Leucemia - Portal Drauzio Varella
Representação computadorizada de um glóbulo branco, um dos componentes sanguíneos afetados em casos de leucemia.
Publicado em 31/03/2011
Revisado em 11/08/2020

Leucemia é um nome que designa um conjunto de cânceres que atingem os glóbulos brancos do sangue, comprometendo o sistema de defesa do organismo.

 

Leucemias são doenças malignas caracterizadas pela quebra do equilíbrio da produção dos elementos do sangue, causada pela proliferação descontrolada de células.

Nas leucemias, além de perder a função de defesa do organismo, os glóbulos brancos doentes produzidos descontroladamente reduzem o espaço na medula óssea para a fabricação das outras células que compõem o sangue, ou então eles não se desenvolvem por completo e caem na corrente sanguínea antes de estarem preparados para exercer suas funções. Essa produção inadequada irá predispor o organismo a infecções, anemia, hemorragias e outros sintomas.

 

Ilustração representando células sanguíneas em estado normal e em leucemias.
Nas leucemias, células sanguíneas são produzidas em excesso. Dependendo do tipo, essas células estão em sua forma madura ou imatura.

 

Tipos de leucemia

 

Não se conhece a causa da maioria das leucemias, que podem ser classificadas de acordo com a evolução e o tipo de defeito dos glóbulos brancos:

Quanto à evolução:

  • Leucemia aguda: Quando as células malignas se encontram numa fase muito imatura e se multiplicam rapidamente, causando uma enfermidade agressiva. Leucemias agudas são as mais comuns em crianças;
  • Leucemia crônica: Quando a transformação maligna ocorre em células-tronco mais maduras. Nesse caso, a doença costuma evoluir
    mais lentamente, com complicações que podem levar meses ou anos para ocorrer. Leucemias crônicas são raras em crianças.

Quanto aos glóbulos brancos afetados:

  • Leucemia linfoide, linfocítica ou linfoblástica: Afeta as células linfoides; é mais frequente em crianças;
  • Leucemia mieloide ou mieloblástica: Afeta as células mieloides; é mais comum em adultos.

 

Sintomas de leucemia

 

Os primeiros sinais geralmente aparecem quando a medula óssea deixa de produzir células sanguíneas normais.

Sintomas característicos das leucemias agudas incluem:

  • Anemia;
  • Fraqueza;
  • Cansaço;
  • Sangramentos nasais e nas gengivas;
  • Manchas roxas e vermelhas na pele;
  • Gânglios inchados;
  • Febre;
  • Sudorese noturna;
  • Infecções;
  • Dores nos ossos e nas articulações.

Já as leucemias crônicas de evolução lenta podem ser completamente assintomáticas.

 

Diagnóstico de leucemia

 

O hemograma é o exame indicado para avaliar as condições em que se encontram as várias séries do sangue.

 

Veja também: Entrevista com especialista sobre sobre leucemia

 

Havendo alterações indicativas da doença, o mielograma permite a análise direta do local afetado para identificar o tipo de célula anormal que impede a fabricação dos outros elementos do sangue. A biópsia da medula óssea é o exame definitivo para a confirmação do diagnóstico de uma leucemia.

As leucemias crônicas, às vezes, são diagnosticadas em um exame de sangue de rotina.

 

Tratamento das leucemias

 

O tratamento é dividido em duas etapas. A primeira é chamada de indução da remissão. O objetivo é eliminar as células doentes, denominadas blastos, que são muito sensíveis à quimioterapia. Na segunda fase, são introduzidas as estratégias de consolidação para combater possíveis focos residuais da doença.

Além da quimioterapia, podem ser utilizadas transfusões de sangue como complemento. Nos último anos, a terapia-alvo, que utiliza medicamentos específicos para as células doentes, tem-se mostrado eficaz para alguns tipos de leucemia, como a leucemia mieloide crônica.

