A chikungunya pode provocar incômodos, inchaços e dores crônicas nas articulações e outras complicações.
A febre chikungunya é uma doença transmitida pela picada de fêmeas dos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus — os mesmos que provocam a dengue. Desde 2013, ela vem se espalhando pela América Latina, e os casos aumentaram consideravelmente este ano no Brasil.
Mas, além dos sintomas desagradáveis, o que preocupa é que alguns sintomas e complicações, entre eles as dores crônicas, podem durar por meses.
De acordo com o Ministério da Saúde, em mais de 50% dos casos, a dor nas articulações torna-se crônica, podendo persistir por anos.
Como a chikungunya afeta o corpo humano?
A doença costuma evoluir em três fases: aguda, subaguda e crônica.
“Após o período de incubação, inicia-se a fase aguda (ou febril), que dura até o 14º dia. Alguns pacientes evoluem com persistência das dores articulares, com duração de até três meses. Quando persiste além deste período, atinge a fase crônica”, explica Moacyr Silva Júnior, infectologista do Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
Os sintomas são parecidos com os da dengue: febre de início agudo, dores articulares e musculares, dor de cabeça, náusea, fadiga e manchas vermelhas no corpo.
A principal diferença são as fortes dores nas articulações, que, muitas vezes, são acompanhadas de inchaço (edema). Muitos indivíduos com chikungunya precisarão de atendimento pela intensidade dos sintomas.
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Sequelas e dores após a chikungunya
A palavra chikungunya significa “Aqueles que se dobram”, e faz referência aos primeiros pacientes que foram acometidos pela doença e adquiriram uma aparência curvada.
Sabe-se que sequelas como dores crônicas articulares e edemas são bastante frequentes após desenvolver o quadro infeccioso. Além disso, pode haver dor muscular que varia de leve a moderada. Muitas vezes, as dores são incapacitantes.
A dor pode se tornar crônica, principalmente em pessoas com mais de 45 anos, do sexo feminino, com alta carga viral durante a fase aguda e com uma resposta imunológica mais intensa pós-infecção.
“Cerca de metade dos pacientes evolui para a forma crônica, que pode durar até três anos, sendo descrito os sintomas até 6 anos [depois da infecção]. É comum que surja uma dor articular difusa, inchaço nas articulações, limitação nos movimentos, dor lombar e cervical. Em alguns casos, [os pacientes] podem evoluir com destruição da articulação pelo processo inflamatório crônico”, destaca o dr. Silva Júnior.
Sintomas neurológicos periféricos, como dormência, formigamento e coceira ocorrem em 20% das pessoas cuja doença se torna crônica. Além disso, é comum que surja uma fadiga intensa crônica e fibromialgia (dor muscular generalizada e crônica).
“As dores articulares acometem geralmente cinco ou mais articulações, com ou sem edema. Atingem principalmente punhos, mãos, cotovelos, tornozelos e joelhos. Podem vir associadas a rigidez matinal e causar limitação dos movimentos”, complementa Levi Jales Neto, reumatologista na Rede de Hospitais São Camilo (SP).
Outras condições e complicações que podem surgir:
- Inflamações oculares;
- Problemas neurológicos, como encefalite (inflamação cerebral) ou neuropatia;
- Complicações renais ou cardíacas;
- Depressão e ansiedade.
Tratamento
Ainda não há tratamento antiviral específico para chikungunya. A terapia utilizada é para controle dos sintomas, além de hidratação e repouso.
O uso de medicamentos reduz a febre e alivia a dor que atinge as articulações e músculos.
“O tratamento fisioterápico deve ser considerado desde a fase aguda da chikungunya, podendo ser associado a compressas frias como medida analgésica. Ele é prescrito com o intuito de minimizar o dano articular e ajudar na sua reabilitação”, destaca o dr. Silva Junior.
De forma geral, a fisioterapia melhora a força muscular, a flexibilidade e a amplitude de movimentos das articulações que foram atingidas pela doença.
Em alguns casos, pode ser necessário o uso de órteses, dispositivos utilizados para suportar ou alinhar partes do corpo, para prevenir atrofias musculares.
A doença na fase crônica pode acometer vários órgãos, e a pessoa pode precisar de acompanhamento de diversos profissionais, como reumatologistas, clínicos, fisioterapeutas e infectologistas.
Durante esse período, o indivíduo deve ser monitorado para que seja avaliada a progressão das sequelas e complicações e sejam realizados ajustes no tratamento.
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