Suplementação de cálcio é recomendação frequente, mas extensão dos benefícios não são completamente esclarecidos pela literatura científica.
Prescrever cálcio com vitamina D para prevenir osteoporose e fraturas na menopausa é prática frequente. A literatura, no entanto, mostra que a interação entre cálcio, vitamina D e ossificação é complexa e pouco conhecida.
Mais de 98% do cálcio ficam armazenados no esqueleto, reservatório que retira ou libera cálcio na circulação, de acordo com as necessidades.
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Cálcio exerce duas funções fisiológicas essenciais: transmitir mensagens no interior das células e conferir dureza e resistência à estrutura óssea. Como sua eliminação pela urina, fezes e suor é inevitável, a ingestão de quantidades insuficientes por períodos prolongados pode afetar diversos processos biológicos.
Para mulheres de 19 a 50 anos e homens de 19 a 70, a dose diária recomendada é de 1.000 mg/dia. Mulheres com mais de 50 anos e homens acima de 70 requerem 1.200 mg/dia.
Cerca de 70% do cálcio presente na dieta da maioria dos adultos vêm do leite e seus derivados (uma xícara de leite ou uma fatia de queijo contém cerca de 300 mg; um copinho de iogurte natural 450 mg). Vegetais como brócolis, certos peixes (sardinha e salmão), sucos e alimentos fortificados fornecem, em média, mais 300 mg/dia.
A rigor, a suplementação só está justificada nos casos em que a quantidade ingerida é inferior às necessidades diárias. O cálcio presente nos alimentos é absorvido com mais facilidade do que o dos suplementos.
Enquanto essas dúvidas não ficam esclarecidas, o ideal é oferecer através da alimentação as quantidades que o organismo necessita. A suplementação deve ser prescrita em doses mínimas, divididas em pelo menos duas tomadas diárias, somente nos casos em que a pessoa não consegue ingerir quantidades adequadas.
Estudos observacionais sugerem que o risco de fraturas aumenta quando a ingestão diária cai abaixo de 700 mg a 800 mg. O benefício da suplementação em pessoas sem deficiência não está demonstrado.
As preparações mais comuns são as de carbonato e de citrato de cálcio. O carbonato contém 40% de cálcio elementar, deve ser tomado junto com as refeições, é mais barato e mais fácil de encontrar, mas eventualmente provoca obstipação e flatulência. O citrato contém 20% de cálcio elementar, pode ser administrado fora das refeições e causa menos desconforto abdominal.
Análises conjuntas (metanálises) de diversos estudos mostram que administrar cálcio provoca reduções inexpressivas do número de fraturas. A mais completa delas revelou diminuição de 12%, mas apenas em pessoas internadas em instituições para idosos.
Além dos problemas digestivos, a suplementação aumenta o risco de cálculos renais. Quanto maiores as doses, maior o risco.
Publicações recentes levantaram a suspeita de que ela aumentaria o risco de arritmias cardíacas e infarto do miocárdio, por deposição de cálcio na parede das artérias. Os resultados, entretanto, são conflitantes.
Enquanto essas dúvidas não ficam esclarecidas, o ideal é oferecer através da alimentação as quantidades que o organismo necessita. A suplementação deve ser prescrita em doses mínimas, divididas em pelo menos duas tomadas diárias, somente nos casos em que a pessoa não consegue ingerir quantidades adequadas.
Receitar cálcio indiscriminadamente não faz sentido.