver diarreia e vômitos persistentes que a levem a perder líquido, procure um serviço de saúde.

 

*Informações do Ministério da Saúde

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