Veja por que é importante manter a caderneta de vacinação das crianças atualizada.
Por muito tempo, os índices brasileiros de vacinação foram uma referência para o mundo. Mas, nos últimos três anos, a cobertura vacinal regrediu o equivalente a três décadas. De acordo com dados do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), três em cada dez crianças não receberam vacinas contra doenças potencialmente fatais.
As causas são multifatoriais: vão desde a popularização do movimento antivacina até a falta de informações e campanhas públicas. A seguir, estão alguns dos motivos que levam os pais a não vacinarem seus filhos e por que eles não devem ser tomados como argumentos.
“Não precisa vacinar se a doença já está erradicada”
“Com as doenças sob controle, alguns pais passam a questionar a real necessidade de vacinar os filhos. E essa falsa sensação de ‘problema resolvido’ é bastante grave, porque quando se interrompe a vacinação de doenças consideradas erradicadas, elas podem ressurgir”, alerta a dra. Yasmin Vilela, médica pediatra especialista em desenvolvimento infantil.
É o caso do sarampo. Uma das principais causas de mortalidade infantil no passado, ele foi erradicado em 2016, mas voltou a aparecer dois anos depois devido à queda na vacinação. Hoje, o Brasil enfrenta o risco de uma nova epidemia.
Segundo a pediatra, isso acontece porque a vacinação é a única maneira de eliminar uma doença imunoprevenível. Quando ela não está mais circulando amplamente, o patógeno causador pode persistir em pequenas populações ou ser trazido após viagens internacionais. Se a vacinação for interrompida e a cobertura vacinal não alcançar boa parte da população, a imunidade coletiva diminui e todos ficam suscetíveis.
“As vacinas não são confiáveis”
“Todas as vacinas são aprovadas e submetidas a testes rigorosos ao longo das diferentes fases de ensaios clínicos. E elas seguem sendo avaliadas regularmente. As vacinas são comprovadamente seguras e a melhor estratégia para proteger a nós mesmos e às pessoas que amamos”, destaca a dra. Yasmin.
A especialista lembra que, sempre que houver qualquer dúvida em relação às vacinas ou ao calendário vacinal, é importante procurar fontes confiáveis de informação.
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“As vacinas causam efeitos colaterais”
Assim como nenhum medicamento está livre de efeitos colaterais, as vacinas também não estão. Esses efeitos, no entanto, são locais, leves e passam em até dois dias na enorme maioria dos casos — diferentemente dos sintomas das doenças aos quais elas protegem.
“Os benefícios se sobressaem. Além disso, o nosso Programa Nacional de Imunizações, o PNI, conta com o Sistema Nacional de Vigilância de Efeitos Adversos pela Vacinação desde 1991, a fim de que haja monitorização, notificação, investigação e acompanhamento com condutas adequadas e padronizadas diante de qualquer ocorrência”, lembra a pediatra.
“São vacinas demais para uma criança”
Ao ver o calendário vacinal, muitos pais se perguntam: será que essa quantidade de vacinas não faz mal para o bebê? A resposta é: não. O sistema imunológico das crianças está preparado para receber os antígenos das vacinas sem nenhum risco a sua saúde. Tanto é que se uma pessoa perder a caderneta de vacinação ou não se lembrar se tomou determinado imunizante, ela pode tomar outra dose sem prejuízos, mesmo que já tenha tomado na infância.
“Vale ressaltar que a vacina é um direito assegurado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. De acordo com a lei, tanto o poder público quanto os pais ou responsáveis e a comunidade de modo geral têm o dever de garantir que a criança receba todas as vacinas recomendadas pelo PNI. Se houver recusa injustificada, isso pode ser caracterizado como negligência e violação do direito à saúde da criança e do adolescente, sendo passível, inclusive, da aplicação de medidas legais para responsabilização”, afirma a especialista.
“Não dá para acompanhar o calendário vacinal”
Por fim, para além da falta de informação, existem muitos pais que enfrentam dificuldades para manter a caderneta de vacinação dos filhos atualizada em meio à agitação do dia a dia. Para estes, a dra. Yasmin dá algumas dicas:
- Familiarize-se com o calendário recomendado para a faixa etária do seu filho;
- Informe-se sobre as campanhas de vacinação;
- Mantenha sempre uma cópia digital da caderneta;
- Faça consultas regulares com seu pediatra;
- Mantenha organizada em uma pasta todas as informações de saúde da criança;
- Se a família planeja viajar para fora, verifique quais vacinas serão necessárias;
- Quando tiver que voltar ao posto de saúde, coloque um lembrete na geladeira, um alarme no celular ou deixe a caderneta em um local que você veja sempre para não esquecer.
Conteúdo produzido em parceria com a Totoy e o Unicef.
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