Alergia ao látex: quais os sintomas e as formas de tratamento

Profissionais que precisam usar luvas diariamente, como os da área da sáude, são o mais afetados pela alergia ao látex. Saiba o que fazer.


Equipe do Portal Drauzio Varella postou em Dermatologia

Esse tipo de alergia não é comum, mas pode ser prevalente em certos grupos como profissionais de saúde

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Publicado em: 14 de setembro de 2022

Revisado em: 18 de dezembro de 2022

Esse tipo de alergia não é comum, mas pode ser prevalente em certos grupos, como profissionais de saúde. 

 

A alergia ao látex é uma reação do organismo a algumas proteínas encontradas no látex de borracha natural, um produto feito da seiva da seringueira (Hevea brasiliensis). Muitos itens são produzidos com a substância, o que inclui luvas, balões e preservativos. 

“Na população em geral, não é uma reação comum, mas essa frequência aumenta em grupos específicos: é o caso de profissionais de saúde, como dentistas, enfermeiros e médicos, além de pessoas que realizam muitas cirurgias”, explica Alexandra Sayuri Watanabe, coordenadora do Departamento Científico de Anafilaxia da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai). 

 

Principais sintomas

Os sintomas de uma reação alérgica ao látex ocorrem logo após a exposição à substância ou até algumas horas depois. Vale  destacar que existem dois tipos principais de reações ao látex. 

O primeiro e mais comum tipo é a dermatite de contato, ou seja, quando há uma irritação na pele provocada por substâncias químicas presentes nos itens com látex. Entre os sintomas, podemos citar:

  • Coceiras; 
  • Vermelhidão; 
  • Inchaços (ou caroços); 
  • Alterações na pele, como pequenas bolhas nas mãos. 

Há ainda um tipo de alergia ao látex considerado mais raro, que pode provocar anafilaxia, ou seja, quando há reações sistêmicas, atingindo todo o organismo. Geralmente, ocorre devido a uma reação exagerada às proteínas presentes no látex, ao entrarem em contato com o organismo diretamente ou quando as partículas são aspiradas. 

“Incluem problemas respiratórios, como falta de ar e chiados no peito, e até perda da consciência. Essas reações oferecem riscos e necessitam de atendimento emergencial, pois podem levar à morte por choque anafilático e evoluem em alguns minutos”, afirma Fábio Castro, alergista, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e supervisor do Serviço de Imunologia Clínica e Alergia do Hospital das Clínicas de São Paulo. 

Dessa forma, o indivíduo desenvolve diferentes sintomas, como: 

  • Pele, lábios ou língua inchados e vermelhos; 
  • Dor abdominal; 
  • Diarreias e vômitos; 
  • Coceira mais intensa (urticária);
  • Tonturas e alterações cardíacas;
  • Olhos irritados, coriza e espirros; 
  • Crises de asma, rinite e conjuntivite
  • Inflamação ao redor do nariz e da boca; 
  • Pressão arterial baixa;
  • Dificuldade para respirar.  

Veja também: Alergia de contato | Entrevista

 

Reação cruzada

De acordo com a Academia Americana de Alergia, Asma e Imunologia, cerca de  50% das pessoas com alergia ao látex também apresentam outros tipos de alergia. É comum que sejam alérgicas a alguns alimentos que contenham proteínas semelhantes às do látex. Essa condição é chamada de reação cruzada (ou síndrome látex-fruta). 

Entre os alimentos que provocam a reação cruzada estão abacate, banana, kiwi, maçã, cenoura, mamão, melão, tomate, mandioca e batata, além de nozes, trigo e frutos do mar. 

 

Como é feito o diagnóstico 

Após procurar ajuda médica, é comum que o especialista analise os sintomas e identifique a reação alérgica ao ter contato com o látex. Durante a consulta, é frequente que se investigue se o paciente tem histórico de alergia, se já teve alguma reação ao consumir alguns alimentos ou medicamentos, por exemplo. 

“O látex tem pelo menos 13 alérgenos (substâncias que causam alergia) diferentes. E a pessoa pode ficar sensibilizada a um ou outro, o que varia na reação. O diagnóstico é feito pela história clínica do indivíduo. Também são realizados testes alérgicos laboratoriais, que visam identificar no sangue a presença do anticorpo específico contra a substância, além de testes cutâneos”, afirma Castro. 

Veja também: Alergia a alimentos | Artigo

 

Prevenção e formas de tratamento

É importante destacar que não há cura para a alergia ao látex. Por isso, de acordo com os especialistas consultados, o melhor a fazer é ficar longe de itens que tenham o material em sua composição. 

Entre eles, estão luvas descartáveis, seringas, cateteres, curativos e bandagens. Além de preservativos, balões, calçados, pneus, cós de roupas íntimas, brinquedos de borracha, mamadeiras e chupetas.

Para reações leves, o médico costuma prescrever medicamentos anti-histamínicos para tratar os sintomas. “Um tratamento específico para a alergia a látex é a imunoterapia. É muito utilizada, principalmente na Europa, de forma sublingual, para diminuir a sensibilidade à substância que provoca alergia. No entanto, não é muito acessível no Brasil. As pessoas devem receber orientações sobre os itens que contêm látex e evitar o contato sempre que possível”, acrescenta Watanabe.

 

Possíveis alternativas ao látex

Já que evitar a exposição ao látex é essencial aos alérgicos, procure substituir produtos com o material por outros. Algumas alternativas são: 

  • Usar luvas feitas com outros materiais, como de plástico, vinil ou silicone; 
  • Ao realizar uma cirurgia, exames ou internação, avisar a equipe médica para evitar o uso de luvas ou materiais que contenham látex; 

Optar por preservativos produzidos com outros materiais, como poliuretano e borracha sintética.

 

Sobre a autora: Samantha Cerquetani é jornalista com foco em saúde e ciência e colabora com o Portal Drauzio Varella. Escreve sobre medicina, nutrição e bem-estar.

Veja também: Alergia | Drauzio Comenta #25

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