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Por que o cérebro fica cansado no fim do dia?

No fim do expediente, tarefas banais parecem se transformar em coisa de outro mundo. Saiba por que é mais difícil se concentrar depois de um dia atarefado.
Publicado em 26/10/2022
Revisado em 26/10/2022

No fim do expediente, tarefas banais parecem se transformar em coisa de outro mundo. Saiba por que é mais difícil se concentrar depois de um dia atarefado.

 

Vai chegando o final do dia e é como se o “computador” do nosso cérebro estivesse cheio de abas abertas. Ele já não consegue mais carregar novos dados com a mesma agilidade e até ler o que está na tela passa a ficar complicado.

Essa sensação de esgotamento é normal e significa que a mente atingiu o seu limite para aquele dia. Mas se o cérebro funciona como uma máquina extremamente potente e complexa, capaz de absorver diversas informações a cada segundo, por que ele se cansa?

 

O que é o cansaço do cérebro?

A primeira coisa que é preciso ter em mente é que, apesar de ser bastante eficiente, o cérebro não é uma máquina. E também não é um músculo, ainda que precise ser exercitado constantemente. Na prática, o cérebro é um órgão formado por tecido nervoso. No entanto, o seu cansaço pode ser comparado ao cansaço do corpo após um treino intenso de exercícios.

Quando praticamos atividades físicas, as células precisam produzir energia de forma rápida. Para isso, elas não usam o oxigênio da respiração, mas carboidratos como a glicose. A metabolização da glicose resulta em ácido lático, que sofre uma mudança em sua estrutura e passa a se chamar lactato. Essa substância se acumula no sangue e nos músculos, provocando a fadiga.

No caso do cérebro, a hipótese é a de um mecanismo parecido. Ao longo das tarefas, o glutamato, um aminoácido abundante no sistema nervoso central, se acumula em uma região chamada córtex pré-frontal ventrolateral esquerdo. Apesar do nome comprido, ele nada mais é do que a parte do cérebro que comanda a cognição e o bem-estar neurológico.

Portanto, quanto maior o esforço cognitivo de um dia cheio, mais difícil é para o cérebro continuar ativo, concentrado e focado nas tarefas.

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Os sinais do cansaço mental

Quando os músculos cansam, é praticamente impossível continuar o treino por muito tempo. Já quando o cérebro cansa, é comum insistirmos para terminar o que é preciso fazer. 

Por isso, muitas vezes, o desgaste não é perceptível. “Você acha que está no rendimento perfeito, quando, na verdade, está mais desfocado, desconcentrado e com a tomada de decisões prejudicada”, afirma o dr. Saulo Nader, neurologista do Hospital Israelita Albert Einstein.

Alguns sinais de que é hora de desacelerar são:

  • Sensação de que o pensamento está mais lento;
  • Demora em cumprir uma tarefa que normalmente é feita com rapidez;
  • Dificuldade para se concentrar no que está fazendo;
  • Pensamento distante da tarefa que está sendo realizada.

Esses sintomas são mais comuns em profissões cujo esforço cognitivo é mais complexo e a jornada de trabalho mais longa. “Um trabalhador que atua 8 horas por dia em uma atividade manual e automática vai ter um cansaço mental menor do que um juiz que trabalha 12 horas por dia lendo casos e tendo que tomar decisões importantes”, exemplifica o dr. Saulo.

 

Hora extra?

Ainda mentalmente exaustos, muitos profissionais ficam mais tempo no trabalho a fim de resolver as pendências. No entanto, segundo o neurologista, prolongar a carga horária de trabalho apenas gera uma falsa sensação de aumento de performance. “Você está aumentando o tempo de trabalho, mas está perdendo resolutividade e agilidade”, pontua. 

Isso porque, quando o cérebro não está descansado, a tomada de decisões é a primeira a ser afetada. O risco é ter o julgamento prejudicado por conta do cansaço mental.

A longo prazo, testar os limites do cérebro pode levar ao esgotamento mental e à síndrome de burnout, um distúrbio emocional relacionado ao trabalho que provoca exaustão física e mental. Entre os sintomas, estão tristeza, ansiedade, cansaço, dor no corpo, agitação e até surtos de estresse.

 

Como evitar

Para impedir que a situação chegue a esse ponto, o neurologista indica a proporção oito-oito-oito: 8 horas de sono, 8 horas de trabalho e 8 horas de lazer. “Aí você está no melhor do seu cérebro, vai ser um monstro no trabalho. Vai render muito, estar bastante resolutivo e atento, com tomadas de decisão adequadas”, destaca.

A realidade, porém, é bem diferente. Muitas vezes, o dia é consumido em sua maior parte pelo trabalho, trânsito e tarefas domésticas, sobrando pouco para o descanso e o entretenimento. 

Nesses casos, é possível adotar alguns hábitos para amenizar o desgaste:

  • Fazer vários intervalos curtos ao longo do dia;
  • Respeitar o horário de almoço, aproveitando para cochilar, se for possível;
  • Praticar atividades físicas (a endorfina protege o cérebro contra o cansaço mental);
  • Dormir, pelo menos, 7 horas por dia;
  • Deixar as tarefas mais complicadas para o começo do dia (quando o rendimento do cérebro ainda está alto).

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