A covid-19 veio para ficar e precisamos manter alguns cuidados para evitar a reinfecção pela doença. Entenda.
Quando a covid-19 surgiu, ninguém imaginava que a pandemia seria tão grave. Depois, veio a ideia de que ela teria um pico e depois diminuiria, o que também não aconteceu. O surgimento de novas variantes fez com que o vírus viesse para ficar, infectando até mesmo quem já tivesse tido a doença.
Por isso, tomar vacina e usar máscara em lugares fechados continua sendo fundamental. Veja o que diz o dr. Drauzio.
Olá, essa epidemia do coronavírus SARS-COV2 é uma lição de humildade pra todos nós. Antes da doença chegar no Brasil, quando começou lá na China, que a gente tinha pouca informação, a maioria das pessoas, a maioria dos técnicos achava que não ia acontecer nada assim em nível mundial, que esse vírus não tinha uma agressividade suficiente para se transformar numa pandemia. Eu mesmo achei, no início, que esse vírus não causaria problemas maiores.
Rapidamente, quando a epidemia chegou na Europa, nós vimos que não era assim. As UTIs lotadas, mortalidade alta e aquela confusão toda que aconteceu no início dos anos 2020. A epidemia chegou aqui no Brasil e nós vimos rapidamente o que tava acontecendo. As UTIs lotadas aqui também, toda essa confusão e ficamos imaginando que a epidemia provocaria um pico.
Vocês lembram da história do pico? Alguns diziam, não, em maio de 2020, aí vem o pico e depois acaba. Outros diziam, não, vai ser em junho, julho. Todo mundo errou. Primeiro, porque nós tivemos aqui no Brasil esse pico e, por várias razões, esse pico se manteve. Tivemos um número alto de mortes e um número alto de casos, que foi se mantendo durante o ano de 2020 até o fim do ano.
Quando começou a melhorar um pouquinho, nós tivemos um repique e veio uma variante, coisa que a gente não sabia antes. A gente achava que quem tivesse tido COVID ou estivesse vacinado contra a COVID estava protegido definitivamente. Não é verdade. A vacina foi um enorme avanço porque esvaziou as nossas UTIs e transformou uma doença que tinha alta letalidade numa doença com a qual nós fomos aprendendo a conviver. Entendemos também que passaram a se formar outras variantes e que o fato de você ter tido uma infecção, por exemplo, pela variante delta não te protegia contra a variante nova que surgiu, que foi a ômicron. E passamos a ter um repique no número de casos.
E, mais tarde, entendemos, agora já no ano 2022, que essa variante ômicron não protegia, inclusive, contra subvariantes ômicron. Quer dizer, o vírus não só fazia aparecer novas variantes como fazia aparecer subvariantes, e a vacina não protegia contra a infecção, embora tivesse sido um grande avanço e que nos tenha livrado da morte e dos casos graves de COVID.
Como vai ser daqui em diante? É lógico que, mais de dois anos de epidemia, já tá todo mundo cansado das restrições, tamos aí querendo voltar à vida que a gente levava antes e tudo. É, mas nós corremos riscos. O risco qual é? O risco é de a gente adquirir outras subvariantes e, à medida que a infecção persiste, especialmente naqueles que não tomaram vacina, nós temos a chance de surgirem novas mutações. E isso tem acontecido, não é uma teoria, é o que tem acontecido até aqui.
Se a gente tiver sorte, esse vírus, as variantes que vão aparecer daqui em diante serão aquelas facilmente transmissíveis ou com maior poder de transmissão, mas não serão agressivas. É o que parece que vai acontecer. Portanto, nós não acabamos com essa, com essa pandemia, ela tá aí. Esse vírus veio pra ficar. Nós temos que aprender a viver com ele, a conviver com ele.
E qual é a forma inteligente de ter essa convivência? Primeiro, é reduzir a exposição. De que maneira? Você tá na rua, ambiente livre, num lugar bem ventilado, esquece, tudo bem, o risco é muito pequeno, vale a pena correr. Agora, entrou num lugar fechado, cheio de gente, aí tem que usar a máscara, sabe, tem que usar a máscara, é uma questão de inteligência essa, né. Pra que vai correr esse risco? “Ah, mas o risco é pequeno.” Sei lá se é pequeno, nem é tão pequeno agora, nunca vi tantos casos de COVID como eu vejo hoje, embora sejam casos menos graves.
Segundo, tomar a vacina. Obrigatório. A vacina é a única forma de a gente ter certeza de que, mesmo que se infecte, não vai ter uma evolução grave da doença. Então, juízo. Entrou em lugar fechado, tá cheio de gente, põe a máscara, não custa, a gente já tá habituado a usar.
Veja também: O que podemos fazer para evitar que as variantes do coronavírus se espalhem? | Coluna