Aumentam mortes por doenças cardiovasculares no Brasil

close em peito de homem com a mão do lado esquerdo do tórax, em sinal de dor. mortes por doenças cardioavasculares aumentam no Brasil

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Publicado em: 5 de outubro de 2023

Revisado em: 5 de outubro de 2023


Mais de mil pessoas morrem todos os dias de doenças cardiovasculares no Brasil. Leia na coluna de Mariana Varella.

 

As mortes por doenças cardiovasculares, como infarto, hipertensão arterial e isquemias cardíacas provocadas por obstrução de artérias vêm aumentando nos últimos anos no Brasil.

É o que revelam os dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde compilados pelo Observatório de Atenção Primária à Saúde da Umane, organização civil sem fins lucrativos que apoia iniciativas de saúde pública.

Segundo a Umane, houve 382.507 mortes devido a doenças do aparelho circulatório e cardíacas no país em 2021, o que corresponde a 1044 mortes por dia ou 44 por hora.

A atual mortalidade de 188 por 100 mil habitantes é a maior dos últimos 20 anos e mais alta que a taxa dos Estados Unidos de 128 por 100 mil (Opas).

As mortes por doenças circulatórias são um pouco mais frequentes em homens (52,4%) do que em mulheres (47,6%), de acordo com os dados, e acontecem principalmente em pessoas com mais de 64 anos (72,4%). Mais da metade dos óbitos ocorreram em pessoas brancas (51,2%) e 45,9% em pretas e pardas.

Um dado que chama a atenção diz respeito à escolaridade das pessoas que morreram por doenças do aparelho circulatório: 64,0% das mortes ocorreram em indivíduos com menos de sete anos de estudo, o que demonstra que as pessoas menos escolarizadas são as mais vulneráveis.

Os números corroboram uma tendência que muitos especialistas em saúde pública chamam de epidemia de doenças não transmissíveis, também conhecidas como doenças crônicas, como as doenças cardiovasculares, diabetes e câncer.

O aumento da longevidade da população associada a maus hábitos de vida, como sedentarismo e má alimentação, mudou o perfil da saúde de parte significativa da população mundial. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 74% das mortes ocorram devido a esses eventos, sendo 86% em países de baixa e média renda.

“Segundo a Organização Mundial da Saúde, 7 milhões de mortes poderiam ser evitadas até 2030 se os países de baixa e média renda, como o Brasil, investissem o adicional de um dólar por pessoa por ano na prevenção e tratamento de doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão e diabetes”, explica Evelyn Santos, gerente de articulação e novos projetos  da Umane.

 

Fatores de risco para doenças cardiovasculares

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte não apenas no Brasil, mas no mundo todo.

De acordo com o Ministério da Saúde, os principais fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares são o tabagismo, o colesterol em excesso, hipertensão, obesidade, estresse, depressão e diabetes.

“A hipertensão arterial, por exemplo, é o fator de risco mais relevante associado à ocorrência de infartos, AVCs e insuficiência cardíaca na América do Sul. Também é o segundo fator de risco associado à mortalidade precoce. A hipertensão é fácil de ser detectada e os tratamentos são efetivos e disponíveis, mas há necessidade imperiosa de controle efetivo deste fator de risco. Apenas 15% dos pacientes hipertensos no Brasil têm pressão arterial sob controle”, explica o dr.Álvaro Avezum, diretor do Centro Internacional de Pesquisa do HAOC (Hospital Alemão Oswaldo Cruz) e professor livre-docente da USP.

De acordo com a OMS, é possível prevenir as doenças cardiovasculares com medidas de saúde pública, como impostos para reduzir a ingestão de alimentos ricos em gorduras, açúcares e sal e a construção de vias para caminhada e ciclismo, e também individuais. Vejam as principais:

  • controlar o peso, evitando a obesidade;
  • manter a pressão arterial e a glicemia dentro dos limites recomendados;
  • ter uma alimentação balanceada, evitando o consumo excessivo de ultraprocessados, como bolachas recheadas e refrigerantes;
  • não fumar;
  • evitar o consumo de álcool;
  • e praticar atividade física regularmente.

“Noventa por cento dos infartos agudos do miocárdio e dos acidentes vasculares cerebrais podem ser evitados por meio de prevenção e controle de dez fatores de risco, de fáceis de identificação e implementação”, finaliza o dr. Avezum.

De acordo com a Sociedade Americana de Cardiologia Preventiva, os dez fatores de risco para doenças cardiovasculares são:

  • Nutrição não saudável;
  • Sedentarismo;
  • Dislipidemia (níveis elevados de gordura no sangue);
  • Hiperglicemia (níveis elevados de açúcar no sangue);
  • Hipertensão;
  • Obesidade;
  • Considerações de populações selecionadas (idade, raça e etnia, sexo);
  • Trombose/tabagismo;
  • Disfunção renal;
  • Hipercolesterolemia familiar.

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