Crianças e adolescentes também podem fazer musculação, mas a avaliação médica e a supervisão de um profissional capacitado são imprescindíveis.
Ir à academia faz parte da rotina de muita gente. A musculação, treinamento de força comum nesses ambientes, tem conquistado adeptos de todas as idades — inclusive as crianças.
Nas redes sociais, por exemplo, é possível encontrar diversas pessoas que compartilham seus treinos, o que leva muitos jovens a se interessarem pela prática. A musculação na infância e adolescência não é contraindicada, porém, assim como no caso dos adultos, deve ser feita sempre sob a supervisão de um profissional.
Primeiro passo: entender as motivações de crianças e adolescentes
Antes de colocar a criança ou o adolescente em uma academia, entretanto, é preciso compreender o que ele espera daquele treino. Existem jovens que entram ainda muito novos no mundo do esporte e buscam na musculação uma forma de melhorar a força e o condicionamento físico. Há também aqueles que pretendem modificar aspectos estéticos ou, simplesmente, adotar um estilo de vida ativo desde cedo.
“A questão da autoimagem e da autoestima é extremamente importante em todas as faixas etárias, porém, é preciso realizar os esclarecimentos sobre os objetivos e possíveis resultados [da musculação], a fim de evitar frustrações, abandonos e queda da autoestima”, destaca Carlos Eduardo Reis da Silva, pediatra do Grupo de Trabalho sobre Atividade Física da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Para o especialista, a família e os profissionais de saúde devem acolher as motivações da criança ou do adolescente. Além de conhecer os benefícios, também é preciso conversar sobre dedicação e foco, priorizando um modo de vida mais saudável em vez do estabelecimento de prazos para alcançar determinados resultados. A ideia é que a prática da musculação seja duradoura e prazerosa, independentemente da idade.
Além disso, é fundamental realizar uma avaliação médica prévia, a fim de entender as possíveis condições clínicas, bem como as indicações e contraindicações do exercício.
Criança pode fazer musculação?
A musculação pode, sim, se tornar parte de um plano de condicionamento físico já a partir dos sete anos de idade. Mas sempre com o acompanhamento e supervisão de um profissional de educação física habilitado.
“Para treinar força, as crianças devem ser capazes de seguir as instruções e praticar de forma adequada. É possível instituir programas bem supervisionados, observando as condições de saúde do praticante e os objetivos do exercício”, ressalta o dr. Carlos.
Se a criança tiver determinadas patologias, como hipertensão arterial, cardiopatias, doenças musculares ou neoplasias, pode ser necessário, também, uma autorização médica específica.
Ouça: Como a musculação impacta a saúde? – DrauzioCast #194
Quais exercícios podem ou não ser feitos pelas crianças e adolescentes na musculação?
Não há nenhuma contraindicação em relação aos tipos de exercícios, que podem utilizar pesos livres, fixos ou o próprio peso da criança. Isso vai variar de acordo com os objetivos do treinamento.
A SBP, no entanto, indica que, durante a fase de crescimento, não se deve permitir exercícios que visam o ganho de força pura. O número de repetições deve ser de uma a, no máximo, três.
Contudo, é preciso repetir a avaliação pediátrica periodicamente, mesmo depois do início do treinamento, observando se o crescimento da criança mantém-se adequado. Caso contrário, pode ser sinal de treinamento excessivo ou alimentação insuficiente para os exercícios praticados.
Seguindo essas precauções, a musculação tende a ajudar no aumento de força muscular (mesmo que sem hipertrofia, já que os níveis de testosterona de crianças ainda são baixos). Também reduz o risco de fraturas, melhorando a resistência dos ossos. Além disso, estimula a produção do hormônio do crescimento e testosterona; e aperfeiçoa habilidades motoras, cognitivas e neurais.
Riscos e cuidados na musculação
Por fim, os riscos, assim como no caso dos adultos, estão justamente na realização dos exercícios sem supervisão especializada. Em geral, o treinamento envolve cargas de 40% a 50% da força máxima da criança ou adolescente, portanto, é a falta de técnica e o uso de cargas excessivas que costumam levar a lesões.
Assim, se o praticante sentir alguma dor ou incômodo durante o treino, ele deve interromper a prática, procurar um médico e só retornar às atividades depois da autorização do profissional.
Outro ponto de atenção tem a ver com os suplementos. Utilizados para melhorar o rendimento físico ou aumentar a musculatura, as pessoas nem sempre consomem os diversos tipos de suplementos nem sempre da forma adequada. O uso indiscriminado dessas substâncias pode levar a problemas graves, como elevação do colesterol, hepatite e até a morte. A família deve estar sempre de olho no ganho acelerado de massa, um dos efeitos desse uso.
“O correto é realizar uma avaliação prévia com nutricionista e ajustar o programa alimentar habitual de forma a fornecer os nutrientes necessários para esta nova exigência metabólica do praticante“, afirma o dr. Carlos.
A nutrição balanceada e a boa hidratação são fundamentais para a realização de atividades físicas em qualquer idade.
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