Sai da cadeira | Artigo

Mulher correndo. Exercício e saúde cardiovascular estão relacionados

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Publicado em: 25 de junho de 2018

Revisado em: 16 de agosto de 2021

Você já deve ter ouvido que atividade física faz bem ao coração. Mas o que têm a ver exercício e saúde cardiovascular?

 

Pela primeira vez na história da humanidade, adquirimos a possibilidade de ganhar o sustento sem levantar da cadeira.

Esse privilégio aconteceu graças à tecnologia desenvolvida no último século, intervalo de tempo irrisório se comparado aos 6 milhões de anos contados a partir da época em que descemos das árvores nas savanas da África.

 

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O conforto da vida moderna, no entanto, cobrou um preço alto: doenças cardiovasculares e câncer são as principais causas de morte, a obesidade virou epidemia até em países de renda mais baixa, os problemas osteoarticulares limitam a mobilidade de milhões de pessoas, os serviços de saúde ficaram sobrecarregados.

A vida sedentária está associada a diversos fatores de risco para doenças cardiovasculares: acúmulo de gordura no abdômen, hipertensão arterial, inflamação crônica, resistência à insulina e disfunção do endotélio, a camada que reveste a parede interna dos vasos.

A disfunção endotelial reduz a disponibilidade de monóxido de nitrogênio (NO) e aumenta a expressão de moléculas de adesão das células vasculares, eventos moleculares decisivos no risco de obstrução das artérias.

Em resumo: passar o dia sentado aumenta o risco de doença cardiovascular. Reduzir o número de horas sedentárias, sem fazer exercícios mais intensos, melhora o metabolismo dos lipídeos e a sensibilidade à insulina, mas não traz benefícios à função endotelial. Uma hora de exercícios moderados ou intensos, faz o contrário.

Ao contrário, o estresse provocado pela atividade física moderada ou intensa aumenta a produção de NO (que provoca dilatação das artérias) e reduz a expressão das moléculas de adesão, mecanismo que diminui o risco cardiovascular.

Mesmo exercícios leves (como os movimentos da rotina diária) têm efeitos metabólicos benéficos, embora não esteja claro se causem as alterações protetoras da função endotelial características das atividades físicas mais vigorosas.

A revista “Nature” traz um estudo para esclarecer este detalhe: a atividade física leve também seria suficiente para corrigir a disfunção endotelial associada ao sedentarismo?

Os autores estudaram três grupos “Sit, Sitless e Exercise”. Durante 4 dias, os do grupo “Sit” passaram 14 horas diárias sentados. Dessas 14 horas diárias, os do grupo “Sitless” ficaram apenas 9 horas sentados e 5 a 6 horas movimentando-se devagar ou permanecendo em pé. Os do grupo “Exercise” permaneceram 13 horas por dia sentados, e uma hora praticando exercícios moderados ou intensos.

Comparados aos do grupo “Sit”, os “Exercise” apresentaram função endotelial mais preservada, sugestiva de risco cardiovascular reduzido, entretanto, os níveis de colesterol e a sensibilidade à insulina não se alteraram. Nos “Sitless”, ocorreu o oposto: a disfunção endotelial permaneceu igual à dos sedentários, mas a sensibilidade à insulina e os níveis de colesterol melhoraram.

Em resumo: passar o dia sentado aumenta o risco de doença cardiovascular. Reduzir o número de horas sedentárias, sem fazer exercícios mais intensos, melhora o metabolismo dos lipídeos e a sensibilidade à insulina, mas não traz benefícios à função endotelial. Uma hora de exercícios moderados ou intensos, faz o contrário.

Conclusão: Para o bom funcionamento do sistema cardiovascular é preciso fazer exercício e sair da cadeira.

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