O termo infarto fulminante transmite uma ideia confusa e não costuma ser usado entre os cardiologistas.
Segundo o cardiologista Leopoldo Piegas, coordenador do Programa de Infarto Agudo do Miocárdio do HCor, há três possibilidades quando alguém sofre um infarto (morte do tecido cardíaco provocada por falta de oxigênio, em geral causada porque o sangue não chega à região devido ao entupimento de artérias coronárias):
- A a pessoa, de fato, vai a óbito instantaneamente;
- O paciente vai para o hospital e é atendido, mas os médicos não conseguirem reverter o quadro e a morte ocorre em até 24 horas após o evento;
- A pessoa é tratada e sobrevive.
O termo “infarto fulminante” transmite uma ideia errada de que a pessoa está realizando uma atividade qualquer e, repentinamente, morre, quando na verdade ele se refere ao primeiro e ao segundo casos. Os especialistas explicam que a expressão, usada frequentemente por veículos ao noticiar o falecimento de celebridades, é pouco usada entre os profissionais. “O que a gente fala muito é ‘morte súbita’, sendo que esse conceito engloba a morte em até um dia. Ou seja: tanto o caso de uma pessoa que morre no momento em que o infarto acontece quanto o daquela que morre até 24 horas depois são considerados mortes súbitas”, explica Piegas.
Se a pessoa tiver um infarto na rua e sofrer uma parada cardíaca, por exemplo, e houver um socorrista ou alguém que inicie a massagem de reanimação, é possível recuperá-la.
O cardiologista Agnaldo Píspico, diretor do Centro de Treinamento e Emergência da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), confirma que o termo “infarto fulminante” é leigo e está relacionado à morte rápida que não respondeu ao tratamento ou que não teve chance de receber o atendimento médico. “O termo morte súbita pode também se referir à morte não precedida de sintomas, sendo o infarto a principal causa. Outras cardiopatias e doenças neurológicas também podem ser causa de morte súbita, mas com menor frequência.”
De acordo com o dr. Píspico, o infarto agudo do miocárdio ainda é a principal causa de morte em adultos. “São mais de 400 mil casos por ano nos Estados Unidos, sendo que 50% das mortes ocorrem antes da chegada ao hospital. A maior causa da morte nas primeiras horas é a arritmia cardíaca”, diz.
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Mas há formas de socorrer as vítimas. “Tudo depende da situação. Se a pessoa tiver um infarto na rua e sofrer uma parada cardíaca, por exemplo, e houver um socorrista ou alguém que inicie a massagem de reanimação, é possível recuperá-la. Hoje, a maioria dos aeroportos e locais de grande aglomeração tem desfibriladores portáteis, que dão um choque no paciente e podem salvá-lo”, afirma o dr. Piegas.
Vídeo: Dr. Drauzio explica os sintomas do infarto e o que fazer enquanto se aguarda o resgate chegar.
Fatores de risco
Tabagismo, diabetes, hipertensão, colesterol elevado, sedentarismo, estresse e obesidade são os principais fatores de risco do infarto. Quanto mais fatores uma pessoa tiver, maior será a probabilidade de ela infartar. Outro risco é a hereditariedade: o maior número de casos ocorre em adultos acima dos 45 anos com histórico familiar de infarto (pai, mãe ou irmão).
A prevenção, segundo o dr. Piegas, inclui alimentação saudável e prática de exercícios físicos pelo menos 5 vezes por semana durante 30 minutos. E quem tem diabetes ou pressão alta não pode deixar de buscar o tratamento adequado.