Barriga d’água (ascite)

A principal causa da barriga d’água é a cirrose hepática. Saiba mais sobre essa condição, também associada à insuficiência renal.

A barriga d'água é o acúmulo anormal de líquidos dentro da cavidade abdominal. Ela ocorre como sintoma de outras doenças, como insuficiência renal ou cardíaca. Conheça a condição.

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Publicado em: 11 de abril de 2013

Revisado em: 31 de agosto de 2023

A barriga d’água é o acúmulo anormal de líquidos dentro da cavidade abdominal. Ela ocorre como sintoma de outras doenças, como insuficiência renal ou cardíaca. Conheça a condição.

 

Ascite, ou barriga d’água, é o nome que se dá ao acúmulo anormal de líquidos dentro da cavidade abdominal, num compartimento limitado pelo peritônio (membrana que reveste também as paredes do abdômen e da pélvis e alguns dos seus órgãos). Esse líquido sai dos vasos sanguíneos por duas diferentes razões: redução da pressão oncótica ou aumento da pressão hidrostática.

No primeiro caso, a concentração de proteínas que ajudam a conter o líquido dentro dos vasos (veias e artérias) fica menor do que fora deles. Como os vasos são constituídos por tecido permeável, essa diferença de pressão permite que os fluídos atravessem suas paredes e ocupem o espaço extravascular.

No segundo caso, a concentração de proteínas no sangue é normal, mas ocorre um aumento da pressão hidrostática no sistema vascular provocada por um processo infeccioso ou inflamatório. Essa reação pode distender os vasos que irrigam o peritônio e/ou aumentam a permeabilidade vascular, favorecendo o extravasamento de líquidos para a cavidade abdominal.

A composição do líquido ascítico pode variar de acordo com a doença de base. Por isso, entre outras substâncias, ele pode conter conteúdo proteico variável, biles ou suco pancreático, por exemplo.

O mecanismo responsável pela formação da ascite é semelhante ao dos edemas.

 

Causas

A ascite não é uma doença em si mesma, mas uma condição associada a algumas doenças, entre elas as insuficiências renal, cardíaca e hepática, certos tipos de câncer, algumas pancreatites, e infecções, como a esquistossomose e a tuberculose.

A causa mais comum da barriga d’água, porém, costuma ser a cirrose hepática, uma doença crônica do fígado provocada pelos vírus B C das hepatites e pelo uso abusivo de bebida alcoólica. A principal característica dessa enfermidade é a formação de nódulos e tecido fibrótico (cicatrizes) que bloqueiam a circulação do sangue e provocam aumento da pressão dentro dos vasos que convergem para a veia porta (hipertensão portal). A cirrose pode ser responsável também por menor produção de albumina, uma proteína que ajuda a conter a água no interior das veias e artérias. Nas duas situações, os fluidos escapam dos vasos com mais facilidade e vão acumular-se na cavidade abdominal.

 

Sintomas

No início, a ascite é um evento quase sempre assintomático. Com a evolução do quadro, de acordo com o volume de líquido retido no abdômen, podem surgir os seguintes sintomas:

  • Ganho injustificado de peso;
  • Inchaço;
  • Crescimento da barriga e da cintura;
  • Dor abdominal difusa;
  • Perda de apetite;
  • Náuseas;
  • Vômitos;
  • E dificuldade para respirar, especialmente na posição deitada, por causa da pressão que o líquido exerce sobre o diafragma.

Dependendo da enfermidade de base, o paciente pode apresentar, ainda, outros sinais e sintomas, tais como:

  • Fígado aumentado;
  • Emagrecimento;
  • Edemas nas pernas e nos pés;
  • Extremo cansaço;
  • Icterícia;
  • Ginecomastia;
  • E encefalopatia hepática.

Veja também: Inchaço abdominal: quais as possíveis causas?

 

Diagnóstico

Nas fases iniciais, a avaliação clínica é insuficiente para detectar a presença de líquido na cavidade abdominal. O diagnóstico definitivo depende da realização de exames de sangue e de imagem (ultassonografia, tomografia, ressonância magnética). Outro recurso importante é a paracentese diagnóstica, ou seja, a retirada de pequena amostra do liquido ascítico através de punção direta por meio de uma agulha introduzida no abdômen.

 

Tratamento

Basicamente, o tratamento consiste na introdução de medidas paliativas com o objetivo de remover o líquido que se depositou na cavidade peritoneal e controlar sua produção e extravasamento. Entre elas, podemos destacar o uso de diuréticos, a restrição de sal na dieta diária, a interrupção do consumo de bebidas alcoólicas e a administração de albumina.

A prescrição de antibióticos torna-se necessária nos casos de infecção do líquido ascítico (peritonite bacteriana espontânea), uma complicação que pode ser grave e exige internação hospitalar durante o tratamento.

A paracentese abdominal é um recurso terapêutico alternativo para a retirada de líquido por punção. Ela é indicada quando as outras formas de tratamento não surtiram o efeito desejado, ou para aliviar os sintomas. O ideal, porém, é que o tratamento da ascite esteja sempre voltado para o controle da enfermidade responsável pelo distúrbio.

 

Recomendações

Não há como prevenir o aparecimento da ascite, uma vez que ela surge como consequência de uma enfermidade previamente instalada. O que se pode fazer é evitar o contato com essas doenças ou, então, adotar medidas para evitar o agravamento do quadro de ascite. Por isso, é sempre importante:

  • Não exagerar no consumo de bebidas alcoólicas;
  • Vacinar-se contra as hepatites A e B;
  • Certificar-se de que o sangue das transfusões foi rigorosamente analisado;
  • Manter a restrição de sal, quando indicada;
  • Jamais entrar em contato com a água de rios, córregos, represas ou de enxurradas. Ela pode estar contaminada pelas larvas transmissoras da esquistossomose, que se alojam em caramujos para dar continuidade a seu ciclo evolutivo.

Veja também: Tipos de hepatites virais: causas, sintomas, tratamento e prevenção

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