A Gamopatia Monoclonal de Significado Indeterminado é uma lesão pré-cancerígena, mas o risco de progredir para um câncer é baixo. Ainda assim, é importante acompanhar.
Alguns pacientes, após realizarem exames detalhados de sangue, são encaminhados para médicos hematologistas para acompanhamento de uma condição denominada Gamopatia Monoclonal de Significado Indeterminado (GMSI).
O nome, a princípio, pode assustar, mas saiba que a GMSI não é necessariamente uma doença (por não apresentar sintomas), e apesar de ser considerada uma condição pré-maligna, o risco de virar um câncer hematológico no futuro é relativamente baixo.
Mas na prática, o que isso significa?
A GMSI é uma condição pré-cancerígena que acomete as células sanguíneas (plasmócitos), responsáveis pela produção de anticorpos, que nos protegem de infecções.
Devido a mutações genéticas, pacientes com GMSI passam a produzir cópias de anticorpos alterados. Essas proteínas modificadas passam a ser chamadas de proteínas monoclonais, que não servem para proteger contra infecções.
“Como este clone de plasmócitos é pequeno e a quantidade de proteínas monoclonais também é baixa, outros órgãos não são afetados. Por isso, o paciente não tem sintomas”, explica Dra. Mariana Oliveira, oncohematologista da Oncoclínicas São Paulo.
Diagnóstico
Dra. Mariana explica que o paciente acaba descobrindo de maneira acidental, por meio de exames específicos de sangue para investigação de outras patologias, em que o resultado aponta quantidades elevadas de proteína monoclonal no sangue.
Para diagnóstico desta alteração, a quantidade de proteína monoclonal deve ser menor que 3g/dl, e uma proporção de células plasmocitárias na medula óssea ser menor que 10% e não haver nenhuma alteração em outros órgãos.
Pode virar câncer?
Assim como os pólipos são uma lesão pré-cancerígena que podem evoluir para um câncer colorretal, a GMSI também pode evoluir para mieloma múltiplo. Mas a progressão é lenta e considerada de baixo risco, de cerca de 1% ao ano.
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Quais os riscos?
“Podemos classificar os pacientes com GMSI em alto e baixo risco, e a classificação depende da quantidade de proteína monoclonal encontrada no exame”, salienta a Dra. Mariana.
Os pacientes de baixo risco, não precisam ser seguidos. Já os de alto risco devem fazer seguimento com exames laboratoriais a cada 6 ou 12 meses para avaliar a evolução da doença.
Como saber se está progredindo?
O que leva a doença a progredir é o aparecimento de novas mutações genéticas nos plasmócitos, denominada evolução clonal.
Isso porque essas proteínas anormais podem se acumular na corrente sanguínea e na urina, danificando os rins, o coração e os nervos. As proteínas M no sangue também podem reduzir a capacidade do corpo de combater infecções.
Com isso, o paciente pode começar a apresentar sintomas, como fadiga, infecções recorrentes e dor de cabeça.
É possível prevenir?
Infelizmente, não. A GMSI ocorre devido a uma alteração genética criando células plasmáticas diferenciadas que produzem as proteínas monoclonais que podem causar sintomas no futuro.