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Coluna da Mariana Varella

Qual a associação entre relação sexual e infecção urinária?

Mulher com infecção urinária sentada na privada leva mão à bexiga, em sinal de dor
Publicado em 10/04/2025
Revisado em 10/04/2025

A infecção urinária é mais comum depois da relação sexual. Veja como prevenir e tratar essas infecções na coluna de Mariana Varella.

 

Muita gente não sabe, mas as infecções do trato urinário (ITU) após uma relação sexual são uma ocorrência bastante comum. 

Em geral, esse tipo de infecção ocorre quando uma bactéria entra pela uretra, espécie de canal que conduz a urina para fora do corpo, e segue até a bexiga, atingindo a parede do órgão.

Veja também: Como prevenir a infecção urinária

As mulheres têm mais risco de desenvolver esse tipo de problema por causa da anatomia da uretra feminina, que tem apenas cerca de 4 centímetros. A uretra dos homens é mais longa, com aproximadamente 16 centímetros, o que lhes garante certa proteção, já que as bactérias encontram dificuldade para chegar à bexiga.

Pessoas sexualmente ativas, mulheres na pós-menopausa e determinadas condições congênitas do trato urinário favorecem o surgimento de ITUs.

 

Sintomas da infecção urinária

O principal sintoma das ITUs é a dor ou ardor ao urinar (disúria), em geral acompanhada de urgência para urinar e do aumento da frequência urinária. É comum, por exemplo, a pessoa referir uma vontade intensa de urinar, como se a bexiga estivesse cheia, mesmo que ela tenha urinado pouco tempo antes. Se, ao urinar, ela sentir incômodo ou dor, é bem provável que ela tenha uma infecção urinária.

“Em geral, se a infecção fica restrita à bexiga, mais conhecida como cistite, o paciente não apresenta sintomas sistêmicos, como febre, queda do estado geral, etc. Quando esses sintomas aparecem, consideramos uma infecção urinária complicada, ou seja, deve estar atingindo o rim (pielonefrite) ou a próstata (prostatite)”, esclareceu o dr. Arie Carneiro, urologista e coordenador da pós-graduação em cirurgia robótica do Hospital Israelista Albert Einstein, em entrevista ao Portal.

Outros sintomas incluem urina com sangue (hematúria), turva e com mau cheiro. Febre, calafrios, náuseas e vômitos podem indicar infecção sistêmica, que requer tratamento urgente.

 

ITUs X ISTs

É possível contrair uma infecção urinária sem ter tido relação sexual prévia, mas esse tipo de infecção depois do sexo é mais comum. Isso porque o ato sexual movimenta as bactérias da região, podendo contaminar a uretra.

A contaminação pode ocorrer independentemente do tipo de prática sexual (com ou sem penetração, sexo oral, vaginal, anal etc.).

É importante esclarecer que as ITUs não são consideradas uma infecção sexualmente transmissível (IST), embora o ato sexual favoreça seu surgimento.

Isso porque, nas ISTs, a infecção ocorre após o contato sexual com um parceiro ou parceira que transmita o agente (fungo, bactéria, vírus ou parasita); já as ITUs são provocadas pelas bactérias do próprio organismo.

A bactéria Escherichia coli, presente nos intestinos dos seres humanos, é o tipo mais encontrado nos casos de infecção urinária. 

 

Prevenção das infecções urinárias

Para prevenir as ITUs, siga estas dicas:

  • Mantenha-se bem hidratado;
  • Urine logo após a relação sexual. Isso faz com que o organismo elimine as bactérias que porventura tenham entrado na uretra;
  • Estudos sugerem que suplementos contendo cranberry podem ajudar quem tem cistites de repetição. Converse com seu médico;
  • Mulheres na menopausa e sexualmente ativas podem utilizar medicamentos vaginais para repor hormônios. Fale com sua ginecologista.

Algumas mulheres têm infecções urinárias de repetição, que são diagnosticadas quando ocorrem mais de três episódios de infecção em um ano ou mais de dois episódios em seis meses. “É fundamental distinguir infecção urinária de repetição de infecção urinária persistente. Esta última caracteriza-se pela persistência da infecção mesmo após o tratamento”, explica o dr. Arie.

 Para esses casos, há alguns tratamentos preventivos com antibióticos e outras drogas.

 

Tratamento

Mesmo com todos os cuidados, é possível desenvolver uma infecção urinária após a relação sexual. 

O tratamento costuma incluir antibióticos, mas os médicos alertam para que as pessoas não se automediquem, por causa do risco de resistência bacteriana.

Para isso, especialistas recomendam que médicos evitem os antibióticos de amplo espectro para tratar infecções urinárias, que em geral respondem bem a outros antibióticos.

Veja também: Crianças também podem ter infecção urinária

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