Refluxo gastroesofágico | Artigo

Os sintomas e condições associadas à doença do refluxo podem ser classificados em dois grupos. Saiba mais.

boneco simulando corpo humano com estômago em vermelho

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Publicado em: 31 de março de 2011

Revisado em: 11 de agosto de 2020

O refluxo gastroesofágico causa sintomas como azia, dor ao deglutir e dor torácica. Tratamento deve levar em conta as causas.

 

A definição é nebulosa: “condição que se desenvolve quando o refluxo do conteúdo gástrico causa sintomas e/ou outras complicações”.

Sintomas e condições associadas à doença do refluxo podem ser classificados em dois grupos:

 

1) Síndromes esofágicas

 

Os sintomas mais comuns são: azia, regurgitação, dor à deglutição e dores no tórax. Salivação excessiva e náuseas são menos frequentes.

Há quatro condições associadas: esofagite de refluxo com erosão e necrose da mucosa de revestimento logo acima da junção com o estômago; estreitamento esofágico causado pela inflamação; esôfago de Barrett caracterizado por alterações nas células da porção terminal do órgão; e adenocarcinoma.

 

2) Síndromes extraesofágicas

 

a) Tosse crônica e laringite acompanhada de rouquidão e pigarro persistente, geralmente associada ao uso excessivo da voz, a irritantes ambientais e ao cigarro;

b) Asma (como um cofator nos casos de difícil controle das crises);

c) Erosão do esmalte dos dentes causada pelo conteúdo gástrico ao refluir até a boca.

Paradoxalmente, cerca de dois terços das pessoas que se queixam de refluxo, não apresentam nenhuma esofagite à endoscopia. Por essa razão, quando os sintomas são típicos e a resposta ao tratamento é rápida, não há necessidade de realizar endoscopias nem outros exames. No entanto, a maioria dos médicos opta pelo exame endoscópico para afastar as possibilidades de estreitamento esofágico, câncer ou esôfago de Barrett, condição que predispõe à malignização.

Em casos selecionados, exames mais complexos permitem avaliar a motilidade gástrica, quantificar a exposição do esôfago ao ácido e relacionar os sintomas com a periodicidade dos refluxos.

O tratamento envolve:

 

a) Dieta alimentar

Evitar frutas cítricas, tomates, cebolas, bebidas gasosas ou com cafeína, comidas apimentadas, gordurosas ou fritas, chocolate, café e chá.

 

b) Mudanças no estilo de vida

  • Parar de fumar;
  • Se houver sobrepeso ou obesidade, emagrecer;
  • Reduzir o consumo de álcool (especialmente vinho tinto à noite);
  • Evitar refeições copiosas, e só ir para a cama duas ou três horas depois da alimentação. Não deitar depois das refeições;
  • Nos casos em que os refluxos acontecem à noite, elevar a cabeceira da cama;
  • Não usar roupas nem cintos apertados.

Depois de um período eufórico nos anos 90, as indicações cirúrgicas se tornaram mais restritas, porque a eficácia é maior na cura da esofagite do que no controle dos sintomas.

 

c) Medicamentos

Reduzir a acidez do suco gástrico melhora os sintomas e facilita a regeneração dos tecidos lesados pela inflamação.

Existem dois grupos de medicamentos usados com essa finalidade: os inibidores da bomba de prótons (omeprazol, pantoprazol, lanzoprazol, esomeprazol e outros) e os antagonistas do receptor H2 (cimetidina, ranitidina, famotidina e outros).

Os estudos mostram que os inibidores da bomba de prótons são mais eficazes tanto na cura das esofagites e quanto no controle dos sintomas.

A duração do tratamento é extremamente variável. Como os sintomas tendem a tornar-se crônicos, o uso prolongado é indicado em parte significante dos casos. Um estudo documentou boa eficácia e segurança dos inibidores da bomba de prótons por períodos de até 11 anos.

Os riscos potenciais do uso prolongado são má absorção de nutrientes, pequenos aumentos do número de fraturas ósseas depois dos 50 anos de idade (má absorção de cálcio) e de gastroenterites.

Antiácidos podem ser úteis nas crises de azia que surgem apesar da medicação.

 

d) Cirurgia

A cirurgia clássica (fundoplicação de Nissen) é feita por laparoscopia. Nela, a parte alta do estômago é suturada ao redor da porção distal do esôfago com o objetivo de criar uma barreira antirrefluxo.

Depois de um período eufórico nos anos 90, as indicações cirúrgicas se tornaram mais restritas, porque a eficácia é maior na cura da esofagite do que no controle dos sintomas. Avaliados depois de 10 anos, cerca de 60% dos operados voltam a tomar medicação.

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