Pessoas que têm diabetes precisam de um rígido controle glicêmico para evitar o surgimento de complicações do diabetes. Entenda.
O diabetes atinge, atualmente, mais de 16 milhões de brasileiros adultos. Quem tem a doença não produz ou tem resistência à insulina, hormônio responsável por controlar a quantidade de glicose no sangue.
Em muitos casos, o quadro é assintomático e por isso a doença pode demorar a ser diagnosticada. Quando os sintomas estão presentes, eles podem incluir micção frequente, sede excessiva, fome exagerada, alterações na visão, entre outros.
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O diabetes é uma doença crônica, metabólica, que pode atingir vários órgãos, principalmente se não houver um tratamento adequado, que inclui cuidados com alimentação, exercícios físicos e medicações.
Confira abaixo as complicações que podem ocorrer em decorrência do diabetes:
Problemas cardiovasculares
As principais complicações do diabetes são as que afetam a saúde cardiovascular. Nos pacientes com diabetes, o revestimento interno da artéria pode perder sua proteção e permitir que células anormais entrem nos vasos, levando à formação de placas de gordura (aterosclerose), o que aumenta muito o risco de infarto e AVC. Também existe maior risco de problemas como trombose, angina e insuficiência cardíaca.
Vale destacar que os sintomas de infarto podem ser diferentes em quem tem diabetes. Uma parcela das pessoas pode não ter a típica dor no peito, e apresentar apenas sintomas como falta de ar e tontura.
Para reduzir esses riscos, além do manejo da doença, é preciso controlar outros fatores de risco como hipertensão, tabagismo e sedentarismo.
Retinopatia diabética (lesões na retina)
A retinopatia diabética consiste em lesões nos vasos sanguíneos da retina causados pela doença. O bloqueio do fluxo sanguíneo na região faz com que o sangue se acumule e cause um desgaste na parede dos vasos. Pode ocorrer vazamento de líquidos pelos vasos sanguíneos.
O problema prejudica a visão e os sintomas podem incluir vista embaçada, manchas turvas e dificuldade de diferenciar cores. Em casos graves, a retinopatia pode levar à cegueira.
Nefropatia diabética (lesões nos rins)
O diabetes é uma das principais causas de doença renal com necessidade de diálise e responsável por um aumento significativo no risco de insuficiência renal crônica, segundo informações da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN). O excesso de açúcar no sangue pode sobrecarregar os rins e prejudicar sua capacidade de filtragem, levando à perda de proteínas pela urina.
Em geral, a doença nos rins começa de forma assintomática, e os sinais só aparecem quando o quadro está avançado. Os sintomas tendem a ser inespecíficos e podem incluir fadiga, perda de apetite e inchaço, entre outros.
Neuropatia diabética (lesões nos nervos)
A neuropatia diabética é uma complicação bem conhecida do diabetes. O nível de glicemia elevado também causa danos nos nervos, principalmente os periféricos (mãos e pés).
O problema pode provocar sintomas como formigamento, coceira e perda da sensibilidade nos pés. Podem surgir úlceras diabéticas que danificam os nervos e os vasos e, em casos graves, podem levar à amputação.
Os cuidados com os pés – como higiene adequada, evitar ficar descalço e tratar possíveis feridas rapidamente – são muito importantes para quem tem diabetes.
Dermopatia diabética (lesões na pele)
A dermopatia diabética é caracterizada por manchas na pele, que ficam com aspecto “enferrujado”, escurecido ou amarronzado. Normalmente, está associada à má circulação e outros problemas relacionados ao diabetes, como lesões nos rins.
Problemas de saúde bucal
Pacientes com diabetes também estão mais propensos a desenvolver problemas de saúde bucal como cáries, gengivite, infecções orais e perda óssea ao redor dos dentes, de acordo com informações do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP).
Os cuidados de higiene bucal são importantes para todas as pessoas, mas nesse caso, é preciso uma atenção especial. É importante cuidar da saúde de maneira integral, e isso inclui também a saúde da boca.
Como prevenir complicações?
Quando falamos em prevenção, não tem segredo: a melhor maneira de reduzir o risco de possíveis complicações e ter uma boa qualidade de vida convivendo com o diabetes é aderindo ao tratamento para manter a doença controlada.
Para isso, é fundamental que o paciente tenha uma alimentação equilibrada, pratique atividades físicas de maneira regular, tome as medicações prescritas adequadamente e verifique seu índice glicêmico com frequência.
O acompanhamento nos casos de diabetes idealmente deve ser feito por um equipe multidisciplinar que inclui endocrinologista, nutricionista e, em alguns casos, cardiologista e outros especialistas, se houver doenças associadas. Além disso, é importante manter os exames em dia conforme orientação médica.
Vale lembrar que o diabetes é uma doença crônica, ou seja, não tem cura, mas sim controle. Com a evolução do tratamento e medicações mais modernas, hoje em dia alguns especialistas falam em remissão, quando a doença fica “silenciada”.
Consultoria: Dra. Maria Fernanda Barca, endocrinologista, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), da Sociedade Europeia de Endocrinologia (SEE) e da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso).