Lipedema e linfedema: qual a diferença?

pernas de mulher com lipedema

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Publicado em: 26 de março de 2024

Revisado em: 26 de março de 2024

Embora tenham nomes semelhantes, linfedema e lipedema não têm relação entre si. Conheça as características e tratamento de cada uma. 

 

Por terem nomes semelhantes e comumente atingirem as pernas, algumas pessoas podem confundir o linfedema e o lipedema. Mas segundo Ivan Benaduce Casella, cirurgião vascular, diretor de publicações da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo (SBACV-SP) e professor livre-docente da disciplina de cirurgia vascular e endovascular no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), linfedema e lipedema são condições distintas.

“O linfedema é um tipo de edema (inchaço) decorrente do mau funcionamento do sistema linfático, responsável por remover o excesso de líquido de órgãos e segmentos do corpo. Já o lipedema é descrito como uma doença crônica associada à deposição anormal de gordura nos membros inferiores, usualmente provocando insatisfação estética e, eventualmente, processos inflamatórios associados. O lipedema atinge quase exclusivamente mulheres”, explica o especialista. 

No linfedema, os sintomas podem incluir dor e desconforto na região do inchaço. O lipedema também pode causar desconforto e dor nas pernas e outras regiões afetadas, além de cansaço, hematomas frequentes e edemas. 

Ainda de acordo com o dr. Ivan, tanto o linfedema quanto o lipedema ocorrem com mais frequência nos membros inferiores. Uma pessoa pode ter as duas doenças se manifestando ao mesmo tempo, e é possível que elas tenham mecanismos em comum. “No entanto, ainda se sabe muito pouco sobre os reais mecanismos patológicos que levam ao lipedema.”

 

Causas do lipedema e do linfedema

O médico explica que as causas do lipedema ainda não foram totalmente compreendidas, mas certamente há um componente genético envolvido na doença.

“Já o linfedema pode ser primário – provocado por deficiências funcionais ou anatômicas no sistema linfático – ou secundário. O tipo mais comum de linfedema secundário é visto em mulheres submetidas a mastectomias [retirada de uma ou de ambas as mamas] por câncer, quando a remoção de gânglios linfáticos provoca a retenção de líquidos e inchaço no braço do mesmo lado da mastectomia”, detalha. 

        Veja também: O que são linfedemas que surgem após um tratamento de câncer

 

Diagnóstico e o tratamento do lipedema e do linfedema 

O diagnóstico de ambas as doenças são primariamente clínicos, mas existem exames complementares – como o ultrassom, por exemplo – que podem ajudar a identificar o estágio e os aspectos anatômicos da condição investigada. Não há cura definitiva nem para o lipedema nem para o linfedema. O tratamento nesses casos visa aliviar os sintomas das doenças e promover mais qualidade de vida aos pacientes. 

No caso de lipedema, medidas como controle de peso, atividade física e acompanhamento psicológico podem ajudar. Em alguns casos, pode ser indicado o uso de meias de compressão. 

“O lipedema pode ser amenizado em alguns casos por meio de uma cirurgia semelhante à lipoaspiração. No entanto, o tratamento cirúrgico ainda não apresenta consenso absoluto, havendo questionamentos sobre seus efeitos de médio e longo prazo”, diz o dr. Ivan. 

Segundo Fernando Amato, cirurgião plástico e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), o tratamento cirúrgico para o lipedema deve ser a última opção, mas muitas vezes é o primeiro recurso a ser procurado. “Somente depois de tentar o tratamento clínico e, de preferência apresentando alguma melhora, mesmo que parcial, deve ser indicada a lipoaspiração para o tratamento do lipedema”, explica. Além disso, ele destaca que é preciso respeitar os limites de gordura a serem retirados durante a cirurgia, que devem ser entre 5% e 7% do peso corporal da pessoa. 

Para os casos de linfedema, medidas como drenagem linfática, uso de meias e braçadeiras de compressão e fisioterapia podem fazer parte do tratamento. Em último caso, procedimentos cirúrgicos também podem ser recomendados. 

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