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Qual a relação entre tabagismo e incontinência urinária?

Publicado em 27/05/2025
Revisado em 28/05/2025

Tabagismo é um dos fatores de risco associados à incontinência urinária. Entenda a relação e saiba como tratar a perda de urina.

Fumar é um hábito extremamente nocivo para a saúde, que aumenta o risco de doenças graves e afeta diversos órgãos do organismo. Os danos ao pulmão e ao coração geralmente são mais conhecidos, mas você sabia que o cigarro também pode causar prejuízos à saúde urológica e levar à incontinência urinária

“O tabagismo tem um impacto significativo e negativo em diversas áreas da saúde urológica. As substâncias químicas presentes no cigarro afetam o sistema urinário e reprodutor masculino de várias maneiras, aumentando o risco de diversas condições”, afirma o dr. André Luiz Farinha Tomé, urologista do Departamento de Disfunções do Trato Urinário Inferior da Sociedade Brasileira de Urologia – Secção São Paulo (SBU-SP).

Além da incontinência urinária, o cigarro aumenta o risco de problemas como câncer de bexiga, câncer de rim, disfunção erétil, cálculos renais, infertilidade masculina e bexiga hiperativa

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Tabagismo e incontinência urinária

O especialista explica que a associação entre cigarro e incontinência urinária pode se dar através de alguns mecanismos, como:

  • Irritação da bexiga: os componentes químicos presentes no tabaco irritam a bexiga, afetando sua função nervosa. Essa irritação pode levar a contrações excessivas do músculo detrusor (músculo da bexiga responsável pela expulsão da urina), resultando em incontinência de urgência (necessidade repentina e incontrolável de urinar);
  • Tosse crônica: fumar frequentemente causa tosse crônica. Essa tosse repetitiva aumenta a pressão abdominal, exercendo pressão sobre o assoalho pélvico, a bexiga e a uretra. A pressão excessiva e constante pode enfraquecer os músculos do assoalho pélvico, responsáveis por controlar a saída da urina, levando à incontinência de esforço (perda de urina ao fazer esforço físico, como tossir ou espirrar);
  • Danos ao sistema esfincteriano: a tosse violenta associada ao tabagismo pode danificar o sistema esfincteriano, que é o conjunto de músculos que controlam o fluxo de urina. Essa dano pode comprometer a capacidade de reter a urina;
  • Bexiga hiperativa: a nicotina presente no cigarro atua como um estimulante do músculo detrusor, podendo provocar contrações excessivas da bexiga, mesmo quando ela não está cheia, resultando em bexiga hiperativa e incontinência de urgência;
  • Outros fatores: embora a relação exata ainda esteja sendo estudada, alguns autores sugerem que o tabagismo pode estar associado a alterações estruturais e neuronais que contribuem para a incontinência urinária.

“É importante notar que a relação entre o tabagismo e a incontinência urinária pode variar entre os indivíduos, e nem todos os fumantes vão desenvolver essa condição. No entanto, o tabagismo é considerado um fator de risco significativo para a incontinência urinária, além de outros problemas graves de saúde grave que pode ocasionar”, alerta o urologista.

Ilustrações: Barah Ilustra

 

Como o cigarro afeta o assoalho pélvico

Fumar pode contribuir para o enfraquecimento da musculatura do assoalho pélvico. Isso acontece devido à tosse crônica, conforme mencionamos anteriormente, pois a pressão abdominal gerada pela tosse vigorosa e constante coloca uma carga excessiva sobre os músculos do assoalho pélvico. 

Outro motivo tem a ver com o colágeno. “O tabagismo interfere na síntese de colágeno, uma proteína essencial para a elasticidade e a força dos tecidos conjuntivos, incluindo os músculos e ligamentos do assoalho pélvico. A diminuição da produção e a degradação acelerada do colágeno podem contribuir para a perda de sustentação e a frouxidão dessas estruturas”, esclarece o dr. André. 

Além disso, ele explica que existem estudos que sugerem que a nicotina pode ter um efeito negativo direto na musculatura estriada, como a do assoalho pélvico, diminuindo sua capacidade de contração.

“É importante notar que a frouxidão do assoalho pélvico pode levar a diversas condições, como incontinência urinária e fecal, prolapso de órgãos pélvicos e disfunções sexuais. Abandonar o tabagismo é uma medida importante para a saúde geral e para a preservação da função e força da musculatura do assoalho pélvico”, alerta o médico.

        Veja também: Por que o tabaco faz mal à saúde?

Ilustrações: Barah Ilustra

 

Tratamento da incontinência urinária em fumantes

“Sabendo que a incontinência urinária associada ao tabagismo pode ser influenciada por diversos fatores, devemos evitar a exposição ao tabagismo e trabalhar de forma a promover a recuperação das estruturas afetadas”, afirma o urologista.

Segundo ele, o tratamento da incontinência urinária em fumantes envolve uma abordagem multifacetada, podendo incluir: 

  • Cessação do tabagismo: “Este é o passo mais crucial. Parar de fumar reduz a irritação da bexiga, a tosse crônica e pode ajudar a melhorar a qualidade do colágeno a longo prazo. Buscar ajuda médica e participar de programas de interrupção do tabagismo pode aumentar significativamente as chances de sucesso”, afirma. 
  • Fisioterapia do assoalho pélvico: exercícios para fortalecer os músculos do assoalho pélvico são fundamentais para melhorar o controle da bexiga e reduzir a incontinência de esforço e de urgência. “Um fisioterapeuta especializado pode ensinar a técnica correta e monitorar o progresso.”
  • Mudanças no estilo de vida: controle da ingestão de líquidos (evitando especialmente o consumo antes de dormir e reduzindo bebidas que irritam a bexiga, como cafeína e álcool); gerenciamento do peso; prevenção da constipação — que, quando crônica, pode exercer pressão sobre a bexiga —; e treinamento vesical (técnicas para controlar a urgência urinária e aumentar o intervalo entre as micções).
  • Outros tratamentos: medicamentos, dispositivos médicos (como pessários vaginais) e cirurgia (em casos mais graves e refratários) podem ser opções utilizadas para auxiliar no tratamento da incontinência urinária.
Ilustrações: Barah Ilustra

“É fundamental procurar um médico urologista ou ginecologista para uma avaliação completa e um plano de tratamento individualizado. O profissional poderá diagnosticar o tipo específico de incontinência, avaliar a influência do tabagismo e recomendar as melhores opções de tratamento para o seu caso. Parar de fumar traz inúmeros benefícios para a saúde geral, incluindo a melhora da saúde da bexiga e a redução do risco de outras doenças graves, como o câncer de bexiga, que tem o tabagismo como um dos principais fatores de risco”, finaliza. 

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Ilustrações: Barah Ilustra

Conteúdo produzido em parceria com a Tena Brasil, marca líder em produtos para incontinência urinária.

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