Pacientes que não respondem satisfatoriamente a esse esquema terapêutico podem beneficiar-se com o recurso do transplante de medula óssea. Radioterapia é usada mais raramente nas leucemias, mas pode ser indicada antes de transplantes.

 

Recomendações sobre leucemias

 

  • Leucemia é o nome dado a um agrupamento de doenças diferentes entre si, que podem acometer adultos e crianças e exigem tratamentos complexos. Felizmente, muitos casos da moléstia podem ser curados. Na leucemia linfocítica aguda, o principal tipo que atinge a infância, por exemplo, cerca de 90% das crianças em tratamento chegam à cura. Mesmo quando não se obtém a cura, a sobrevida dos pacientes pode ser aumentada com qualidade em muitos anos com os recursos terapêuticos atualmente à disposição;
  • O corpo costuma dar sinais de que algo não vai bem. Se notar algum sintoma diferente, mesmo que discreto, procure assistência médica;
  • Pacientes crianças requerem cuidados especiais. Como o tratamento pode debilitar a imunidade, é recomendado evitar aglomerações, alimentos crus e pedir orientação ao médico sobre vacinas, pois algumas são contraindicadas nesses casos.

 

Perguntas frequentes sobre leucemias

 

As leucemias são sempre doenças graves?

Qualquer câncer requer atendimento especializado e pode ter efeitos colaterais desagradáveis, mas ideia de que leucemias são uma sentença de morte faz cada vez menos sentido. A taxa de cura chega a 90% em casos de leucemia linfocítica aguda; 2 em cada 3 pacientes de leucemia mieloide aguda chega à remissão da doença, assim como a maioria dos que têm leucemia mieloide crônica; e pacientes com leucemia linfocítica crônica muitas vezes nem precisam de tratamento, somente de acompanhamento médico. As leucemias são doenças muito diversas e o prognóstico depende do tipo da doença e das especificidades de cada paciente, mas os tratamentos para cânceres sanguíneos oferecem cada vez mais alternativas.

 

Leucemias são mais graves em crianças?

Não exatamente. O que ocorre é que, como o organismo das crianças está em desenvolvimento, suas células amadurecem e se multiplicam com maior velocidade — o que acontece também com as células tumorais. Dessa forma, o tratamento na infância em geral precisa ser mais intensivo, com doses mais altas de quimioterápicos ou intervalos mais curtos entre as sessões, por exemplo. Por outro lado, o organismo da crianças geralmente resiste melhor e tem resposta mais efetiva ao tratamento que os adultos.

 

Crianças com leucemia precisam deixar de ir à escola?

Muitas vez, sim. Tanto porque a criança pode ficar debilitada como para evitar infecções, que são mais perigosas para pessoas em quimioterapia. Contudo, não ir à escola não significa que a criança precise parar de estudar. A família — em conjunto com a escola — pode montar um esquema que permita levar lições até a criança e ajudá-la a manter os estudos. Alguns hospitais contam até com grupos que dão aulas para pacientes internados.

 

Por que leucemias são o tipo de câncer mais comum na infância?

Ainda não se sabe, mas evidências sugerem que a doença pode estar relacionada a mutações genéticas que levariam à produção desordenada de células sanguíneas. Outras mutações poderiam combinar com fatores ambientais e desencadear a doença. Alguns estudos, por exemplo, pesquisam se uma alteração genética que prejudica a forma como determinadas substâncias químicas são absorvidas podem predispor a criança à leucemia caso ela seja exposta a essas substâncias. Outros estudam a relação entre alterações genéticas que ocorrem na infância com infecções que poderiam afetar o sistema imune e desencadear uma leucemia. Porém, a causa ainda não é totalmente conhecida.

 

Leucemia pode voltar?

Sim. Por isso, mesmo quando se consegue a remissão completa da doença (ou seja, quando não é possível mais detectar células tumorais no sangue), é fundamental manter acompanhamento médico — muitas vezes por toda a vida — com visitas regulares que vão variar de periodicidade dependendo de cada caso.

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